quinta-feira, 1 de março de 2018

7. Mochilão África do Sul / Zâmbia: Cordilheira de Drakensberg + Lesoto

Depois de ter passado um dia em Durban, no dia 13/07/2017 (9° dia de viagem) embarquei no Baz Bus rumo ao Amphitheatre BackPakers que se localiza na região norte da Cordilheira de Drakensberg, na província de KwaZulu-Natal, sendo que nessa província se localiza parte da Cordilheira, que no total se estende por aproximadamente 1000 km. 

6. Mochilão África do Sul / Zâmbia: Da Cidade do Cabo até Durban

Pra mim parecia ser o momento mais esperado do mochilão, pois é esse tipo de atividade e esse tipo de lugar que mais me identifico - caminhada nas montanhas. A principio o plano seria aproveitar dois dias no Amphitheatre, e assim poder fazer o tour até a Tugela Falls (Cataratas do Tugela) em um dia e, no outro, ir até o Reino Lesoto. Acabei esticando minha estadia em mais dois dias, pois perdi o horário da Van (Baz Bus) que me levaria para Joasnesburgo. Só teria outra dois dias depois. No final, acabou que foi uma boa mudança, pois pude curtir mais ainda a tranquilidade desse lugar!

Cheguei por volta das 14h00 no belo e aconchegante hostel Amphitheatre BackPackers, a van havia me buscado no Curiosity Backpackers em Durban pra em algumas horas chegarmos no meu destino. Fiz o check-in, como eu não havia agendado perguntei primeiro onde tinha vaga e no quarto compartilhado consegui uma vaga. Ali já agendei os dois dias de tour, no caso de Lesoto coloquei meu nome na lista de interesse pois não havia certeza de que fecharia um grupo. E por fim pus meu nome na lista de quem queria jantar no hostel.

Essa tarde eu aproveitei pra caminhar numas trilhas próximas do hostel, o sol estava presente, mas ventava bastante também, foi um rolê tranquilo e refrescante. Voltei pro hostel e em meio àquele ambiente brando pude relaxar o resto da tarde até a hora da janta. O dia seguinte me reservara uma grande aventura pelo Amphitheatre da Cordilheira de Drakensberg, o objetivo era um trekking até as Cataratas de Tugela!
 
eis o primeiro trecho pra trás

Tugela Falls
 
Situada no Royal National Park, as Cataratas do Tugela possui uma queda de mais 900 metros, essa beleza natural se cessa no inverno, estação que ocorre uma grande diminuição do volume de água. Foi bem nessa época do ano que eu fui e não pude presenciar aquela queda máster, mas mesmo assim a formosura do lugar foi imperdível de se ver.
 
Considerada a segunda maior cachoeira do mundo e a primeira mais alta da África, consegue-se atingir seu topo numa caminhada média de aproximadamente 2 horas e assim se deu o role. Saímos pela manhã do hostel, acredito que em um pouco mais de uma hora já estávamos no estacionamento do parque real, após uma viagem por uma estrada boa e só quando se aproximava as montanhas que o caminho ficou sinuoso e um pouco dificultoso.
 
O tour foi fechado por 690 Rands, o nosso guia era o Sia, que já é muito experiente nessa região, trabalhando ali há anos desde que veio de Durban. As primeiras instruções foram dadas, grupo completo e então foi hora de caminhar. O tempo estava gelado, as mãos quase congelaram se não fossem as luvas que eu usava para manter o calor. Faz muito frio lá, não é pra menos, pois estávamos próximo dos 2500 metros de altitude e iriamos atingir mais de 3000 até o final da trilha.
 
A trilha eu considerei como autoguiada, no primeiro trecho estavam inclusive, de certa forma, pavimentando, no segundo momento começou alguns zigue zagues, típicos de extensões de caminho nas montanhas devido também ao escoamento das águas das chuvas. As pausas eram feitas em momentos oportunos para descansarmos, tendo em vista que nem todos tinham experiências em trilhas, é uma aventura que vale pra quase todas as pessoas.
 
O terceiro momento do trekking já foi mais puxado, uma subida mais íngreme numa trilha de rochas, algumas pessoas não continuaram, pois preferiram esperar num ponto que fossemos passar na volta. Com muita cautela cheguei no topo, um visual estonteante das montanhas em forma de agulhas, aquela chapada imensa e assim a pausa pro lanche e mais fotos. Em seguida fomos rumo à queda do Tugela, uma pena estar suave naquela época, pois o lugar é fantástico.
 
Passamos por outra queda depois, que também estava seca e na volta enfrentamos dois lances de escadas de tirar o folego, deu aquela aquecida na adrenalina e enquanto o tempo nos presenteava com pequenos flocos de neves. Bem legal. Era final de tarde quando estávamos de volta ao estacionamento. A minha sensação foi boa, mas eu também esperava mais, não sei se porque tenho o costume de explorar mais ou de não me adequar ao tipo de tour muito programado por guias. E lógico que se a queda estivesse no seu auge seria o lugar mais brilhante que eu teria visitado rs.
 
Ao chegar no hostel foi papo de descanso, já que no dia seguinte já tinha programado o dia em Lesoto. Continuarei mais abaixo, após as fotos!



lugar mágico!!!


já tamos subindo!


durante o hiking


ao vivo isso é foda


a partir de agora é ingreme


finalizando o trecho ingreme


nas alturas


opa, cheguei


tugela falls de lado


topo da cachoeira
época de estiagem



opa, adrenalina


voltamos

Reino de Lesoto

Para falar sobre meu dia em Lesoto vou deixar a publicação que fiz na época no facebook!

---Hoje foi mais um dia de aprendizado, passei o dia numa vila em Lesoto. Mesmo que não falo a mesma lingua, um sorriso, um aperto de mão, um abraço, pôde transmitir a imensidão do que eu sentia no momento.

Lesoto é um pais localizado no sul da África, o povo é Basoto, a língua Sesoto. Lesoto faz fronteira unicamente com a África do Sul. Geografia montanhosa sendo o país mais alto do mundo, pois tem... uma altitude minima entre 1400 a 1500 metros com relação ao nível do mar.

Na foto, eu com um dos 2 Curandeiros da vila ou usando o termo certo, Sangoma. aos 18 anos ele recebeu os sinais dos ancestrais para se tornar um Sangoma. Não vou colocar seu nome e nem o da vila porque não sei como escreve corretamente. ---

Muito respeito aos ancestrais.
Paz, chuva e prosperidade.
Povo lindo, lugar lindo!
 
De fato o povo de Lesoto está onde está devido às batalhas travadas com os invasores holandeses, de acordo com o guia e a própria história, antes eles se localizavam no Free State (Estado Livre), que é hoje província da África do Sul. Esse país incrustado nas montanhas teve batalhas entre os povos San* e os Bantos, Zulu. Mas foi com o advento da invasões europeias que o genocídio se ocorreu. Essa região é rica de afrescos e pinturas rupestres dos povos San, porém no trecho do tour, já estavam todas se deteriorando muito disso devido à transgressão de alguns moradores. O guia foi um professor local, e isso foi muito gratificante por ele contar as vivências dali e a história tal como ela é, ou seja, não romantizou pra agradar turistas. O grupo no hostel estava grande e como tinha apenas um guia, foi dividida a turma. Grande experiência pra mim, difícil de descrever o que representou estar ali...   
 
arquivo pessoal

escola da vila




morada





tomando uma cerva artesanal

Preços/ Gastos (julho/2017)

-Dormida por noite 180 Rands (+- R$45,00)
5 noites = 900 Rands

- Jantar unidade 135 Rands
4 dias - 540 Rands

- Atividade Lesoto day tour = 690 Rands

- Atividade Tugela Falls = 690 Rands

- 3 breakfast - café da manhã = 180 Rands

- 3 garrafas de água 1,5L = 75 Rands

- 2 sucos de laranja = 52 Rands

Enfim gasto total nesse trecho = 3440 Rands ( +- R$860,00)
Site do Hostel: http://www.amphibackpackers.com/


*Khoisan: conjunto de povos mais antigos da África Austral
 
Khoisan ou Coissã é na verdade a junção de duas etnias, os San, que são caçadores-coletores, e os Khoi Khoi, que são pastores semi-nômades. Há dezenas de milhares de anos vivem na terra, atualmente de forma reduzida no deserto de Kalahari, na Namíbia, mas já ocuparam grande extensão da África Austral, que representa a parte sul do continente africano. Com a chegada dos Bantos, os Khoisan desapareceram ainda portando grande território, mas foram dizimados com a chegada dos britânicos e holandeses. O Reino de Lesoto, por exemplo, que situava-se no Estado Livre (província da Africa do Sul) foi empurrado para o território montanhoso que ocupa hoje, sem acesso ao mar e muito dependente da África do Sul. 
 
A Cordilheira de Drakensberg ou uKhahlamba (em zulu), na África do Sul, abriga mais de 30 mil pinturas rupestres dos Khoisan, arte conhecida pela sofisticação de seu simbolismo espiritual. Eland (antílope africano com espirais no chifre) predomina porque o eland era o animal favorito de Deus e então estava repleto de poder espiritual. A arte Khoisan também retrata cenários de caça, dança, cerimonias religiosas e guerra. 
 
Conhecidos de forma depreciativa pelos colonizadores como hotentotes ou bosquímanos, possuem linguagens únicas chamadas de "Línguas do Clique" com diversos sons inexistentes em outros idiomas e por isso chamados de "gagos" pelos colonos. 
 
Segue um trecho do Dicionário da África - sec. VII a XVI, Nei Lopes e José Rivair:
 
(..)"Segundo L. D. Ngcongco, entre os anos 1000 e 1500 d.C., os KhoiKhoi tornaram-se criadores de gado, inclusive bois e vacas de grande porte, que montavam e usavam em transporte de cargas, além de ovelhas de causa grossa. Assim, espalharam-se por vasta área, numa expansão que deixou marcas profundas, tanto sob aspecto linguístico, quanto do ponto de vista da miscigenação, em grande parte da Africa Meridional, em terras hoje pertencentes a África do Sul, Angola, Botsuana, Namíbia, e Zimbábue. Em 1510, na região do Cabo da Boa Esperança, o português Dom Francisco de Almeida é morto com outros fidalgos no decorrer de uma 'expedição punitiva'. (Almeida, 1978, p.91). O ilustre falecido era vice-rei das Índias e sua morte ocorreu em confronto com um grupamento KhoiKhoi, que fez, além dele, mais 60 vitimas fatais. O fato comprova o grau de organização desses africanos, capazes de, apenas com seus arcos e flechas, infligir essa fragorosa derrota a uma coluna portuguesa, munida de armas de fogo"

Logo no inicio do filme "Os Deuses Devem estar Loucos" mostra um pouco da vivência dos Khoisan, com propriedade coletiva, cultura de dividir, caça e coleta para sobrevivência, o amor e respeito às crianças, muita sabedoria, etc. Na África do Sul tem um partido politico que representa os Khoisan de atualmente, o Partido Revolucionário Khoisan, que não tem pretensão de ganhar grandes cargos, mas de defender seus interesses.

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