quinta-feira, 18 de julho de 2019

Sentindo os ventos do Pico da Bandeira – Parque Nacional Caparaó – MG/ES

Sentindo os ventos do Pico da Bandeira – Parque Nacional Caparaó – MG/ES
02/07/2019 a 07/07/2019

Se o vento que sopra cá é o mesmo vento que sopra lá, é preciso primeiramente constatar. Então fiz essa de visitar o Alto do Caparaó, em Minas Gerais, para poder conhecer o Parque Nacional do Caparaó e subir o tão sonhado Pico da Bandeira, que é o terceiro ponto mais alto do Brasil, com seus 2981 metros de altitude. Fui de ônibus, saindo de São Paulo, numa terça-feira à noite para no domingo de manhã já ter voltado pra casa.

A viagem foi longa, já que o Parque se situa na divisa de Minas com Espirito Santo, em torno de 14 horas no total, na qual tive que embarcar em dois ônibus.  O primeiro: São Paulo Tietê até Manhumirim – MG, das 19h até 08h30, viação Itapemirim/ Kaissara. Preço de R$173 reais. Segundo: Manhumirim até Alto Caparaó, Viação Rio Doce, preço de R$06,15 reais. Viagem de um pouco mais de 1hora de duração, essa última. Ao todo, deve ter dado mais de 900km de viagem. Ufa!

Caminho do terreirão até o Pico da Bandeira

Depois de um semestre puxado e praticamente sem tempo pra fazer qualquer caminhada mínima que seja, estava louco pra me embocar numa viagem, a saudade das montanhas falava muito alto, e então não foi pra menos que eu estava bem empolgado para seguir essa empreitada.

Tracei o plano com bastante cuidado, pois quando se está um tempinho que seja longe das trilhas já dá aquela insegurança básica. O primeiro passo então foi estabelecer se eu iria acampar na cidade ou no parque. Decidi procurar na net lugares para acampar fora do parque, já que é necessário um agendamento prévio para acampar no parque – mas vale frisar que no meio de semana não estava lotado os campings, então provavelmente não teria tanta restrição se eu não tivesse agendado e mesmo assim quisesse pernoitar no parque, pelo menos na primeira semana de julho.

Com isso, o camping escolhido foi o do Restaurante Mineiro, que fica bem de frente à Igreja Matriz e ao lado de uma igreja adventista. Por sorte o ônibus da Rio Doce “Manhuaçu x Alto Caparaó, faz final bem ao lado desse restaurante que tem um camping nos fundos. Tal facilidade não tinha visto pelo google maps, pois não consegui navegar pelo street view, mas enfim, lá pousei por 3 noites. A estrutura é simples, conta com banho quente e luz pra iluminar a área do camping, não se tem tomada. No caso terá que pedir pra carregar algo no restaurante, já que o dono é o mesmo. No restaurante serve refeição Self-service por R$15 reais no meio de semana e R$18 no fim de semana. Já marmita por R$13. Pra mim super valeu a pena!

A outra condição que coloquei no plano foi a de fazer a subida ao Pico da Bandeira num bate-volta no mesmo dia. Aparentemente algo puxado, porém nesta ocasião ainda não quis acampar na montanha.

Dia 03/07, às 08h30, o busão da Itapemirim chegou em Manhumirim onde desembarquei ainda meio confuso, mas logo vi que era o meu local pra descer mesmo, ao pegar minha mochila do bagageiro o moço logo me perguntou, “vai pra Caparaó?”, eu disse que sim e assim ele indicou que eu fosse rápido pro guichê que o ônibus da Rio Doce estava por vir. Logo que comprei a passagem por R$06,15, em 2 minutos chegou o ônibus. E numa viagem de 1 hora já estava eu no final da linha.

Conversei com o dono do camping, acertei as três diárias que deu R$75,00 e fui montar a barraca. Nos meus planos era dia de descanso por causa da viagem de 14h de duração, porém sem muito hesitar decidi ir pro parque para fazer alguma trilha mais sussa. Sem lanche na bolsa comecei a subida. O restaurante mineiro está a mais de 2km da entrada do parque e enquanto eu subia nesse primeiro trecho, percebi que tinha que comer algo, como não queria voltar ao restaurante nessa hora, procurei algum lugar aberto, foi quase em vão com exceção de uma pousada que serviu dois mistos quente pra mim e assim continuei.

Ao avistar a entrada do Parque Nacional Caparaó, conversei com o atendente que me liberou a entrada. É, a entrada é free e me parece que faz uns três anos que tá assim, pelo que fiquei sabendo ocorreu negligência pra contratar novos brigadistas e então o Estado não permitiu a cobrança. Tomei ciência por cima das histórias das diretorias e coordenações que transitavam por ali, além dos processos de privatização ou não do parque.

Adiante, após a entrada franqueada, decidi ver o que me esperava no dia seguinte e fui até o acampamento tronqueira, que fica 6km da entrada, mas antes passei pela Cachoeira Bonita. Um pouco antes de chegar na tronqueira e após passar o Mirante Jose Pedro (alt 1820m.), cheguei na Cachoeira Bonita, às 12h40, depois de aproximadamente 1 hora e meia de caminhada. A trilha pra cachoeira é curta e logo se avista um mirante pra queda, onde se pode sentar e fazer uns clicks. Após mais alguns passos se chega na base daquela bela cachoeira, onde o sol batia forte naquelas águas cristalinas e eu, dono do local, na maior vibe. Ali descansei pra quase tirar um cochilo por quase duas horas.

Seguindo o role, subi até o tronqueira e de lá já fui pro Vale Encantado até as duas piscinas naturais mais acima. O sol nesse momento havia se escondido um pouco e então fiz uma pausa breve pra caminhar de volta. Confesso que no meio do caminho de volta já bateu aquele cansaço, talvez seja por causa da viagem, mas também porque no total só nessa brincadeira ia dar 20km de caminhada. Cheguei no camping cansado de fato, mas só foi jantar, tomar banho e capotar.


mirante cachu bonita

chegando na base

poço cachoeira Bonita

ES/MG

Queda Linda

visão no Vale Encantado




O vento no topo do Pico da Bandeira

Acordei cedinho, um pouco depois das 6h00 da manhã, tive um sono bem tranquilo, não fez nada de frio e só se ouvia o barulho do curso do rio. A mochila ajeitada com tudo que eu necessitava pra subir e foi só esperar o dono do camping, no caso esqueci de mencionar que devido o teste que fiz ao subir até a Tronqueira, que do camping daria 8km, resolvi contratar o serviço de táxi por R$70,00. Com isso vai uma dica muito útil para quem pretenda fazer bate-volta e esteja sem carro, contrate o resgaste e se tiver em grupo acaba saindo mais em conta. No meu caso, eu estava só e achei melhor só pagar a ida até o Tronqueira, lembrando que já são 6km dentro do parque e é o limite de acesso com carro.

Sem mais delongas, comecei a tão esperada caminhada às 07h40 da manhã, esse trecho já se apresenta uma certa aclividade e é preciso ir saltando em algumas rochas, nada de maiores dificuldades, porém exige certa cautela. Ao passar a parte das subidas, chega-se num trecho com mata mais fechada e uma trilha de terra mais batida. Em seguida a trilha parece que se dá num vale, sem tanta dificuldade, sem proteção das arvores também e por vezes alguns pontos de água, que aliás não foi problema nessa trilha a questão da água, e isso no mês de julho, com uma estiagem de quase dois meses. Eis que às 08h45 cheguei ao acampamento Terreirão. Até aqui foi um pouco mais de uma hora andando e uma parada.

No terreirão se tinha apenas 3 barracas e ali fiz um lanche em umas das mesas disponíveis, passei no banheiro e peguei mais água. A trilha continuava à esquerda e sempre demarcada com as madeiras com fitas amarelas na ponta ou também me guiava pelos totens nas rochas. Nesse ponto devo agradecer e parabenizar a conservação das trilhas, e quem fez esse trabalho dos sinais de guia realmente tá bem feito, e fiquei pensando que em meio aos entraves que parecem existir, ainda tem pessoas que cuidam não só pelo trabalho, mas pelo amor às montanhas, já que se tem voluntários também.

fechei a barraca, bora trilhar

na tronqueira, inicio caminhada

Depois de mais 20 minutos a coisa começa a ficar mais tensa e depois dá uma suavizada. Quando chega o momento que se percebe já o morro a ser subido bem de frente, a partir de então a escalaminhada fica constante e mais técnica. A pressa pode ser inimiga, a concentração pode ajudar muito mais, é importante fazer as pausas para retomar o fôlego, comer algo rápido e se hidratar.

Eram 10h30 da manhã quando alcancei o tão desejado e sonhado cume do Pico da Bandeira, após quase três horas de caminhada desde o tronqueirão. A princípio bateu um medo devido ao forte vento que por um momento pensei que não aguentaria manter os pés no chão. Acho que se não existisse a gravidade era bem capaz de eu voar ali, queria até medir aquela velocidade do vento, mas sem equipamento para tal, o que fiz foi proteger o rosto.

Logo procurei um abrigo lá em cima, o pico é bem amplo e um pouco mais abaixo tem uma estrutura para uma pequena torre, ali foi onde fiquei por muito tempo contemplando aquela beleza da natureza, muito contente com o feito e comecei a me alimentar. Que paz. Que tempo lindo. Que felicidade. Pretendo carregar por muito tempo a lembrança daquele momento, pois foi de sufocar a vontade gritar pros ares rs. Lógico que mantive mais o silêncio e comecei a praticamente meditar. Só eu no pico e o barulho vinha dos ventos, que não cessaram, porém o abrigo me deixou super tranquilo, nada de ventania!

A condição física e psicológica estava ok, e após uma permanência de quase duas horas no topo, decidi voltar. Dá-lhe joelhos, segura as coxas, vai que vai pés, porque a descida exige muito deles de fato. Fiz praticamente o mesmo tempo da subida pra descer, talvez até um pouquinho mais, o cansaço batia. O pior de tudo é que meu pensamento se voltava aos 8km da Tronqueira até o camping. E não é que foi isso mesmo. Mas agora pensa numa labuta que foi fazer esse trecho final. Os pés doíam sem parar, eu fazia passinhos bem curtos, tipo como se existisse um trote pra caminhada da mesma maneira que existe o trote de corrida rs.

Eu ainda fiz a cagada de negar uma carona haha, é que eu estava tipo abastecendo a energia numa bica, tava sem bota, mochila jogada, daí neguei. Há de se falar também que o cara ofereceu naquela maneira tipo já quase não querendo, mas pensei comigo depois “Ofereceu pô rs”. Paciência e muita, eis que às 17h00 cheguei no camping, exausto. Fui pro banho direto.  

No resumo de tudo, foi Ótimo. Sensação de missão cumprida, nada demais pra alguns, e também sem querer ser melhor que ninguém, vale frisar que não foi tão simples assim, exige um pouco de noção! Pra mim significa um sonho realizado. As vezes dá até vontade de escrever mais sobre as sensações de subir uma montanha, em suma, tentarei algum dia fazer um texto só para isso, servindo para todas as experiências de cada tipo de montanha e tals.

Na sexta-feira, 05/07, resolvi descansar no camping, li meus livros que levei e fiquei bem de boa. Eu iria para a cachoeira das andorinhas, preferi não forçar muito. Afinal, estava satisfeito de verdade. Vale muito a pena esse rolê. E quem não dispor de acampar lá na montanha e quiser fazer esse bate-volta estando a pé, aconselho fazer o que fiz! E dá-lhe vento na face!!!

Abraços!!!

*Pessoal, quando pensei em escrever o relato imaginei que daria pra abordar a questão da guerrilha, a questão do plantio de café, a história da emancipação do Alto Caparaó, a história do parque e etc.! Não fiz, mas vale pesquisar isso, vale entrar no site do parque e dar uma googlada sobre tais assuntos. Valeu!


Dicas gerais para prática de trilhas na natureza:

Cheguei!!!!

na cautela pra não voar, vento forte

nuvem se formou na minha frente

lanchando nesse visu

o topo lá atrás

um pouco do caminho

por traz do "abrigo"

visual lindo

a conquista foi aquela

no caminho de volta, quase lá

Dicas gerais para prática de trilhas na natureza!
https://pedenatureza.blogspot.com/2019/01/dicas-gerais-para-pratica-de-trilhas-na.html

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