terça-feira, 31 de março de 2020

Pico do Gavião + Poço Jade – Sobradinho, São Thomé das Letras - MG

Quando desci do ônibus na igreja de Sobradinho, passei a vê-la na diagonal. Eu estava numa praça ao lado, eu a visualizava próximo da torre esquerda e, entre duas torres, uma cobertura em formato de um acento circunflexo, uma cruz um pouco abaixo na parede frontal, assim como também se tinha duas cruzes em cada ponta de torre. Pelo menos quatro ruas saem de cada aresta da igreja e olhando-a agora de frente, eu segui a rua da direita.

Obs: Esse ônibus sai às 07h20 da rodoviária de São Thomé das Letras, e até sobradinho custou R$5,20 (jan/20). Viação Coutinho.


Um Gavião! alt. aprox. 1500m 


Caminhar também é filosofar, uma andança pode trazer uma reconexão com o Eu para lidar com os desafios que a sociedade desfere. Caminhar faz sentir e pertencer a um determinado espaço no intuito de compreendê-lo; ou se aproximar do Eu maior! O destino importa? Não posso negar isso por completo, mas, e se pensarmos que o próximo destino é o melhor e da mesma forma poder viver o que acontece no momento?
Tenho a impressão que na nossa sociedade temos o impulso de sermos pessoas ultra grandiosas, como uma situação heroica ou de chegada ao sucesso, sobretudo o êxito material. Nessa busca desmedida em ser grandioso impõe-se que não se deve haver limites nem princípios morais, éticos, etc. Para usar os clássicos, Raskolnikov, em Crime e Castigo, utilizou-se do assassinato para se demonstrar ser o maior, no entanto descobriu que falhou consigo mesmo, continuou uma pessoa medíocre em seus pensamentos. Em outras situações, queremos ser extremamente utilitaristas, e damos o máximo de nós, ancorados nas imagens refletidas pelos outros, para uma causa que do dia para noite pode representar mais nada. A exemplo de Gregor em A Metamorfose, que repentinamente se torna um inseto monstruoso e assim perde todo o seu valor pra sociedade. 

Em todos os sentidos, cuidar da mente se faz necessário e fazê-la então de amiga. Não obstante, é fundamental almejar o equilíbrio não só dos pensamentos, mas dos instintos e emoções!
Bom, sem mais delongas vou falar sobre minha ida à Sobradinho, por mais que eu acho muito importante falar sobre alguns aspectos do ato de caminhar ou de vivenciar cada vez mais ambientes mais arborizados, realmente traz transformações que, por vezes, são intangíveis e ficam despercebidas em questão de dias, o exercício é procurar reaviva-las sempre.
Continuando, da igreja segui pela direita, Rua dois, poucos metros depois virei à esquerda, Travessa do Rosário, mais poucos metros virei à direita, agora já na estrada que vai ligar ao pico. Antes de chegar à parte de terra batida, passa-se pelo Bar do Kito, lá eu comprei umas águas, lembrando que serve lanches e tudo mais.
Andei mais uns 200 metros e permaneci na principal e não virei pra direita, mais um pouco veio a placa da Pousada Vale Verde, mas ao invés de seguir pra pousada, continuei subindo.  Adiante, alguns minutos, numa caminhada de passos suaves, o aclive passou a ficar mais acentuado, ali temo que em determinadas épocas alguns carros não sobem. Outros poucos trechos têm umas pedras de asfalto em forma geométrica. Cinco minutos de caminhada após esse trecho calçado, veio uma bifurcação muito importante. Dei uma guinada de 90 graus para a direita. Logo uma plaquinha na árvore: "Leve fotos, lembranças e seu lixo", já me fez lembrar de tomar o cuidado de carregar o lixo que produzo na caminhada, pra preservar estes ambientes!
trecho calçado

apos o calçamento virar à direita

A andança permanecia arborizada, depois de mais subida, passei por alguns pastos e algumas casas. Com 15 minutos depois da última bifurcação, cheguei numa capelinha amarelada contendo apenas uma porta e acima da porta, já no seu topo, uma cruz acima da imagem de nossa senhora de aparecida (se não me engano), ali é o encontro de algumas estradinhas, mas permaneci direto, passando pela esquerda da capela. Mais 6 minutos caminhando e cheguei noutra bifurcação, uma indicação simples pro pico com uma seta, então segui a estrada da esquerda.  

capela amarela

pela esquerda, placa pico

Continuei pela principal, um caminho já sobre as rochas, e com mais 25 minutos, outra bifurcação à esquerda. Nessa parte já não se tem mais subida, parece andar pelo topo da serra. Depois veio só mais uma virada pra direita e com 15 minutos alcancei a Pedra do Gavião.

seguir à esqueda, agora só apé

um exemplo de flora local

Bom, o dia estava neblinado, e por vezes garoou bem de leve. Apesar de não ter visual, pude sentir a energia daquele local, não tanto tempo quanto eu queria.  Rodeei pelo pico, tem-se um cruzeiro mais acima e o marco do ponto culminante mais ao lado. Vale lembrar que ali era ou é parte de um campo de teste do exército. Não sei exatamente das atividades.
A volta fiz pelo mesmo caminho, no entanto dei uma passada no poço jade. E como o tempo tava chuvoso, não fiz uma pausa demorada lá. Todo molhado já, a chuva deu uma trégua. Aí resolvi descer mais até a pedreira, que estava abandonada, inclusive as casinhas lá.
E não é que a chuva abençoada apertou de fato?!... e nesse momento foi só proteger o que não podia molhar e curtir uma caminhada na chuva, muito boa por sinal, mas que cansou um pouquinho devido os cuidados que se deve tomar na trilha.
O ônibus de volta pra São Thomé passava às 16h, eu ainda tive tempo de ir à Cachoeira de Sobradinho. Deixarei pro próximo texto e já emendo com a experiência de ter ido pra gruta do Labirinto e Sobradinho.  Aproveitar o tempo de quarentena, devido à Pandemia do Corona vírus, para escrever mais depois.

Fiquem em paz e que possamos ter boas vivências em breve.

O Wikiloc que segui. Já tem o caminho pro Poço Jade:(um mapa desse é melhor que esse relato, gratidão)

Aqui no google, e pude ver que ter um caminho mais curto 1km. Mas o que eu fiz é o que tá relatado: https://goo.gl/maps/Z8XvzsNm5EDZ3VFh6

o gavião e eu

neblina no topo

domingo, 8 de março de 2020

Caminhada de Aiuruoca até Itamonte via Alagoa + Pico Santo Agostinho – MG

Após trabalhar no feriado de carnaval, assim que chegou quinta-feira, estava eu partindo rumo a uma bela caminhada pelo Sul de Minas, na Serra da Mantiqueira. No total foram nove dias de pura diversão, tranquilidade e paz rural. Fiz meu planejamento ao meu modo, mas no decorrer do périplo eu soube que alguns trechos fazem parte do Caminho dos Anjos, e eu estava o fazendo ao contrario. Bom, como eu já havia visitado e me encantado por Aiuruoca, decidi começar por lá novamente e conhecer a Cachoeira do Batuque. Segue um relato!

27/02/2020 - 06/03/2020 - Roteiro:
Dia 1: Ônibus de São Thomé das Letras até Aiuruoca. Caminhada do centro de Aiuruoca até a Cachoeira do Batuque. Pernoite no Abrigo do Batuque R$40,00 (Distância 9km)
Dia 2: Abrigo Batuque em Aiuruoca até o centro de Alagoa. Pernoite na Pousada Pica-Pau R$50,00 – (Caminhada de 25km)
Dia 3: Cachoeira Zé Pena + Corredeira de Itaoca até a Pousada Casarão R$90,00 com café e refeição (Caminhada de 20km)
Dia 4: Pico do Santo Agostinho ou Pico do Garrafão – altitude 2380 metros (Caminhada de 20km) Pernoite Pousada Casarão R$90,00
Dia 5: Cachoeira do Facão e Cachoeira do Veloso – (Caminhada 7km) – Pernoite Pousada Casarão R$90,00
Dia 6: Cachoeira Ingá e Camping do Formigão Amarelo – Pernoite R$20,00 – (Distância 19km)
Dia 7: Cachoeira do Escorrega (Caminhada 19km) – Pernoite Chalé Formigão Amarelo R$20,00
Dia 8: Descanso no Formigão Amarelo – diária R$20,00
Dia 9: Ônibus para Itamonte centro (R$6,00)

Dia1
Mapa Aiuruoca até Batuque: https://goo.gl/maps/TFtxScMJkXp2hHoC8

Atrasado pra pegar o ônibus das 07h30, saí praticamente correndo em direção ao ponto e cheguei no exato momento em que o ônibus passava, só deu tempo de tirar a mochila das costas e subir os degraus. Não deu 30 minutos e uma vontade horrível tomou conta de mim, com aquele sacolejo todo, de repente, eu queria era urinar, foi aí que tive que me concentrar até chegar em Cruzília, quase uma hora de puro desespero. Também me vem um latão sem banheiro e eu estava sem jeito de pedir pra parar na estrada, até esperei alguma deixa, mas depois de Sobradinho ninguém mais desceu ou subiu. Umas 08h50 pensei em descer de vez e ir andando até Cruzília, mas sabia que ia melar a viagem já desde o inicio, pois a previsão em Cruzília era de chegar 09h10 e às 09h20 já saia um ônibus para Aiuruoca pela viação Sandra.
Contudo, aguentei e a minha chegada em Aiuruoca transcorreu perfeitamente. Logo quando desembarquei, me pus a almoçar no mesmo self-service de outrora, o Restaurante Central. Além de comida boa é com preço justo: R$16,00. Vale a pena! Com isso, foi só seguir caminhada até a Cachoeira do Batuque, essa cachoeira eu não havia visitado das duas vezes em que estive em Aiuruoca e nesta ocasião eu fui direto e somente pra ela, no que diz respeito a minha passagem em Aiuruoca.
Vou contar pra vocês que a previsão do tempo não estava nada boa para se fazer caminhadas, os dias estavam chuvosos e não costumo dizer que é um dia ruim, até porque chuva é sempre bem vinda, uma dádiva, uma benção. Por isso eu disse que só não era apropriado para as andanças, mas “era o que tinha pra hoje” e assim se fez. O jeito foi proteger o que não podia molhar e bora walking and singing in the rain...
Segui sentido Vale do Matutu, ou seja, pela rua à esquerda da Igreja Matriz até encontrar a estrada de chão batido e após 5km, virei à direita, no local tem placas indicando o Vale do Matutu e as pousadas, mais alguns metros adiante e tomei à direita novamente pra chegar até o Abrigo Batuque. Fui bem recepcionado e mesmo na chuva, eu parti pra Cachoeira do Batuque, distante uns 30 minutos do abrigo. De cara, após passar uma porteira, começa uma subida num morro, daí se encontra uma via mais demarcada e com 10 minutos se encontra a placa indicando o início da trilha mais fechada até as quedas. Foram mais 15 minutos de caminho autoguiado até se chegar na imensa, surpreendente e bela Cachoeira do Batuque!
Devido à chuva não fiquei mais que 30 minutos por ali, e voltei pro abrigo. Bom, já devo adiantar que é mais que indicado se hospedar no Abrigo Batuque.
Cachoeira do Batuque - fev/2020

acesso ao Abrigo Batuque

subir o morro ida cachu

virar à esquerda

inicio da trilha, esq.

Dia 2
Mapa Batuque até Alagoa: https://goo.gl/maps/2SLAZXdBBcTpb2S28

Acordei cedinho, com tempo nublado e uma garoa fina, aquele aspecto do dia que não dá vontade de nada fazer. No entanto, eu tinha o anseio de caminhar, de pegar estrada, parecia um remédio que tinha que tomar na hora exata, mas sem hora marcada. Bom, eu ainda estava com uma “carga” pronta pra ser despejada a cada passo dado.
O dia prometia o trajeto mais longo do meu planejamento, seriam pelo menos 25km do Batuque até o centro de Alagoa. Assim, ainda com o sorriso na boca, comecei a pernada. Voltei, como se tivesse indo pro centro de Aiuruoca, às 06h25, mas logo tomei uma curva acentuada para a direita. As placas indicavam as distâncias até cada bairro/povoado. Neste momento nem reparei muito e nem tirei uma foto, depois de 5 minutos eu pensei comigo que deveria ter tirado uma foto só pra ter uma referência a mais.
Em todo esse trajeto eu tive o Rio Aiuruoca como testemunha, ele sabe que com uns 14km eu tive que abandonar de vez a ideia de andar com tênis e usei um chinelo. Liberdade para meus pés, pois o calçado anterior estava apertado, após certo tempo de uso (meses) e não laceou, uma pena. E com o tênis molhado agravou mais a situação, ainda acho que demorei bastante pra trocar.
Passaram-se poucos carros por mim, a estrada em muitos trechos estava em condições difíceis de percorrer com carro. Bom, foi chuva por vários dias, e nesta ocasião não tinha sido diferente. Mesmo assim a paisagem se fazia bonita em certos trechos, no Povoado Tamanduá eu parei no mercadinho pra abastecer de alimentos, fiz meu lanche e depois segui novamente. Já tinha se passado das 9h.
O meu ritmo era de boa, até porque os trechos de lama não permitiam uma velocidade maior. Nesse momento eu ainda tentava evitar me “sujar” muito. Ao chegar no Bairro Nogueira, fiz mais uma parada. Na verdade eu não estava cansado e não se tem tantas subidas nem descidas íngremes e logo me acostumei com a chuva no corpo.
Após atravessar o bairro de Campina, que se mostrou um lugar bem bonito, diga-se de passagem, eu pausei de novo. Sempre parando num abrigo ou ponto de ônibus e dessa vez do lado de uma placa que indicava 5km pra chegar em Alagoa. Opa, quase lá!
12h10 eu já estava numa subida, uma lotação escolar subindo também encalhou bem na minha frente, a motorista abandonou por ali e continuou a pé até seu destino, o qual eu não sabia, mas o carro estava vazio, não tinha estudantes. A ideia de tirar o chinelo nas lamas mais profundas foi ganhando força até que uma hora já tava descalço direto mesmo, porém sempre prestando atenção por onde pisava.
Passei o bairro Ouro Fala e ao chegar no centro, depois das 13h, procurei a Pousada Pica Pau, ao tocar a campainha uma senhora me atendeu, me apresentei e assim fechei a pernoite. Corri pra um banho, pois eu estava todo enlameado e andava assim na cidade e todos me olhavam, estranho rs.
Após uma boa ducha, fui almoçar de fato no restaurante ao lado da pousada, chama-se Restaurante Pica Pau. Agora, imagina uma comida saborosa... muito bom mesmo e era self-service por R$15,00. Pra esse dia só descanso...

Dia 3
Mapa Alagoa até Zé pena: https://goo.gl/maps/SMueaH63SD1Tm1nH9
Mapa Zé Pena até Itaoca: https://goo.gl/maps/cSD1eh2ZtxPKpT2CA
Mapa Itaoca até Casarão: https://goo.gl/maps/4uBVk6PySQD5BfHQ9

Mais um dia nublado, mas despertei empolgado ainda, além da expectativa de chegar à Pousada Casarão, eu teria duas cachoeiras para visitar, a do Zé Pena e a Corredeira Itaoca. Com isso, daria em torno de 20km de caminhada.
Voltei mais pro centrinho até dobrar na rua Jose F. Ribeiro, já em estrada de chão, (barro e lama rs), prossegui mais uma andança. Nesse dia eu já comecei a andar descalço logo de cara, já não ia ficar me preocupando muito. Até a Cachoeira do Zé Pena, seriam 5,7km e uma bifurcação à esquerda. Na estrada eu passava por muitos pastos e o silêncio imperava, só os pássaros cantavam. Ainda sem muitas subidas nem descidas.
Eita Rio Aiuruoca que baita companhia, com 3km veio a bifurcação e tomei o caminho da esquerda, tem até uma placa e no fundo se avista mais um povoado. Assim, com mais 2km eu estava próximo da cachoeira. O acesso fica atrás de uma casa, tem uma ruazinha de acesso, nesse dia estava bem lamaceira mesmo. Ainda bem que tinha uns trabalhadores e pude perguntar o caminho. Já digo que o acesso até a cachoeira tava bem dificultoso, a grama do pasto alta, muita lama e pouca sinalização, mas quando avistei a placa “welcome”, atravessei o curso d’água e na outra margem consegui chegar na queda. Como a correnteza tava bem forte devido às chuvas, só contemplei, comi meu lanche em pé mesmo, fotos e voltei.
atravessar o leito do rio

Cachoeira Zé Pena

O mesmo caminho, mas agora eu ia virar à primeira esquerda pra seguir até a Corredeira Itaoca e passar bem pelo povoado mesmo. Lugar muito simpático, não parei pra prosear mas acenava cumprimentando. Cada vez mais lama e cada vez mais rural. A chuva vinha intermitente. Os passos eram lentos e olhos atentos! Depois de 5km na mesma estrada, virei à esquerda pra já estar na rua da corredeira Itaoca, a corredeira é bem visível!
Panorama Corredeira Itaoca

Araucárias no caminho

Faltavam mais uns 8km até a pousada casarão, mas ainda uma parte hard me aguardava, uma subida de 1km pra chegar até a estrada principal que liga Alagoa até Itamonte (LMG-881), muita cautela para atravessar, um pouco de dificuldade pois parecia que não andava, pisei num grampo e sorte que não furou profundo a sola do pé. Ali pensei, "O que eu tô fazendo aqui?" Haha. As vezes bate esse pensamento, mas é bom, imagina se fosse tudo flores?
Ao vencer esse trecho que considerei difícil, saí na estrada e de cara um mercadinho, fiz umas compras e mais uns 6km até pousada, só que agora com asfalto e chuva também!
Têm placas indicativas pra se chegar na pousada Casarão, e de lei que lá cheguei bem sujo, mesmo assim fui muito bem recepcionado pelo Joãozinho e sua família. Ali eu iria permanecer por 3 dias super agradáveis onde deu o tom da magia e tranquilidade dessa viagem.
Após batermos um papo, fui me ajeitar, pois mais tarde já tinha janta! Na pousada Casarão eles fazem com que os hospedes se sintam em casa. Vale muito a pena passar por lá, seja qual tipo de viagem for a sua, o lugar tem uma ótima estrutura e chalés família, casal, etc. Bom, confira nas redes e verás.  
Dia 4
Mapa pico google: https://goo.gl/maps/YUXWA61rnJwAMX8G8

Após um sono muito confortável, acordei com uma sensação ótima pra se iniciar o dia. Eu havia marcado o café da manhã às 07h com a dona Ana, e assim pude me fortalecer pra subir o Pico do Santo Agostinho ou Pico do Garrafão, que tem no seu cume 2380 metros de altitude. O céu permanecia nublado, mas não se tinha mais chuvas. O café da manhã é muito bem servido e contém, é claro, o famoso queijo parmesão artesanal de Alagoa, no dia anterior o Joãozinho havia me mostrado parte da produção e me encantei, uma pena que dessa vez eu não ia comprar pois ia pesar demais na minha mochila, senão ia trazer umas peças comigo.
A jornada do dia seria o ponto alto da minha caminhada, alto em todos os sentidos. Muito eu esperava por esse momento e assim me pus a caminhar rumo ao Parque Estadual Serra do Papagaio. Após passar alguns sítios e chegar numa igreja, logo tomei à direita e a subida já se mostrou acentuada e constante. E era isso mesmo, já dizia o ditado: quem tá na chuva é pra se molhar. No meu caso só fui presenciar chuva na volta da trilha.
Foram quase 7km até a porteira que marca o inicio da trilha, ou seja, dali não se passa mais carro. Eu estava acompanhando um mapa wikiloc e em certo ponto me confundi um pouco depois de adentrar a porteira, mas a dica é: a trilha sobe sentido oposto ao de uma casa bonita e é subindo o morro beirando uma cerca.
à direita e inicio aclive

à esquerda pro pico

pico santo agostinho encoberto

primeiro morro vencido

Após vencer esse morro e com algumas paradas para recompor o fôlego, cheguei na placa indicando “Vale do Garrafão”, um pouco mais de subida até se estabilizar, foi um trecho de quase 3km, a trilha super tranquila de se guiar. Eu sempre atento aos passos pra não pisar em nada que não deveria. O visual estava neblinado o tempo todo, só por um momento que pude visualizar à minha direita o Pico do Papagaio, mas ainda foi pouco perante todo potencial de visual que aquela região tem. Logo adiante, e quase chegando na parte final da trilha, consigo visualizar o Pico do Santo Agostinho, mas rapidamente a neblina o cobriu novamente. Nesse último trecho a trilha se faz por uma mata fechada pra depois abrir nos campos de altitude.
Eis que após 3h30min de caminhada, cheguei no grande topo do Pico do Santo Agostinho (ou Pico do Garrafão). Lá no alto andarilhei, vi todas as possibilidades de visual (neblina) e também as possibilidades de acampamento, realmente é muito bacana o espaço pra acampar lá no topo. Legal de lembrar sempre de manter uma preservação e seguir uma boa conduta em meio à natureza.
A única coisa que me incomodava era o meu tênis! Complicado mesmo, e fazia tempo que não passava por isso. Se não fosse tal incomodo, minha volta seria bem mais tranquila, no entanto, tive que fazer diversas paradas e andar todo torto rs. Contudo, com 3h de trilha eu estava de volta na Pousada Casarão, de lei aquele merecido descanso!
inicio vale do garrafão 2,7k

visu do Pico Papagaio

Pico Santo Agostinho ou Pico do Garrafão

opa tá chegando

 topo, neblina, placa caída


Dia 5
Mapa Cachoeira do Facão: https://goo.gl/maps/cpZ7gTBPjtbSGWXX8

Já é Março, nesse dia acordei um pouquinho mais tarde, no planejamento inicial eu havia deixado pra ir até as principais cachoeiras do bairro quilombo, mas resolvi alterar e fazer um pouco mais light, afinal de contas eu fiquei bem satisfeito com o rolê até então. Por isso o novo plano era ir até a Cachoeira do Facão e depois ir à Cachoeira do Veloso, passei também pela Cachoeira Boa Vista, que fica bem no acesso ao Bairro do Engenho, porém a trilha se mostrou bem fechada, eu tava light rs. Andei uns 7km ao todo.
Conforme os dias iam se passando o tempo ia abrindo de pouco em pouco, A Cachoeira do Facão, que era chamada de Cachoeira da Usina antes, fica a 3km da Pousada Casarão e é só pegar a estrada sentido Alagoa e virar no Bairro Companhia. Ao descer a rua, tem uma placa indicando a trilha no meio do pasto. Trilha demarcada e depois vem um trecho íngreme, tem até umas cordas de apoio em momentos mais críticos, mas no geral é uma trilha curta e tranquila.
entrada trilha cachoeira facão

acesso ao bairro companhia

Cachoeira do Facão por cima

cachoeira facão por baixo

Queda bonita, Cachoeira do Facão

A outra cachoeira era a do Veloso, pra ir eu tive que voltar até a pousada e seguir por mais uns 500 metros e pronto, à direita tem uma trilhinha e então segui pelo leito do rio pra se chegar na queda mais acima, parece ser meio fechado, mas é tranquilo. E do lado da pousada!
trilha saindo da estrada

Uma Queda, Cachoeira Veloso


Dia 6
Mapa Casarão até Formigão: https://goo.gl/maps/kPbxhpotyVD4RfBy8

Minha última manhã na Pousada Casarão, mais um café da manhã farto e ainda pude fazer um lanche para a caminhada do dia. O destino era o Camping Formigão Amarelo em Itamonte e dar uma passada antes na Cachoeira Ingá, no bairro Quilombo. Bom, a queda eu só vi de panorama mesmo. Segui a estrada e agora com fone de ouvido eu entrei numa brisa muito dez, pus minha playlist pra funcionar e assim fiz uma caminhada agradável por demais. Veja bem, Minas Gerais ajuda também, muitas montanhas ao redor, o clima rural ameno, respirando aquele ar puro por dias já. Eis um cara mais uma vez transformado pela caminhada, eu mesmo. Com 1 hora 30 minutos de caminhada, uma rapaz me ofereceu uma carona. Aceitei e assim pude bater um bom papo até chegar ao camping formigão amarelo, foi mais uns 10km de estrada, que ora era asfaltada ora de terra ainda. Quando começou a descida de serra eu fiquei atento e ao passar o Mercadinho do Bairro Cachoeira, veio o portão do camping, pedi pra descer e já me despedi, poxa adiantou um bom lado!
Bati palmas e ninguém me atendia, o portão tava aberto e então adentrei pra ver se a recepção era mais pra baixo. O camping, apesar de bem estruturado, estava com ar de que não tinha ninguém ali por um tempo, voltei pro portão e lá tem um chalé bem do lado, vi que tinha umas roupas e resolvi chamar novamente. Daí então apareceu uma senhora e disse que estava hospedada lá e que os proprietários estavam viajando. De prontidão ela disse que ia pegar o número do whats app deles e me passou também a senha do wifi.
Logo entrei em contato, e demonstrei interesse de pousar no chalé de baixo, que era rústico de madeira. A diária era de R$20,00. Só fui checar se estava aberto e sim, estava. Confirmado e então era só eu entregar o dinheiro no centro de Itamonte, pois lá eles têm uma funcionária numa lan house. Chamei a senhora novamente, mas acho que ela não me ouviu, então resolvi descer.
Só deixei as coisas, relaxei um pouco e com um tempo de sobra, fui ver como era o acesso à Cachoeira da Conquista, e não estava muito a fim de fazer trilhas longas, pois estava de chinelo, não queria usar aquele tênis mais nunca rs. Quando fui sair, o portão estava trancado, ou seja, a senhora saiu e nem percebeu que eu estava por lá. Arrumei um jeito de sair e segui rumo ao bairro da conquista. Descendo à direita do camping, logo virei à esquerda e segui numa boa em mais um povoado rural. Muita tranquilidade por sinal, muitos pastos e aos poucos a vista da Serra da Mantiqueira ficava mais linda. Nessa tarde o tempo já estava ensolarado. Andei por uns 40 minutos e logo percebi que não tinha nada de sinalização da Cachoeira da Conquista. Enfim, conforme o mapa que eu tava mostrava de fato o começo de um leito do rio, mas de acordo com algumas informações que colhi teria mais uns 40 minutos de trilhas. É, realmente não dava naquele momento. Uma pena!
Andei mais um pouquinho subindo mais só pra ver se não tinha alguma placa mais acima e do nada me deparo com uma moça na beira da estrada, sentada e ouvia um som. Era a mesma senhora que me atendeu no camping, que coincidência. Ela estava rezando ali e logo voltei pra não atrapalhar! Assim, foi essa breve caminhada pelo bairro. Passei no mercadinho do bairro Cachoeirinha e fiz um rango/ lanche para aquela tarde! Na paz. Nesse dia eu devo ter andando uns 10km.
Dia 7
Mapa Formigão até Cachoeira Escorrega: https://goo.gl/maps/FqbvfZNNWn9mDKnJ9

Mais uma manhã que eu acordo extremamente bem, e realmente apesar da boa disposição eu fiz mais uma mudança no roteiro, a intenção era ir para a grande Cachoeira da Fragaria, porém de ida e volta daria uns 40km e mesmo que conseguisse alguma carona ainda ficaria muito para caminhar. Então resolvi ir para a Cachoeira do Escorrega, distante menos de 10km do camping e assim peguei estrada, bem de manhã.
Sentido Itamonte eu segui por uns 5,5 km, até que avistei a placa Usina dos Bragas, então tomei à direita rumo ao Bairro do Morro Grande. Mais 600 metros fiz uma curva à direita de novo e então em 2km eu estava próximo da Cachoeira do Escorrega, já perto da cachoeira tem uma placa indicativa. Se for de carro cobra-se estacionamento, coisa de R$5,00.
Com uma água bem gelada, que não tive coragem de testar o tobogã natural, o lugar guarda sua beleza. São varias quedas para poder refrescar num dia de calor, ali parece que costuma lotar nos finais de semana. Bati umas fotos, comi meu lanche e fiquei numa boa ali! Paz maior não existe, o sol já era bem presente no dia. A caminhada foi sensacional! Vale muito a pena.
Caminhada do dia: ida e volta uns 20km.
indo pra Cachu Escorrega, direita

Usina dos Braga

esquerda, poucos metros
primeira corredeira

Cachoeira do Escorrega

Dia 8 e Dia 9
Tirei o dia pra descansar já que o camping era propicio para isso. Recomendo o Camping Formigão Amarelo, eles contam com algumas atividades como tirolesa no próprio local, tem uma cozinha comunitária, churrasqueira, banheiros com chuveiros quentes e preço bom! Esta a 13km do centro de Itamonte.
Na minha estadia, pude refletir na pura tranquilidade, por ora comecei a relembrar a leitura de Walden ao visualizar o chalé de madeira, só que em meio aos eucaliptos o bosque.
Chalé Formigão Amarelo

Até uma próxima

No centro de Itamonte eu ia embarcar no ônibus para São Lourenço e depois, para Três Corações (passou por Cachoeira do Carmo, Jesuania, Lambari, Cambuquira). E, por fim, embarquei num ônibus para São Thomé das Letras. Tomei ciência de um ônibus que ia até o centro de Itamonte, horário único, às 07h, a um custo de R$6,00. Esse ônibus sai de Alagoa às 06h e volta às 15h. Fica aí a dica. (o preço de Alagoa até Itamonte eu não sei). É bom até pra mim, pois quem sabe logo poderá ter outros passeios por essa região que tanto me agrada!
Faltou com certeza a Cachoeira da Fragária, mas ainda darei um jeito de visita-la e emendando com outro pico.
Assim é Pé de Natureza! Até a próxima!




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