De volta ao PNI (Parque Nacional do Itatiaia) para fazer
dois circuitos que abrangem o 8º e 9º picos mais altos do Brasil. Morro do
Couto e Pedra do Sino, respectivamente. Em 2022 havíamos visitado o parque
supramencionado em um contexto pós-pandemia e procuramos fazer algo bem de
boa, justamente pra engatar o ritmo aos poucos. Naquela ocasião fizemos a Pedra
do Altar e nem completamos o Couto, porém pegamos dias bem bonitos e foi uma
paz na Pousada/Camping que escolhemos. Daquela vez foi a Pousada dos Lírios,
dessas vez foi o Espaço Cuiamazon, local onde tivemos uma estadia e experiência
bem legal.
O PNI por bem dizer dispensa comentários por aqui, pois, pra
começar a história, é o primeiro parque nacional do Brasil e figura entre os
destinos mais requisitados entre os trilheiros/montanhistas de toda parte.
Cobra-se um ingresso para adentrar e curtir o parque, existe a parte alta e
também a baixa. Em suma, é importante acessar o site do parque tanto para
conhecer a opções, taxas e a própria história do parque, já que não a descrevi
por aqui.
O roteiro foi simples. Um feriado de Corpus Christi
decidimos fazer 2 bate e volta no PNI, o primeiro dia já fomos direto de SP,
descansamos no dia seguinte e no subsequente fizemos outro circuito. Foi isso!
Eis um lugar que demorei demais pra visitar, sempre foi
difícil de logística, ainda mais pra quem sempre priorizou viajar sem carro.
Contudo, pra esse destino é muito importante estar com veículo, e se for o caso
de fazer travessias, a melhor opção é contratar um resgate da região.
Então fomos de carro, partimos de SP umas 03h30, colocamos o
destino no Waze (Posto Marcão Itatiaia) e rumamos pra estrada. Em grande parte
pela Rodovia Dutra até chegar na BR-324, Rodovia Engenheiro Passos/Itamonte.
Nesse momento começou a subida de serra numa estrada de pista única até chegar
na Garganta do Registro, daí foi só virar à direita e subir direto na via que
leva até a portaria do parque no planalto. Essa última estradinha de terra está
bem melhorada do que anos anteriores, mas ainda assim é complicado pra carros
baixos, dá uma judiada.
Antes, tomamos um café da manhã reforçado lá na Garganta do
Registro, no Bar do Miguelzinho. Diga-se de passagem que tava tudo muito bom,
desde o café até o queijo, dentro dos lanches então era só alegria, barriga
forrada e energia pra fazer uma bela travessia, na verdade um circuito: Morro
do Couto x Base Prateleiras, que daria um total de 12,5 km aproximadamente.
Já tínhamos assistido o dia nascer e vinha dia bom, a
previsão para os dias não era de chuva, pois no final de junho costuma chover
bem menos naquela região, por isso é propício subir tais picos sem o risco de
tempestades, raios e afins.
Deixamos pra comprar nossos ingressos lá na Portaria Posto
Marcão, agora aceitam cartão na hora, ou seja, é possível passar na maquininha.
Lembro-me que da outra vez tivemos que entrar no site através do wifi fornecido na
portaria, irregular por vezes. Normalmente, a gente deixa pra comprar na hora
quando não tem o risco de ficar lotado e porque, às vezes, devido ao trabalho,
pode haver alterações nas datas e tal. Mas enfim, pagamos 2 entradas e o
estacionamento.
cume
subindo
Até o Cume
A manhã tava gelada, tive que tirar a luva pra ligar o
trajeto no app wikiloc e também já gravar a nossa caminhada que, apesar do
parque ser bem demarcado e sinalizado, é sempre bom ter o costume de andar com
um mapa da trilha.
O primeiro trecho é uma subida de via calçada, nada de
dificuldade até virarmos à direita e iniciar o trecho de trilha propriamente
dito. A caminhada seguiu muito tranquila, o visual é estonteante de lá, tanto
dos atrativos do parque como da serras ao redor, que de lá parecem tão perto,
mas estão a quilômetros de distância. No caso é que são tão imponentes que
aparenta estar pertinho.
A trilha do Morro do Couto é uma das mais procuradas da
região, então sua trilha permanece demarcada e vale o destaque pra manutenção da
trilha que tá em dia. Portanto, é um ótimo custo-benefício devido à sua beleza
e à relativa facilidade de acesso para montanhistas iniciantes, mas ainda assim
exige preparo. O cenário dos Campos de Altitude é muito peculiar e o da Serra
do Itatiaia é algo de outro mundo.
Para chegar ao cume do Couto é preciso vencer um trepa pedras
moderado, com cuidado é possível vencê-lo na paciência e já vi crianças fazendo
também. Esse trecho fica bem perto do pico e daí é só alegria... curtir o 8º
mais alto do Brasil com uma vista 360º pra diversas serras e atrativos do
parque. Em suma, esse cume oferece vistas panorâmicas do planalto do Itatiaia,
junto com o Pico das Agulhas Negras, Pedra do Sino, Asa de Hermes; da Serra
Fina (com a Pedra da Mina em destaque no 4º ponto mais alto BR), da Serra do
Papagaio e do Vale do Paraíba.
Até a Base
Prateleiras
Após uma breve pausa de contemplação, continuamos rumo à
Base Prateleiras por um caminho muito interessante, que enxergávamos através
dos jogos de rochas toda a travessia. Perdemos um pouco de altitude, pra depois
seguir sem grande aclives ou declives, passamos por um suposto ponto de água
(não achamos água lá nessa época). Adiante, com 2km após o cume, encontramos
uma bifurcação: Abrigo Rebouças à esquerda e à direita, Toca do Índio (800m) e
Base Prateleiras (2km). Com mais uma caminhada, apareceu a opção para um
Mirante de visual pro Agulhas Negras.
Após esse mirante, o atrativo foi a Toca do Índio, algo que
eu não tinha imaginado que seria tão interessante, são rochas enormes que
formam uma espécie de abrigo, ou seja, um pouco de sombra naquele momento e um
friozinho da serra também.
Depois, subimos uma rocha e trilha que continua. O próximo
atrativo foi uma rocha no formato de Poltrona, de um ângulo tem o visu do
Agulhas e por outro ângulo, o Prateleiras. Uns clicks necessários e já estávamos
avistando o Prateleiras mais de perto e assim seguir pro segundo trecho um
pouco mais exigente, o de subir até a base do prateleiras. Mas enfim, vimos
crianças fazendo essa trilha também, é preciso muito cuidado, mas realmente é
possível. Ao chegar na base, foi tempo de uma pausa a mais.
Antes de subir esse
trecho, pudemos perceber a quantidade de visitantes naquela parte, ouvimos que
em apenas 1 grupo havia mais de 40 pessoas. Logo imaginamos a organização de
tal empreitada, porém anteriormente a trilha foi feita com um público mais razoável,
já neste ponto a montanha ficou com mais barulho. Tudo joia também! Prendendo a
atenção agora mais pra direção da rocha do Prateleiras, deu pra perceber a
dimensão da natureza ao ver um grupo descendo de rapel, minúsculo lá ao longe,
um único destaque para a corda que usavam, aquela cor chamativa de verde
fluorescente rs.
Dali decidimos seguir em direção ao Abrigo Rebouças, ou
seja, voltar pra estradinha de terra no intuito de completar o circuito, o
cansaço já batia ali, até pelo acumulo de ter viajado e já chegar pra trilhar.
Minha água já tinha acabado e eu ia repor lá no Abrigo mesmo. Se quiséssemos ainda
poderíamos esticar a travessia e continuar pra mais atrativos, mas a volta era
mais prudente naquele momento. Eu mesmo já tava satisfeito e dias depois voltaríamos
pra fazer a Pedra do Sino via Circuito dos 5 Lagos.
Circuito
Dados
Quando atingimos a Abrigo, reabastecemos de água, fomos no
banheiro, fizemos um lanche de leve já pra encarar os último 3km até o
estacionamento. E foi assim que finalizamos um belo circuito com 12,8 km num parque
que não para de surpreender os amantes das caminhadas.
Tmj, Pé de Natureza!
Pico das Agulhas
Negras – Parque Nacional Itatiaia – MG/RJ (2019)
No dia 03 de março de 2025 parti para uma leve caminhada,
bem leve mesmo na região de Mairiporã, mais precisamente na Pedra Vermelha, no
bairro Terra Preta. Era um feriado de carnaval que ia passando sem eu fazer
nada, por isso decidi algo mais tranquilo e de última hora. Até pensei
Paranapiacaba, mas a decisão final ficou essa mesmo.
Pra alongar a caminhada eu
iria de ônibus e faria um trecho a pé até o início da trilha, porém, como
acordei um pouco mais tarde, fui de carro até onde dava. Com isso, o que restou
de trilha propriamente dita foi um trecho bem curto, mas como eu não sabia que
era assim, daí o jeito foi conhecer mesmo.
- Do início da trilha até a pedra é uma subida de uns 25
minutos, isso trilhando bem de boa.
- Subi de carro até o início da trilha sem problemas, mas
também não tava chovendo.
- Tem uma gruta/fenda logo no início do trajeto, eu preferi
contornar por fora, é demarcado.
- Levei 2 litros de água e um lanche.
- Pra quem é acostumado a trilhar vai achar essa trilha
muito curta, mas da pedra tem uma vista legal, é possível localizar a Pedreira
do Dib, o Pico do Olho D’água e o bairro mais abaixo, já com uma clima de interior,
inclusive com placas de rota turística.
Essa vida de poder algumas vezes caminhar imerso na natureza traz uma inspiração que flui para o restante de tempo da vida em que não se está nesses espaços. Inspiração (inspirational) que outrora poderia levar a lugares imagináveis apenas na mente, ou convertidos em versos, música e ritmos. Alguma vez se torna real e vivido. Então o que irei relatar a seguir se trata de uma bela travessia por praias paradisíacas rodeadas pela bem verde Mata Atlântica e passando por comunidades caiçaras. Mochila nas costas e muita disposição.
Localizada no litoral norte do estado de São Paulo, Ilhabela é um município-arquipélago que é muito procurado por turistas, mochileiros e esportistas por oferecer diversos atrativos como praias, montanhas, cachoeiras, esportes, cultura e lazer.
Nossa equipe era composta, mais uma vez, por mim e meu primo, Fepa. De travessias nesse estilo já tínhamos feito uma meia volta em Ilha Grande e também a Travessia da Juatinga, ambas no litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Obviamente ficamos encantados com estes lugares e sempre duvido que haja algo tão bom quanto. No entanto, tem sim rs. Essa travessia de Ilhabela é um exemplo do paraíso.
Num feriado prolongado do mês de abril de 2025, logo decidimos fazer alguma viagem, a princípio poderia ser pros lados do Parque Nacional do Itatiaia, pois temos a Pedra do Sino já em mente pra fazer num dia e a Travessia Couto-Prateleiras (base) num outro. Contudo, a previsão não tava tão boa pra lá e no site contava que o Morro do Couto tava interditado, enfim, escolhemos o roteiro de praias.
Já pela manhã de quinta-feira, dia 17/04/25, partimos de SP pra São Sebastião de carro. Tanque cheio por volta de R$260,00 e mais os custos do pedágio junto com a travessia da balsa constavam uns R$ 60,00. Só a travessia da balsa entre São Sebastião e Ilhabela custava R$ 19,50. Quem estiver a pé ou de bike não paga.
Quando se chega na balsa já dá pra notar a beleza do outro lado da borda. Olhando pra esquerda parece ser a direção norte da Ilha/arquipélago e pra direita tínhamos a parte sul da ilha. O nosso destino era pra parte sul e um pouco antes das 13h já começamos a trafegar numa estradinha estreita que na nossa direita aparecia diversas praias margeando essa estrada, fora o visual estonteante de toda aquela água bem azul contrastando ou se juntando com o verde dos morros.
Não fizemos paradas e fomos direto até Borrifos, pois nosso tempo tava contado pra iniciarmos a trilha, uns 12km nos esperava pra caminhar e como já tínhamos chegado de viagem e dormido mal, o ritmo poderia ser mais cadenciado e não queríamos e nem gostamos de fazer trilha à noite, ainda mais num lugar que é conhecido por se ter muitas cobras, por exemplo.
Em termos de logística existem algumas possibilidades pra quem vai de carro, mas dá pra ir de ônibus também, tranquilo. Fizemos essa avaliação se iríamos de busão ou de carro. Fizemos a contas de tempo e grana e então decidimos ir de carro. Agora tinha que pensar onde deixar o carro estacionado durante uns 3 ou 4 dias. Primeiro pensamos antes da balsa, ainda em São Sebastião, depois pensamos no centro de Ilhabela após atravessar a balsa e de lá pegar o ônibus até Borrifos.
No entanto, como tínhamos o tempo contado pra iniciar a trilha do dia, optamos por estacionar lá em Borrifos mesmo, do lado da entrada do Parque Estadual de Ilhabela e início da trilha para a Praia do Bonete. Só que no final a travessia termina lá do outro lado, daí teríamos que voltar pro centro e pegar esse ônibus de qualquer jeito. Enfim, acertamos o valor de R$ 40 a diária e o primeiro dia com desconto de R$ 10 lá no estacionamento do Zé da Sepituba. Pagamos R$110 para 3 dias.
Início da Trilha do Bonete (12km)
Um pouco antes das 14h estávamos ouvindo as instruções do monitor do parque que, diga-se de passagem, não foi muito amigável e esboçou uma bronca em nós devido ao horário. Disse que já tava tarde e o trajeto seria de cinco a seis horas de trilha. Eu disse que estávamos preparados para justamente fazer essa caminhada, e estipulamos que faríamos em menos de quatro horas. Ele disse que havia chovido dias anteriores e o trecho estava muito escorregadio. Aí fui inventar de falar sobre nosso plano de travessia até Castelhanos, foi então que ele não incentivou de forma alguma e que deveríamos procurar um guia para fazer o restante. Enfim, um banho de água gelada, mas estávamos preparados de fato. Adiante, só ouvimos suas instruções e partimos.
O dia tava lindo, não com aquele sol forte, mas um nublado de boa. Previsão de chuva não tinha para aquele dia e contávamos com isso. Após receber os bons incentivos do monitor, logo comentamos que se estivéssemos de chinelo, chapados, com bagagens de mão, aí seria motivo pros alertar incisivos. No entanto, não era o caso, e se uma pessoa não tivesse pesquisado sobre a trilha a ser enfrentada, talvez desistiria ali e buscava ir de barco, ou contratar um guia, ou se hospedar por ali perto, sei lá, só sei que após 2,3km veio uma bifurcação que leva pra Fazenda da Laje à direita, porém seguimos à esquerda pra logo depois, 200 metros, encontrar a Cachoeira da Laje. Nessa Fazenda tem a opção de passar o dia e opções de hospedagem também, ao longo da trilha havia placas com os preços. Como não tínhamos tempo pra passar lá, seguimos direto.
Ponte Cachoeira Laje
Na Cachoeira da Laje tem uma queda que parece um escorregador/tobogã, muito convidativo, o lugar é belíssimo de fato. Contudo, dessa vez só atravessamos a ponte sem fazer uma pausa lá.
A trilha seguia muito bem demarcada, por vezes bem larga, tipo uma estradinha desativada que, sim, estava escorregadia em alguns trechos, mas nada de dificuldade. Também sabemos que eventualmente a comunidade do Bonete pode utilizar esse caminho se caso as outras opções estiverem indisponíveis.
A caminhada continuou desimpedida, a cada passo aproveitava mais a oportunidade de estar imerso na mata atlântica, respirando um ar mais puro, botando a sola do pé em terra firme, não em cimento – isso faz a diferença! Teve sim algumas subidas e descidas, mas é algo que faz parte do jogo e curtimos isso. Eu sempre mais de boa, tinha dormido pouco e assim eu poupava as energias pra não passar perrengue, pois apesar da navegação ser tranquila, a trilha em si exige certo esforço físico, 12km no total não é também qualquer coisa e com mochila cargueira com roupas e barraca de camping acaba pesando um pouco.
Com quase 7km de trilha chegamos na Cachoeira do Areado, sua ponte estava interditada e também não fizemos uma pausa longa aqui e seguimos já sabendo que passamos da metade da trilha do dia rs.
Com mais 3km chegamos no Mirante do Bonete, aqui já conseguimos avistar a praia e parece já estar pertinho, mas como o monitor tinha dito, isso era ilusão porque ainda faltaria uns 25 minutos. O mirante em si é belo, um visual do Bonete junto ao horizonte de morros e aquele céu com suas nuvens deixando um pouco de céu azul aparecer.
Avistando Bonete
Com mais de 500 metros adiante passamos por outro atrativo, a Cachoeira do Saquinho que, a exemplo das cachoeiras anteriores, apenas passamos demos salve e seguimos. Já começava a escurecer aos poucos, depois das 17h no mato dá a sensação de ser mais tarde, mas foi tudo ok. A seguir foi encontrar um mirante bem mais próximo da praia, que estava vazia, uma tarde que ia se finalizando!
Então antes de escurecer chegamos na Praia do Bonete, etapa primeira concluída com sucesso, um pouco de cansaço de fato e já fomos trocar ideia lá no Camping Outro Canto. Após a apresentação da anfitriã Valéria, decidimos acampar lá e então fomos montar as barracas, esse camping fica bem ao lado da trilha que fizemos. A vantagem de ser pé na areia conta com uma diária de R$ 70,00.
Nessa noite ainda fomos comer uma pizza e tomar uma breja na Pizzaria da Pousada da Rosa, foi show de bola, a vila é muito charmosa à noite, os estabelecimentos são criativos com os jogos de luzes, deixa um ambiente bem aconchegante.
Dia de curtir a Praia do Bonete
Amanheceu mais um glorioso dia, logo certo eu fui pra perto da água do mar e de cara percebi algo que falam muito, mas bastante mesmo: os borrachudos de Ilhabela. Na noite anterior eu andei de boa em Bonete sem ser incomodado por nenhum. Depois fiquei sabendo que à noite eles dormem e que nesse momento poderia economizar o uso de repelente. Aliás, nem tínhamos comprado um repelente ainda, na balsa tava vendendo mas achamos que era superfaturado rs. Acabou que compramos um pelo mesmo preço e nem era o da ilha mesmo, porém serviu do mesmo jeito. Custou R$40 lá na Mercearia do Cláudio, perto do Hostel Sambaqui.
E foi nesse hostel que tomamos o café da manhã, muito bom por sinal e um lugar bem legal! Pagamos R$ 40 cada um. Adiante, com um dia convidativo para uma caminhada, fomos até a outra extremidade da praia e assim passamos um tempo perto do rio, meu primo chegou a se banhar. Eu fiquei de boa, achei que o mar tava meio agitado, preferi contemplar a natureza numa rocha.
Água doce se junta com a Salgada
Nesse meio tempo, alguns barcos já iam chegando com os visitantes para serem recepcionados pelos locais e alguns cachorros que brincavam na areia. Na água muitas crianças se divertiam pra valer!
Mais tarde fomos beber aquela gelada no quiosque das meninas e de lá só saímos pra ir almoçar lá no Restaurante. Depois continuamos os trabalhos lá no Okreanos, ouvindo um bom som e olhando o movimento da vila. Já era noite quando fomos na Pizzaria Laboneteria, lugar show de bola novamente.
A trilha do desafio: Bonete até Castelhanos (19km)
Confesso que bebi mais do que imaginava no dia anterior, mas ainda desse jeito dormi bem tranquilo. O céu azul estralava e o dia prometia ser sofrido rs. Na cabeça eu imaginava uns 16km já sabendo que na real era mais de 18km, fora uma subida máster, que só de olhar no mapa dava preguiça. Mas eu sabia também que com aquela velha paciência tudo se resolve. E pra me consolar sempre digo, pior que o bate-volta da pedra da mina não haveria de ser, então bora!
Antes, tomamos um bom café da manhã no mesmo hostel do dia anterior, o Hostel Sambaqui. Lá, outra trilheira disse que iria até Indaiaúba. Nós seguimos na frente, a mochila parecia estar mais pesada nesse dia, mas era só a sensação mesmo. Nesse trecho que viria os pontos de água são vários, então não há necessidade de carregar tanta água.
Depois de passar por dentro da vila e atravessar umas duas pontes, logo veio uma subida boa. Esse trecho era exposto ao sol, lembrando que iniciamos umas 09h da manhã. Adiante, nos deparamos com um visual da Praia do Bonete, belíssimo! E um a bifurcação dizendo que pra direita seria um mirante, porém preferimos à esquerda e continuamos a caminhada, até aqui 2,5km já tinha ficado pra trás.
Aqui o aspecto da trilha ainda era parecido com uma estradinha, um pouco mais larga e bem tranquila de navegação. Mais 1,5km chegamos no Mirante para a Praia das Enchovas e totalizando menos de 50 minutos chegamos em sua praia. Totalmente deserta, apenas uma propriedade privada e nada mais. Muitas pedra e uma faixa de areia mais tímida que, com uma maré mais alta, pode desaparecer;
Praia das Enchovas - Abril/2025
Havia uma placa para não entrar na propriedade, mas o track que estávamos seguindo indicava passar pelo quintal da casa. Percebemos que tinha o que parecia ser outro caminho, porém seguimos o mapa gravado. Logo atravessamos um rio e continuamos até a próxima parada: a Praia de Indaiaúba.
Com mais 3km desde a Enchovas, passamos pela placa que indica a propriedade particular do que já falaram ser um antigo rei da soja, estaríamos sendo monitorados uma vez ali e a partir de então o trajeto era de calçamento. Depois de avistar uma cachoeira elegante, eis que chegamos na Praia de Indaiaúba. Eu logo me joguei no chão para fazer uma pausa mais longa. Eu já tava sentido a trilha e ainda nem tinha chegado a parte pior rs. A trilheira que conversamos no Hostel chegou logo em seguida, e partiu direto pra conseguir uma carona de volta pra Bonete com os diversos barcos de passeio que estavam em Indaiaúba. Um moço que trabalhava lá na propriedade, deu um salve também, ele disse que viu a gente lá no Okreanos no dia anterior. Cheguei a perguntar pra ele se tinha barco regular pra Castelhanos de lá, e ele disse que não. Só perguntei pra saber mesmo, eu ia sim encarar o restante da trilha de qualquer jeito.
Praia de Indaiaúba - Abril/2025
30 minutos de descanso e bora partir. Assim que saímos, um grupo chegou, esse grupo estava acampado lá no Outro Canto também, nem vimos a hora que chegaram e também saímos do camping mais cedo.
Adiante, veio uma adutora antiga e voltou o trecho de trilha mesmo. Após passar um ponto de captação de água é necessário ter atenção, pois uma pequena barragem nos faz crer que a trilha segue direto, porém nesse trecho há uma bifurcação importante à direita. Esse foi o único ponto de confusão que vi nessa trilha, de resto com o mapa fica bem de boa a navegação, já em termos de exigência física, não posso dizer o mesmo. Essa parte vem mesmo pra desafiar, primeiro com uma subida que atinge uma elevação de quase 300 metros de altitude sendo que a gente parte praticamente do zero. Com muita paciência e junto de dois apoios que encontrei no mato essa subida foi vencida, e apesar de íngreme ela não é uma escalaminhada e isso já ajuda muito, navegação muito tranquila.
Agora depois que passamos essa subida aí sim começou a mata se fechar cada vez mais, muitas arvores atravessadas, trecho com cipós atravessados, bambus... aí se faz necessário desviar, pular obstáculos, se arrastar, era uma mistura de tudo isso, por um longo tempo e deixando a trilha mais cadenciada por si só.
Por bem dizer só com 16,5km de trilha, desde o início do dia, é que chegamos num local com a vegetação baixa e menos densa. Foi o momento que já conseguíamos avistar um pouco da Praia Vermelha. Nesse trecho só descida, ufa! Não dava pra esmorecer porque ao olhar para o céu era nítido o sinal de que iria chover e não ia ser pouca coisa. Escureceu consideravelmente. Mas tínhamos aí mais uns 3km pra chegar em Castelhanos.
Aqui, novamente, muitos pontos de coleta de água, não precisávamos andar com a garrafa cheia. Logo chegamos na Praia vermelha. Uma praia bem bonita e de tombo, areia fofinha e tamanho moderado. Alguns locais que cumprimentamos e perguntamos se faltava muito. Uns 30/40 minutos foi a resposta junto com o incentivo de que a trilha agora é super tranquila. De fato era mesmo, alguns trechos até calçados e por todo o trajeto tinha corrimões. Nessa parte encontramos muitos locais voltando de Castelhanos e sempre muito simpáticos, achei legal a vibe de lá.
A tensão era essa: chegar antes da tempestade. Quanto à trilha noturna, não teve jeito fizemos um trecho usando as lanternas, mas como já tava chegando menos mal e pelo movimento menos chances de encontrar alguma cobra no meio da trilha. E assim se fez, não trombamos com nenhuma.
Enfim, 18h já tinha se passado quando chegamos em Castelhanos, já bem escuro e muitas nuvens de chuva. Alguns barcos iam voltando com os últimos turistas que lá estavam. Como não tínhamos reservado nada ainda, procuramos um camping. No mapa apareceu a opção do Camping do Leo e lá fomos. Missão cumprida, foi incrível. E quando vi que lá o espaço das barracas tinha cobertura de lona, apenas deitei no chão contente demais. Não deu 10 minutos e a chuva veio sem piedade, forte demais!!!
Praia de Castelhanos e a volta de Jipe.
Na madrugada eu tinha acordado pra ir ao banheiro e dei uma olhada pro céu e já tinha eu faixa boa de céu limpo e estrelado. Já imaginei que iria amanhecer um tempo bom.
nascer do dia em Castelhanos
Não deu outra, acordei de fato umas 06h30 e já segui até a faixa de areia da praia e lá estava um sol lindo nascendo, foi incrível. Castelhanos tem um ambiente mais roots ao meu ver, uma praia mais calma para banho. Com o repelente em dia, me pus a caminhar até sua extremidade esquerda, onde é o caminho pra cachoeira do gato, essa queda não fomos dessa vez, nos atemos em visitar o Mirante do Coração com sua escadaria de madeira que facilita a nossa ascensão até o mirante.
O café da manhã foi no Camping e Restaurante do Castelhanos, que se localiza ao lado do Camping do Leo, lá inclusive foi onde comemos um lanche na noite anterior, e lá é um camping com chalés, o atendimento foi bem bom, vale a pena!
Pra relaxar, finalmente tomei aquele banho de mar merecido, numa água cristalina e bem calma... que lugar abençoado, demais! Depois foi só curtir o Quiosque da Déka com Heineken por R$ 20 a garrafa de 600ml e a famosa e saborosa caipirinha de folhas de mexerica por R$25. Castelhanos é tudo de bom! Lembro-me de um colega viajante jipeiro que trombei lá em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros. Lá ele me indicou essa praia, pois eu fiz a besteira de dizer que preferia água doce do que água salgada, daí ele comentou que na real eu não conhecia as praias mais firmeza e me indicou essa de Castelhanos rs. Ele tinha razão. E só agora, depois de uns 6 anos, que tive a oportunidade de ir.
Praia de Castelhanos - Abril/2025
Meu primo logo ajeitou de negociar a volta no quiosque mesmo, pois o tempo tinha ficado escasso pra abandonar ali e ir negociar lá perto do estacionamento com o pessoal das agências. Ali mesmo aceitamos o valor de R$100 e garantimos a volta de jipe, até porque lá, nessa estrada de volta, tem horário programado pra quem vem e pra quem vai. Do Perequê até Castelhanos o horário de funcionamento é das 07h às 14h. De Castelhanos pra Perequê é das 15h às 19h. e foi mais uma aventura em si essa volta. O jipe vai que vai e foi melhor mesmo essa opção, pois caminhar por ali não valeria a pena nesse momento, são 22km. Nos demos por satisfeito!!! A travessia ficou concluída dessa forma. Realmente fiquei muito contente com essa aventura!