PETAR, que é a sigla de Parque Estadual Turístico do Alto
Ribeira, é uma preciosidade localizada no sul do estado de São Paulo e que
detém uma boa parte de Mata Atlântica preservada e mais de 300 cavernas. Não pra
menos, é considerado um patrimônio da humanidade, reconhecido pela UNESCO e um
destino bem difundido nos meios trilheiros e amantes do ecoturismo.
Criado em 1958, o parque possui quatro núcleos de visitação:
Santana, Ouro Grosso, Casa de Pedra e Caboclos. Dessa vez eu visitei num dia o Núcleo
Caboclos e no outro, o Núcleo Ouro Grosso.
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| Chuveiro na TEMIMINA |
De acordo com o site PetarSP, “o Núcleo Caboclos foi o
primeiro núcleo de visitação a ser criado e está localizado na parte alta do
PETAR SP divisa entre Apiaí e Iporanga. Porém, é o que possui menor infraestrutura,
mas sendo o único que há um espaço para montagem de barracas, dois banheiros e
dois chuveiros. Não há pousadas, bares nem energia elétrica, portanto não há
banho quente.” Ou seja, este núcleo se encontra bem ao centro do PETAR, numa
área mais isolada dos demais núcleos. No entanto, abriga várias cavernas lindas,
tais como: Temimina, Desmoronada e Pescaria. É o único núcleo de visitação do
parque que possuí em seu interior área para camping, com lavanderia, banheiros
e sanitários, sob administração da direção do parque. É cobrada uma taxa de
visitação.
Para chegar no Núcleo Caboclos, saindo do Bairro da Serra em
Iporanga, seguimos até Apiaí e de lá mais alguns quilômetros até a portaria do
núcleo, variando entre estrada asfaltada e parte de terra batida, num total de
75km. (vide o trajeto gravado por uma trilheira - https://pt.wikiloc.com/trilhas-off-road/acessos-inicio-da-trilha-da-caverna-temimina-apiai-e-bairro-da-serra-petar-36810289
)
Já o Núcleo Ouro Grosso fica no bairro da Serra mesmo (Vale
do Betari), tem um centro de Educação Ambiental que envolve os habitantes
locais, além do atendimento aos grupos que executam trabalhos de interpretação
ambiental, possuindo um pequeno museu com utensílios tradicionais da região. Com
isso, é lá que fica a caverna Ouro Grosso. Também faz parte desse núcleo a
Caverna do Alambari de Baixo, que tem uma trilha junto com o rio dentro da
Caverna.
A maioria das cavernas deve ser acompanhada por guias locais, inclusive os dois roteiros que fui. Então, dias antes de ir, entrei em contato com uma agência local e tive uma ótima experiência com a Mono Turismo & Aventura.
Relato
Eu tinha um fim de semana para aproveitar e uma vontade
tremenda de tirar um grande roteiro da lista, ou pelo menos cumpri-lo
parcialmente, que era o de ir para o PETAR. Essa coisa de obrigatoriedade de
guia me fez postergar um bom tempo, mas chegando lá percebi de fato a
necessidade. Não sei se a sensação foi só pelo fato de eu ter ido com um guia
muito bom, o Ivo. A agência também foi bem útil e gostei por ser realmente as
pessoas locais que estavam à frente do negócio. O site deles já tinha relatado
o grosso dos pacotes e com preços e tal. Como seria minha primeira vez nas
cavernas do PETAR, eu tava pensando no roteiro mais basicão mesmo, na humilde,
pois eu curto ir conhecendo aos poucos também. No entanto, no meu contato, ele
ofertaram um outro pacote, ao invés do Núcleo Santana (mais próximo do bairro
Serra) e o Ouro Grosso, ficaria o Núcleo Caboclos e Ouro Grosso.
Assim eu fechei, ainda mais quando foi disso que desse modo
teríamos uma trilha em meio à mata atlântica. Adivinharam na certa a minha
vontade, mesmo sem querer. Paguei R$ 380,00 no pix, preenchi um formulário e li
as instruções. Dentre elas, tinha o de levar trajes de banho, mas que não podia
entrar nas cavernas de camiseta regata, nem de bermuda, e com calçados
fechados. Foi dito também que o transporte até o núcleo seria com o veículo
particular. No geral foi isso. Numa sexta, após a faculdade, fui dormir direto.
19/07/2025 – Núcleo Caboclos
Despertei na madrugada, passou muito rápido o tempo de
descanso, mas eu tinha hora marcada, 05h30 na frente da agência para pegar o
guia, encontrar com o outro grupo que ia junto e seguir mais uns 70km até o
núcleo Ouro Grosso. A viagem de São Paulo até Iporanga foi pela Rodovia Regis
Bittencourt, que estava neblinada em vários trechos, mas no geral foi uma
viagem tranquila.
Cumpri o horário e teria apenas um casal pra chegar e ir
junto, outro grupo tinha desistido ao saber da caminhada que teríamos que
fazer. Esse casal quando ficou sabendo dos 70km quase que queria desistir
também. Realmente é um pouco mais distante, porém a minha vontade de estar ali
sobressaía qualquer percalço sobre o cansaço da viagem. No entanto, pra quem
não tá na sede de ir fica meio ressabiado.
Eu já tava maravilhado com o clima do Bairro Serra, sentir
aquele ar já tinha dado uma revigorada boa. Mal sabia que tava só começando a
aventura em meio a um ambiente belíssimo.
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| Portal |
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| Jardim Suspenso |
Ao chegarmos na portaria do Núcleo Caboclos, assinados o
caderno do monitor que mora por lá, ouvimos algumas de suas histórias –
inclusive com onças da região. Depois disso pudemos seguir mais alguns
quilômetros até estacionar na entrada trilha. Agora ia começar a brincadeira,
mas sem antes ouvir as instruções do Ivo, nosso guia.
A região do PETAR é propícia para desenvolver cavernas, por
isso o número delas sempre acaba aumentando, sendo uma área que é palco para
diversas pesquisas e estudos. Para os habitantes locais o turismo é uma boa
fonte, eles estão muito bem preparados para receber seus visitantes e acaba por
se tornar também um turismo de base comunitária. Todavia, tem possibilidades para
todos os gostos e bolsos.
Iniciamos nossa caminhada imersos no diferencial que esse
núcleo nos proporcionara, a experiência de mergulhar na Mata Atlântica. E Ivo
seguia nos contando muito sobre o local com seu conhecimento multidisciplinar. A
trilha em si tava tranquila, bem batida e não muito fechada. Ou seja, eu
poderia caminhar em pé numa boa (sem ter que ficar me agachando). Sobre subidas
e descidas o que posso dizer é que apenas na volta tem uma ascensão que exige
um pouco mais de esforço, mas é uma trilha que vai adultos, crianças e idosos
também.
O meu tracklog eu gravei até o Salão de entrada da caverna,
pois tenho ciência que não funciona nesses locais e decidi então paralisar ali.
Foram 5km até a caverna, o tempo nublado e ainda assim o local surpreendia.
https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/petar-nucleo-caboclos-caverna-temimina-19-07-25-222710634
Na real, uma das mais fantásticas experiências da minha vida
estava prestes a acontecer ao adentrar todo o complexo da Caverna Temimina.
Logo de início veio o Jardim Suspenso, que em dias ensolarados impressiona mais
ainda esses meros seres que aparecem para visita-lo. De acordo com a Mono, o
Jardim Suspenso... “é um enorme salão com abertura no teto, formando uma
claraboia que permite a entrada de luz e sustenta diversas espécies de plantas,
criando verdadeiro jardim ornamentado.” Tudo isso só pra começar, pois
internamente “há uma grande diversidade de espeleotemas, como estalactites,
estalagmites, cortinas e pérolas.”
Entre estes espeleotemas, temos o que é chamado de “chuveiro”,
talvez a atração mais instagramável do local, e onde obvio forma uma certa
fila pra tirar fotos dessa grande loucura proporcionada pela natureza. Algo tão
magnifico é formado pela deposição de carbonatos e cálcio nas bordas de um
intenso fluxo subterrâneo, criando assim uma espécie de ducha no teto da
caverna. Ouse já, é natural é 24h de água caindo, retos e constantes. Só fiquei
imaginando as primeiras pessoas que viram isso, pois no escuro nada se percebe,
mas ocorre uma iluminação através das lanternas, aí o cenário muda
completamente. Um show de fato!
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| caverna |
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| Chuveiro |
Enfim, a caminhada nessa caverna é muito agradável, bem
espaçosa e o nosso guia sabia bem as posições das fotos. Nisso eu tive outra
sorte, pois tive colegas de trilha, o casal, que possuíam uma câmera bem melhor
que a minha pra tirar as fotos, daí fizeram essa gentileza!
Nossa volta foi bem rápida também, fizemos a trilha numa estilingada
só. Eles não estavam contando com os mais de 70km de deslocamento da agência
até a portaria do parque, e por isso estavam com o tempo contado para a volta.
Pra mim também foi útil essa volta rápida, pois eu havia dormido bem pouco e
encarado uma viagem de mais de 5 horas.
Já era bem de noite quando eu me encostei no camping, pra
descansar um capote!
20/07/2025 – Núcleo Ouro
Grosso
Acordei cedo, não com o tempo de folga que eu tanto queria,
isso porque no camping tinha um bom café da manhã e um papo super interessante com
o proprietário do Camping Moria, que, inclusive, tem uma infraestrutura bacana
e fica aqui indicado como opção. Fiquei ouvindo as histórias culturais da
região que quase me atrasei pro encontro na porta da agência para mais um dia
de aventura.
Marcado pras 07h45 ou 08h cheguei bem em cima da hora, eu
ainda meio ofegante do pique rápido que dei, o Ivo – nosso guia – logo disse: “Vc
não esqueceu o capacete, né?” Ops, eu havia esquecido, sim. Sorte que o camping
se situa a poucos metros dali.
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| queda |
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| riozin |
Dessa vez apenas duas pessoas pra fazer esse trecho do dia.
A moça muito gente boa nem ficou com raiva do meu pequeno esquecimento e assim
nossa caminhada partiu num clima agradável, o dia era pro Núcleo Ouro Grosso.
Neste tem a Caverna Ouro Grosso, que é formada por uma sucessão de cachoeiras e
poços – alguns deles profundos. Então a visitação fica somente até a primeira
cachoeira. Já a outra caverna do dia, a Caverna do Alambari de Baixo, “é
formada por um amplo salão na entrada e uma galeria fluvial, com um rio ativo.
O passeio segue por este rio até a ressurgência, por uma saída apertada no pé
da montanha” (Mono).
Nesse dia a caminhada foi mais pelo bairro rural, pudemos
passar pelos estabelecimentos dos habitantes locais, comprar mel, palmito em
conserva – de plantação local, etc. O guia Ivo sempre muito paciente e
explicando muitas coisas da região, daí fizemos uma parada na árvore com cheiro
de alho. Show! E depois entramos na caverna e dessa vez quem salvou nas fotos
foi a colega trilheira do dia, a Mariana. Mais um agradecimento! Pois, afinal,
caverna com cachoeira dentro dela, e ter que atravessar um rio meio que se
agachando na caverna não é pra menos, um desafio e aventura pra guardar na
memória e nos registros com muito entusiasmo!
Mais à tarde, de volta ao camping, foi tempo de um breve
descanso pra depois pegar estrada de volta pra São Paulo, satisfeito com esse
glorioso fim de semana no PETAR. Até uma próxima! Pé de natureza!
Vídeos curtos sobre esse rolê:
https://youtube.com/playlist?list=PLTpd6B8CHfMiA20SA0sbBymQ9OTkU5p_X&si=QzuAVr1FE1IU9RYL









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