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domingo, 4 de maio de 2025

Travessia Bonete x Castelhanos via Borrifos – Ilhabela/SP

Essa vida de poder algumas vezes caminhar imerso na natureza traz uma inspiração que flui para o restante de tempo da vida em que não se está nesses espaços. Inspiração (inspirational) que outrora poderia levar a lugares imagináveis apenas na mente, ou convertidos em versos, música e ritmos. Alguma vez se torna real e vivido. Então o que irei relatar a seguir se trata de uma bela travessia por praias paradisíacas rodeadas pela bem verde Mata Atlântica e passando por comunidades caiçaras. Mochila nas costas e muita disposição.

Trilheiros: Fuca e Fepa.

Link: playlist de vídeos curtos dessa trilha.

https://www.youtube.com/playlist?list=PLTpd6B8CHfMjTC95se-mQeMWAb137PuCY

Roteiro

- Dia 17/04/2025 – Chegada em Ilhabela e início da trilha até a Praia do Bonete passando por três cachoeiras (12 km de trilha – nível moderado).

O link do trajeto que gravei:

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/trilha-para-a-praia-do-bonete-ilhabela-sp-209371608

- Dia 18/04/2025 – Dia de curtir a praia e a vila do Bonete.

- Dia 19/04/2025 – Trilha do Bonete até Castelhanos passando por três praias nessa travessia. (19 km de trilha – nível difícil).

O link do trajeto que gravei:

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/ilhabela-2-praia-do-bonete-ate-castelhanos-19-04-25-209754497

- Dia 20/04/2025 – Dia de curtir a praia de Castelhanos e voltar de Jipe até o centro pra depois seguir viagem para São Paulo.


Mirante do Coração na Praia de Castelhanos - Abril/25

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Relato

Localizada no litoral norte do estado de São Paulo, Ilhabela é um município-arquipélago que é muito procurado por turistas, mochileiros e esportistas por oferecer diversos atrativos como praias, montanhas, cachoeiras, esportes, cultura e lazer. 

Nossa equipe era composta, mais uma vez, por mim e meu primo, Fepa. De travessias nesse estilo já tínhamos feito uma meia volta em Ilha Grande e também a Travessia da Juatinga, ambas no litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Obviamente ficamos encantados com estes lugares e sempre duvido que haja algo tão bom quanto. No entanto, tem sim rs. Essa travessia de Ilhabela é um exemplo do paraíso. 

Num feriado prolongado do mês de abril de 2025, logo decidimos fazer alguma viagem, a princípio poderia ser pros lados do Parque Nacional do Itatiaia, pois temos a Pedra do Sino já em mente pra fazer num dia e a Travessia Couto-Prateleiras (base) num outro. Contudo, a previsão não tava tão boa pra lá e no site contava que o Morro do Couto tava interditado, enfim, escolhemos o roteiro de praias.

Já pela manhã de quinta-feira, dia 17/04/25, partimos de SP pra São Sebastião de carro. Tanque cheio por volta de R$260,00 e mais os custos do pedágio junto com a travessia da balsa constavam uns R$ 60,00. Só a travessia da balsa entre São Sebastião e Ilhabela custava R$ 19,50. Quem estiver a pé ou de bike não paga.

Quando se chega na balsa já dá pra notar a beleza do outro lado da borda. Olhando pra esquerda parece ser a direção norte da Ilha/arquipélago e pra direita tínhamos a parte sul da ilha. O nosso destino era pra parte sul e um pouco antes das 13h já começamos a trafegar numa estradinha estreita que na nossa direita aparecia diversas praias margeando essa estrada, fora o visual estonteante de toda aquela água bem azul contrastando ou se juntando com o verde dos morros.

Não fizemos paradas e fomos direto até Borrifos, pois nosso tempo tava contado pra iniciarmos a trilha, uns 12km nos esperava pra caminhar e como já tínhamos chegado de viagem e dormido mal, o ritmo poderia ser mais cadenciado e não queríamos e nem gostamos de fazer trilha à noite, ainda mais num lugar que é conhecido por se ter muitas cobras, por exemplo.

Em termos de logística existem algumas possibilidades pra quem vai de carro, mas dá pra ir de ônibus também, tranquilo. Fizemos essa avaliação se iríamos de busão ou de carro. Fizemos a contas de tempo e grana e então decidimos ir de carro. Agora tinha que pensar onde deixar o carro estacionado durante uns 3 ou 4 dias. Primeiro pensamos antes da balsa, ainda em São Sebastião, depois pensamos no centro de Ilhabela após atravessar a balsa e de lá pegar o ônibus até Borrifos. 

No entanto, como tínhamos o tempo contado pra iniciar a trilha do dia, optamos por estacionar lá em Borrifos mesmo, do lado da entrada do Parque Estadual de Ilhabela e início da trilha para a Praia do Bonete. Só que no final a travessia termina lá do outro lado, daí teríamos que voltar pro centro e pegar esse ônibus de qualquer jeito. Enfim, acertamos o valor de R$ 40 a diária e o primeiro dia com desconto de R$ 10 lá no estacionamento do Zé da Sepituba. Pagamos R$110 para 3 dias.

Início da Trilha do Bonete (12km)

Um pouco antes das 14h estávamos ouvindo as instruções do monitor do parque que, diga-se de passagem, não foi muito amigável e esboçou uma bronca em nós devido ao horário. Disse que já tava tarde e o trajeto seria de cinco a seis horas de trilha. Eu disse que estávamos preparados para justamente fazer essa caminhada, e estipulamos que faríamos em menos de quatro horas. Ele disse que havia chovido dias anteriores e o trecho estava muito escorregadio. Aí fui inventar de falar sobre nosso plano de travessia até Castelhanos, foi então que ele não incentivou de forma alguma e que deveríamos procurar um guia para fazer o restante. Enfim, um banho de água gelada, mas estávamos preparados de fato. Adiante, só ouvimos suas instruções e partimos.

O dia tava lindo, não com aquele sol forte, mas um nublado de boa. Previsão de chuva não tinha para aquele dia e contávamos com isso. Após receber os bons incentivos do monitor, logo comentamos que se estivéssemos de chinelo, chapados, com bagagens de mão, aí seria motivo pros alertar incisivos. No entanto, não era o caso, e se uma pessoa não tivesse pesquisado sobre a trilha a ser enfrentada, talvez desistiria ali e buscava ir de barco, ou contratar um guia, ou se hospedar por ali perto, sei lá, só sei que após 2,3km veio uma bifurcação que leva pra Fazenda da Laje à direita, porém seguimos à esquerda pra logo depois, 200 metros, encontrar a Cachoeira da Laje. Nessa Fazenda tem a opção de passar o dia e opções de hospedagem também, ao longo da trilha havia placas com os preços. Como não tínhamos tempo pra passar lá, seguimos direto.

Ponte Cachoeira Laje
Na Cachoeira da Laje tem uma queda que parece um escorregador/tobogã, muito convidativo, o lugar é belíssimo de fato. Contudo, dessa vez só atravessamos a ponte sem fazer uma pausa lá. 

A trilha seguia muito bem demarcada, por vezes bem larga, tipo uma estradinha desativada que, sim, estava escorregadia em alguns trechos, mas nada de dificuldade. Também sabemos que eventualmente a comunidade do Bonete pode utilizar esse caminho se caso as outras opções estiverem indisponíveis.  

A caminhada continuou desimpedida, a cada passo aproveitava mais a oportunidade de estar imerso na mata atlântica, respirando um ar mais puro, botando a sola do pé em terra firme, não em cimento – isso faz a diferença! Teve sim algumas subidas e descidas, mas é algo que faz parte do jogo e curtimos isso. Eu sempre mais de boa, tinha dormido pouco e assim eu poupava as energias pra não passar perrengue, pois apesar da navegação ser tranquila, a trilha em si exige certo esforço físico, 12km no total não é também qualquer coisa e com mochila cargueira com roupas e barraca de camping acaba pesando um pouco.

Com quase 7km de trilha chegamos na Cachoeira do Areado, sua ponte estava interditada e também não fizemos uma pausa longa aqui e seguimos já sabendo que passamos da metade da trilha do dia rs. 

Com mais 3km chegamos no Mirante do Bonete, aqui já conseguimos avistar a praia e parece já estar pertinho, mas como o monitor tinha dito, isso era ilusão porque ainda faltaria uns 25 minutos. O mirante em si é belo, um visual do Bonete junto ao horizonte de morros e aquele céu com suas nuvens deixando um pouco de céu azul aparecer.

Avistando Bonete

Com mais de 500 metros adiante passamos por outro atrativo, a Cachoeira do Saquinho que, a exemplo das cachoeiras anteriores, apenas passamos demos salve e seguimos. Já começava a escurecer aos poucos, depois das 17h no mato dá a sensação de ser mais tarde, mas foi tudo ok. A seguir foi encontrar um mirante bem mais próximo da praia, que estava vazia, uma tarde que ia se finalizando!

Então antes de escurecer chegamos na Praia do Bonete, etapa primeira concluída com sucesso, um pouco de cansaço de fato e já fomos trocar ideia lá no Camping Outro Canto. Após a apresentação da anfitriã Valéria, decidimos acampar lá e então fomos montar as barracas, esse camping fica bem ao lado da trilha que fizemos. A vantagem de ser pé na areia conta com uma diária de R$ 70,00.

Nessa noite ainda fomos comer uma pizza e tomar uma breja na Pizzaria da Pousada da Rosa, foi show de bola, a vila é muito charmosa à noite, os estabelecimentos são criativos com os jogos de luzes, deixa um ambiente bem aconchegante. 

Dia de curtir a Praia do Bonete

Amanheceu mais um glorioso dia, logo certo eu fui pra perto da água do mar e de cara percebi algo que falam muito, mas bastante mesmo: os borrachudos de Ilhabela. Na noite anterior eu andei de boa em Bonete sem ser incomodado por nenhum. Depois fiquei sabendo que à noite eles dormem e que nesse momento poderia economizar o uso de repelente. Aliás, nem tínhamos comprado um repelente ainda, na balsa tava vendendo mas achamos que era superfaturado rs. Acabou que compramos um pelo mesmo preço e nem era o da ilha mesmo, porém serviu do mesmo jeito. Custou R$40 lá na Mercearia do Cláudio, perto do Hostel Sambaqui. 

E foi nesse hostel que tomamos o café da manhã, muito bom por sinal e um lugar bem legal! Pagamos R$ 40 cada um. Adiante, com um dia convidativo para uma caminhada, fomos até a outra extremidade da praia e assim passamos um tempo perto do rio, meu primo chegou a se banhar. Eu fiquei de boa, achei que o mar tava meio agitado, preferi contemplar a natureza numa rocha. 

Água doce se junta com a Salgada
Nesse meio tempo, alguns barcos já iam chegando com os visitantes para serem recepcionados pelos locais e alguns cachorros que brincavam na areia. Na água muitas crianças se divertiam pra valer!

Mais tarde fomos beber aquela gelada no quiosque das meninas e de lá só saímos pra ir almoçar lá no Restaurante. Depois continuamos os trabalhos lá no Okreanos, ouvindo um bom som e olhando o movimento da vila. Já era noite quando fomos na Pizzaria Laboneteria, lugar show de bola novamente.

A trilha do desafio: Bonete até Castelhanos (19km)

Confesso que bebi mais do que imaginava no dia anterior, mas ainda desse jeito dormi bem tranquilo. O céu azul estralava e o dia prometia ser sofrido rs. Na cabeça eu imaginava uns 16km já sabendo que na real era mais de 18km, fora uma subida máster, que só de olhar no mapa dava preguiça. Mas eu sabia também que com aquela velha paciência tudo se resolve. E pra me consolar sempre digo, pior que o bate-volta da pedra da mina não haveria de ser, então bora!

Antes, tomamos um bom café da manhã no mesmo hostel do dia anterior, o Hostel Sambaqui. Lá, outra trilheira disse que iria até Indaiaúba. Nós seguimos na frente, a mochila parecia estar mais pesada nesse dia, mas era só a sensação mesmo. Nesse trecho que viria os pontos de água são vários, então não há necessidade de carregar tanta água.

Depois de passar por dentro da vila e atravessar umas duas pontes, logo veio uma subida boa. Esse trecho era exposto ao sol, lembrando que iniciamos umas 09h da manhã. Adiante, nos deparamos com um visual da Praia do Bonete, belíssimo! E um a bifurcação dizendo que pra direita seria um mirante, porém preferimos à esquerda e continuamos a caminhada, até aqui 2,5km já tinha ficado pra trás.

Aqui o aspecto da trilha ainda era parecido com uma estradinha, um pouco mais larga e bem tranquila de navegação. Mais 1,5km chegamos no Mirante para a Praia das Enchovas e totalizando menos de 50 minutos chegamos em sua praia. Totalmente deserta, apenas uma propriedade privada e nada mais. Muitas pedra e uma faixa de areia mais tímida que, com uma maré mais alta, pode desaparecer;

Praia das Enchovas - Abril/2025
Havia uma placa para não entrar na propriedade, mas o track que estávamos seguindo indicava passar pelo quintal da casa. Percebemos que tinha o que parecia ser outro caminho, porém seguimos o mapa gravado. Logo atravessamos um rio e continuamos até a próxima parada: a Praia de Indaiaúba.

Com mais 3km desde a Enchovas, passamos pela placa que indica a propriedade particular do que já falaram ser um antigo rei da soja, estaríamos sendo monitorados uma vez ali e a partir de então o trajeto era de calçamento. Depois de avistar uma cachoeira elegante, eis que chegamos na Praia de Indaiaúba. Eu logo me joguei no chão para fazer uma pausa mais longa. Eu já tava sentido a trilha e ainda nem tinha chegado a parte pior rs. A trilheira que conversamos no Hostel chegou logo em seguida, e partiu direto pra conseguir uma carona de volta pra Bonete com os diversos barcos de passeio que estavam em Indaiaúba. Um moço que trabalhava lá na propriedade, deu um salve também, ele disse que viu a gente lá no Okreanos no dia anterior. Cheguei a perguntar pra ele se tinha barco regular pra Castelhanos de lá, e ele disse que não. Só perguntei pra saber mesmo, eu ia sim encarar o restante da trilha de qualquer jeito.

Praia de Indaiaúba - Abril/2025

30 minutos de descanso e bora partir. Assim que saímos, um grupo chegou, esse grupo estava acampado lá no Outro Canto também, nem vimos a hora que chegaram e também saímos do camping mais cedo.

Adiante, veio uma adutora antiga e voltou o trecho de trilha mesmo. Após passar um ponto de captação de água é necessário ter atenção, pois uma pequena barragem nos faz crer que a trilha segue direto, porém nesse trecho há uma bifurcação importante à direita. Esse foi o único ponto de confusão que vi nessa trilha, de resto com o mapa fica bem de boa a navegação, já em termos de exigência física, não posso dizer o mesmo. Essa parte vem mesmo pra desafiar, primeiro com uma subida que atinge uma elevação de quase 300 metros de altitude sendo que a gente parte praticamente do zero. Com muita paciência e junto de dois apoios que encontrei no mato essa subida foi vencida, e apesar de íngreme ela não é uma escalaminhada e isso já ajuda muito, navegação muito tranquila. 

Agora depois que passamos essa subida aí sim começou a mata se fechar cada vez mais, muitas arvores atravessadas, trecho com cipós atravessados, bambus... aí se faz necessário desviar, pular obstáculos, se arrastar, era uma mistura de tudo isso, por um longo tempo e deixando a trilha mais cadenciada por si só. 

Por bem dizer só com 16,5km de trilha, desde o início do dia, é que chegamos num local com a vegetação baixa e menos densa. Foi o momento que já conseguíamos avistar um pouco da Praia Vermelha. Nesse trecho só descida, ufa! Não dava pra esmorecer porque ao olhar para o céu era nítido o sinal de que iria chover e não ia ser pouca coisa. Escureceu consideravelmente. Mas tínhamos aí mais uns 3km pra chegar em Castelhanos.

Aqui, novamente, muitos pontos de coleta de água, não precisávamos andar com a garrafa cheia. Logo chegamos na Praia vermelha. Uma praia bem bonita e de tombo, areia fofinha e tamanho moderado. Alguns locais que cumprimentamos e perguntamos se faltava muito. Uns 30/40 minutos foi a resposta junto com o incentivo de que a trilha agora é super tranquila. De fato era mesmo, alguns trechos até calçados e por todo o trajeto tinha corrimões. Nessa parte encontramos muitos locais voltando de Castelhanos e sempre muito simpáticos, achei legal a vibe de lá.

A tensão era essa: chegar antes da tempestade. Quanto à trilha noturna, não teve jeito fizemos um trecho usando as lanternas, mas como já tava chegando menos mal e pelo movimento menos chances de encontrar alguma cobra no meio da trilha. E assim se fez, não trombamos com nenhuma.

Enfim, 18h já tinha se passado quando chegamos em Castelhanos, já bem escuro e muitas nuvens de chuva. Alguns barcos iam voltando com os últimos turistas que lá estavam. Como não tínhamos reservado nada ainda, procuramos um camping. No mapa apareceu a opção do Camping do Leo e lá fomos. Missão cumprida, foi incrível. E quando vi que lá o espaço das barracas tinha cobertura de lona, apenas deitei no chão contente demais. Não deu 10 minutos e a chuva veio sem piedade, forte demais!!!

Praia de Castelhanos e a volta de Jipe.

Na madrugada eu tinha acordado pra ir ao banheiro e dei uma olhada pro céu e já tinha eu faixa boa de céu limpo e estrelado. Já imaginei que iria amanhecer um tempo bom. 

nascer do dia em Castelhanos
Não deu outra, acordei de fato umas 06h30 e já segui até a faixa de areia da praia e lá estava um sol lindo nascendo, foi incrível. Castelhanos tem um ambiente mais roots ao meu ver, uma praia mais calma para banho. Com o repelente em dia, me pus a caminhar até sua extremidade esquerda, onde é o caminho pra cachoeira do gato, essa queda não fomos dessa vez, nos atemos em visitar o Mirante do Coração com sua escadaria de madeira que facilita a nossa ascensão até o mirante.

O café da manhã foi no Camping e Restaurante do Castelhanos, que se localiza ao lado do Camping do Leo, lá inclusive foi onde comemos um lanche na noite anterior, e lá é um camping com chalés, o atendimento foi bem bom, vale a pena!

Pra relaxar, finalmente tomei aquele banho de mar merecido, numa água cristalina e bem calma... que lugar abençoado, demais! Depois foi só curtir o Quiosque da Déka com Heineken por R$ 20 a garrafa de 600ml e a famosa e saborosa caipirinha de folhas de mexerica por R$25. Castelhanos é tudo de bom! Lembro-me de um colega viajante jipeiro que trombei lá em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros. Lá ele me indicou essa praia, pois eu fiz a besteira de dizer que preferia água doce do que água salgada, daí ele comentou que na real eu não conhecia as praias mais firmeza e me indicou essa de Castelhanos rs. Ele tinha razão. E só agora, depois de uns 6 anos, que tive a oportunidade de ir.

Praia de Castelhanos - Abril/2025
Meu primo logo ajeitou de negociar a volta no quiosque mesmo, pois o tempo tinha ficado escasso pra abandonar ali e ir negociar lá perto do estacionamento com o pessoal das agências. Ali mesmo aceitamos o valor de R$100 e garantimos a volta de jipe, até porque lá, nessa estrada de volta, tem horário programado pra quem vem e pra quem vai. Do Perequê até Castelhanos o horário de funcionamento é das 07h às 14h. De Castelhanos pra Perequê é das 15h às 19h. e foi mais uma aventura em si essa volta. O jipe vai que vai e foi melhor mesmo essa opção, pois caminhar por ali não valeria a pena nesse momento, são 22km. Nos demos por satisfeito!!! A travessia ficou concluída dessa forma. Realmente fiquei muito contente com essa aventura!

Pé de Natureza, é nóis que tá! 



quinta-feira, 11 de julho de 2024

Trilha das Sete Praias de Ubatuba – SP

Nada do que ter aquele sueto (folga) para fazer uma trilha e respirar o desejável ar da natureza. Nada do que ter uma previsão do tempo favorável para exercitar as pernas e descansar a mente numa viagem, que embora breve e dinâmica, foi bem proveitosa.

O destino da vez foi nada mais nada menos que Ubatuba, esse belíssimo litoral que aos poucos eu passo a conhecer. A trilha da vez foi a da 7 praias, muito já tinha ouvido falar desse rolê. Ouvi tanto que me parece que o certo era eu ter feito essa trilha antes mesmo de ter encarado a Travessia da Joatinga, na região de Paraty e até mesmo antes de ter trilhado por Ilha Grande, Angra dos Reis. Mas o destino quis assim e tá tudo certo – o importante é que aproveitei da mesma forma.

Pontão da Fortaleza

Transporte: Fui de ônibus, embarquei na rodoviária do tietê no dia 29/05/2024. Comprei a passagem para 22h30 e paguei por volta de R$120,00, pela internet. O fato é que acabei me atrasando e consequentemente perdendo o ônibus desse horário. O desespero de quem teria que abortar a missão ou ter que esperar o primeiro horário do dia seguinte já veio latente, por sorte havia mais um horário, pois era véspera de feriado que culminaria num fim de semana prolongado. Parti nesse busão das 23h20.

O fato é que por volta das 04h00 eu desembarquei na rodoviária de Ubatuba (essa rodoviária da pássaro marron, para ônibus de sp). Dessa rodoviária segui para o terminal rodoviário da verde bus, lá eu tomaria o primeiro ônibus do dia, rumo à Praia de Fortaleza. O horário desse ônibus foi o da 04h50, preço de R$5,00.

Desci no final dessa linha Fortaleza, nisso o dia ia amanhecendo ainda, de forma tímida. Não era nem 06h30 e eu estava parado na praia de fortaleza vendo o dia nascer. A maré tava alta, portanto fiquei bem encostado nas muretas da casas grandes e bonitas que beiravam o mar. Ainda assim, o lugar se dá totalmente cercado pela exuberante mata. Ubatuba consegue proporcionar isso pra gente.

Pontão fortaleza


Trilha: Olhando de frente para o horizonte, iniciei a trilha na ponta direita da praia. Não era nem 07h da manhã ainda. Estava sozinho e ninguém tinha chegado na praia de fortaleza até então. Uma placa indicava o começo e passava algumas informações. Logo depois veio uma bifurcação que era bem obvia, pra um lado tinha o caminho para as piscinas naturais e do outro, continuava a travessia. Como as piscinas naturais é bom conhece-las já sob o sol feito, deixei pra próxima, até porque o mar tava bem agitado e nada de formar aquelas piscinas tranquilas.

Logo depois apareceu outra bifurcação, à esquerda seguia para a Pedra da Tartaruga e Pontão da Fortaleza. Pra lá eu fui, um trecho breve e já estava apreciando o local, de quebra já tive todo um visual da praia de fortaleza além de avistar ao fundo o Pico do Corcovado, bem amostrado em meio à mata.

Após alguns clicks, voltei pelo mesmo caminho até a bifurcação e retomei o caminho da travessia, rumo à Praia do Cedro. Posso afirmar que esse trecho (até Cedro) foi o mais cansativo de todo o rolê, até porque é onde se atinge os ponto máximo da travessia (86metros de altitude), mas ainda assim é de boa de fazer, na cautela fica tranquilo por demais, alguns sobes e desces, alguns trechos um pouco inclinados e até escorregadios para ser ter atenção, no entanto, nada impossível. Meu ritmo foi suave, todo cuidado com os trecho que se fechavam um pouco e com isso aquela atenção com animais peçonhentos e tal. Acredito que em 1 hora de trilha eu estava na Praia do Cedro.

Bonete


Aqui o mar continuava agitado, tinha uma turma acampada em uma barraca, acenei e continuei a caminhada pela areia fofa. Do lado mesmo, já tinha a Praia do Deserto, nisso passou por mim um moço da corrida, carregava apenas sua pequena mochila de hidratação e seguiu sentido contrário do meu. A temperatura tava amena nessa parte da manhã.

A próxima praia seria a Grande do Bonete, mas antes teria mais uma subidona, porém essa ia ganhando altitude aos poucos e numa trilha um pouco mais aberta. Totalmente autoguiada também, sem erro. Como dito, o trecho mais difícil já tinha ficado pra trás. Na Praia Grande do Bonete já se tem algumas habitações e também há movimentos com vendas de alimentos e bebidas. Na ocasião eu deixei pra consumir algo só lá na Praia de Lagoinha mesmo, pois era muito cedo. Contudo, já havia uma galera pegando uns barcos sentido cidade. Locais, é claro.

bonetinho
Adiante veio a Praia do Bonetinho, todas elas ainda muito agitadas, nada daquela calmaria que eu tinha apreciado nas fotos. Ainda assim, ok! Tava na missão mesmo de caminhar e completar a travessia das 7 praias. A partir daqui tudo já ficava suave de vez, foi um caminhar descompromissado, com trechos agora com mais habitações, algum calçamento por vezes e eu trombando com vários trilheiros e trilheiras que estavam iniciando a travessia. No caso vieram lá da Lagoinha. Logo mais eu estaria lá também.

Por fim, ao chegar na Praia de Lagoinha, foi a vez de eu fazer minha pausa maior e curtir uma praia. Já pedi milho, pastel, cerveja, etc. Feliz e satisfeito com o rolê.

No final da tarde embarquei de volta pra SP, sem antes fazer uma refeição no centro de Ubatuba, já perto da rodoviária. Dessa vez fui pra um bate e volta mesmo, pois no fim de semana teria compromisso que não poderia faltar e nem emendar o feriadão. Vontade de ficar não faltou, pois Ubatuba é muito convidativa.

No mais, segue o link wikiloc da trilha gravada que fiz, terá mais infos sobre a trilha e ponto de água, etc.

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/trilha-7-praias-de-ubatuba-30-05-24-172498381

Até a próxima!

  

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Pedra da Mina via Paiolinho: um bate e volta puxado.

Trilha: Pedra da Mina (alt. 2798 m.) - 4º pico mais alto do Brasil.

Data: 18/05/2024 (bate e volta)

Trilheiros: Fuca e Fepa

Km: 16 aproximadamente - Nível: Muito difícil.

Wikiloc (gravado celular) = https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pedra-da-mina-via-paiolinho-171158614?utm_medium=app&utm_campaign=share&utm_source=2638789

Wikiloc (referência) = https://pt.wikiloc.com/trilhas-montanhismo/trilha-pedra-da-mina-via-paiolinho-mantiqueira-28954633


Pedra da Mina via Paiolinho: um bate e volta puxado.

Um certo fim de semana de maio de 2024, fomos andar e nos aventurar pela desafiadora Serra Fina, não para fazer a clássica travessia, mas para encarar um bate volta puxado de 1 um dia. No caso, o Pico da Pedra da Mina, via Paiolinho.

O dia escolhido foi um sábado, que foi trilhado por toda sua extensão do dia, e com trechos feitos à noite. No total, em torno de 15km ida e volta, mas não pensem que é pouco, pois o terreno acidentado por demais, as inúmeras escalaminhadas durante o trajeto, sobe e desce de morros, falsos cumes, etc., faz com que essa tarefa seja árdua por demais, aqui (lá), mais do que nunca, além do preparo físico, o psicológico precisa ajudar da mesma forma. Caso contrário, ocorre a desistência! Mas, como desistir de uma montanha? Principalmente quando já se está no meio do caminho? O sofrimento pode ser menor, voltando antes pra se preparar mais numa outra ocasião, porém o sofrimento psicológico posteriormente pode ser forte também. Uma escolha difícil. Então, é bom ter em mente que é fatigante, sim!


 

Planejamento

Chegou a temporada de encarar as montanhas, pegar dias com menos chuvas e com poucas chances de trovoadas, ah como era esperado essa época. No plano de uma trilha como essa é crucial saber a previsão do tempo, não tem margem para encarar tempestades nessa região – e isso eu me perguntava sempre lá no caminho: “imagina isso aqui na chuva?”

Outro ponto do planejamento é já agendar e comprar o ingresso de acesso ao RPPN, que é administrado pela Ruah! Ecoturismo. Lá, no site dessa empresa, tem as informações necessárias para adentrar tal trilha. Para o bem ou para incômodos, eles estão lá, nem sempre com preços acessíveis, mas parece que acaba por colocar uma certa ordem na situação. Ainda mais tendo em vista a fama que a Serra Fina possui e com isso atraindo muitas pessoas a fim de buscar momentos de aventuras. No entanto, nem sempre todos se comprometem a ter uma postura de mínimo impacto na serra, isso é o que intriga, pois o desfecho pode culminar em grandes desastres.



Então, ao comprar os ingressos, além de assinar os termos de responsabilidade, tem que ter alguns itens obrigatórios para trilhar. A título de exemplo: Shit Tube, Headlamp (Lanterna de cabeça), Manta de Emergência, Apito, Celular com carga, GPS (recomendado o Wikiloc da trilha – o app), etc.

Ingresso bate-volta: R$ 67,00 reais por pessoa visitante. ( https://trilhaserrafina.com.br/ )

Outro ponto é a questão da hospedagem. No nosso caso preferimos ir direto pro parque na madrugada, pois como iniciamos viagem após o trabalho numa sexta-feira, não compensava ir pra hospedagem chegando tarde lá (na hospedagem) e precisando acordar já cedo na madrugada. Mas essa escolha de ir direto até a portaria da trilha – Fazenda Serra Fina – é uma escolha cansativa também, até porque uma noite com um sono bem dormido não vai ter – e não teve rs.

Até tentamos alguns contatos, mas como não deram certo resolvemos ir direto pensando que conseguiríamos acampar no estacionamento da Fazenda Serra fina. Para nossa surpresa, tinha uma porteira fechada de cadeado a uns 2km ainda da guarita da trilha. Ok, cochilamos no carro mesmo. Não tava muito frio, o céu muito estrelado, mas não tinha tempo de ficar olhando pro ar, o jeito foi arriar os bancos e tentar algum cochilo que surgisse do nada, em meio à ansiedade também de já iniciar e de estar em viagem.

A estrada terra dava pra subir porque não tinha chovido por dias, mas em dias chuvosos deve ficar muito difícil de subir hein. Meu primo, Fepa, estava no volante e, já cansado também da viagem, levou o trecho mais ou menos numa boa. 01h30 da manhã estacionamos bem em frente dessa porteira fechada.

(dica: Pra facilitar já joga no google maps o trajeto antes, mesmo que use o waze na viagem. Ou até mesmo baixe o wikiloc desse trecho, de Passa Quatro até a Fazenda Serra Fina)

Outro ponto é a questão da alimentação, jamais subestime esse item, pois tem gente que não vive sem um café da manhã reforçado, outras pessoas preferem ter um almoço reforçado. Enfim, como é um bate e volta a intenção é justamente subir com menos peso possível, então inviável levar fogareiro e tudo mais, foi pensado, assim, em lanches de trilha, coisas para dar energia e sustância ao mesmo tempo.

(dica 2: Agora voltando à questão da hospedagem, a que usamos no retorno de tudo. O Fepa conseguiu um contato bom, de um Hostel recomendadíssimo: o Hostel Vila Carioca [Passa Quatro], bem aconchegante, receptivo e com bom custo-benefício. Um apartamento com 2 camas, banheiro com chuveiro quente, frigobar, toalhas, roupa de cama, café da manhã, da tarde, etc. saiu por R$ 230,00 pra 2 pessoas. Foi tudo que necessitávamos naquele momento da volta...)

Na trilha

Deu 05h00 em ponto e o rapaz que ficaria na guarita abriu a porteira. O cochilo passou tão rápido que parece que só pisquei. Nesse trecho a subida continua forte e cada vez mais íngreme. Não é pra menos, já iriamos parar na guarita que fica a aproximadamente 1550 metros de altitude. Agora, só pra ter uma ideia da bucha em que nos envolvemos, o cume da Pedra da Mina possui 2798 metros de altitude, e tudo isso de diferença deveria ser vencido não só subindo, mas descendo também, pois imagina você pensar que está se aproximando do topo, daí vem uma descida pra testar sua paciência, rs...

Haja paciência, é verdade, pois paciência é uma das virtudes, não é? Quando você pensar em dizer que nem seria tudo isso que dizem, calma, você terá a resposta no final, rs...

Eu iniciei a trilha sendo uma pessoa, aquela determinada, confiante, sem dores, cheia de fôlego, na volta a história foi outra.



Batia 05h40 quando já estávamos caminhado pela mata fechada, um trajeto sem muito aclive, um caminho sem obstáculos, como se fosse um passeio de bosque. O dia não tinha amanhecido ainda. Usávamos lanterna para iluminar os passos adiante. Andávamos rápido, tinha um grupo mais atrás, só que iriam acampar e, com isso, estavam mais pesados. Logo mais à frente vimos que esse grupo se dividiu em 2. Com 4 integrantes em cada um deles, o primeiro grupo nos passou após 1 hora de trilha. Nesse momento, já não precisávamos mais usar nossas lanternas e já tínhamos feito uma pequena pausa uns 10 minutos antes.

As bifurcações que mostravam no mapa - o wikiloc que eu tinha arquivado no off-line do meu app – não se fizeram presente nessa trilha, pois o parque fez um trabalho de “fechar” essas bifurcações, e aqui adianto, a trilha se encontra praticamente autoguiada, pois nos pontos de altitude mais elevada, têm-se os totens indicando o caminho correto, além de estarem também com o reflexo para lanterna em casos de caminhada noturna, e, além do mais, não tinha capins pra atrapalhar no curso do trajeto.

Depois de mais de 1 hora de trilha a subida começa a ficar mais inclinada, a erosão e obstáculos da trilha já se faz presente, o primeiro ponto de mirante chega a aparecer. Então a partir daí é só subida de fato. No entanto, acalme o coração, pois o trecho mais temido, o mais falado, talvez o mais desafiador do dia, ainda estava por vir: a subida do “Deus Me Livre”.



Após passar por uma clareia para acampamento, chegou então o último ponto de água, no caso é um ponto de água que se tem em toda a temporada, não seca. Esse ponto de água é importante pois se localiza bem no pré-Deus Me Livre. Depois disso, prepare-se para escalar e se trepar nas rochas. Aqui, não só força, mas paciência, novamente. 2 horas de trilha já tinha se passado. Momento esse que pensei que chegaria no cume com 5 horas no total... ledo engano. Mesmo já tendo ultrapassado o grupo que estava à nossa frente.

Com o Deus Me Livre vencido (em partes – tinha a volta rs) começou-se então a descida desse morro. Nisso, já avistava bem imponente a ascensão do morro “Misericórdia”. Até aqui tudo ia bem comigo, até que nessa descida passei a sentir uma velha dor que me vem acompanhando há tempos, sobretudo depois que jogo futebol ou fico muito tempo em pé. É uma dor na sola do pé, bem na região do calcanhar! Foi nesse instante que percebi que qualquer trecho de descida seria trabalhoso pra mim, no sentido que eu teria que evitar um impacto direto, ou seja, teria que aliviar e não pisar primeiro com o calcanhar, rs.

Uma coisa eu tinha na cabeça, quando esquentasse mais, essa dor iria passar... ledo engano novamente. Mas segui!



Eu entendo as pessoas falarem do Deus Me Livre, mas o Misericórdia judia da mesma forma. Minha nossa, que sequência é essa. Não é pra pouco, não. Puxado de fato!

O que torna tudo mais empolgante é a paisagem ao redor. Ah como essa região é bonita, que serra massa em nosso entorno. Olhar para o caminho traçado se torna uma cena de filme, um cenário desenhado com as melhores intenções possíveis. Ora vemos a cadeia de montanha da Serra Fina, ora avistamos a cidades bem pequeninas lá ao longe, quando não, estamos apreciando outras montanhas da Serra da Mantiqueira. Leva-nos a pensar que vale a pena, apesar de ser puxado.

Já tinha dado 5h10min de trilha quando eu estava próximo da base da Pedra da Mina. Acredito que era umas 11h25. Ou seja, nada de cume em 5 horas. De fato foi em 6h25min.


Antes de me acelerar para o ataque à Pedra da Mina, sentei (quase deitado mesmo rs) e pensei que não aguentaria, mas eu já tava pensando na volta. Ia ser tenso! Mas, mano, pra quê sofrer por antecedência...

Quando a neblina tomava a atmosfera, o tempo esfriava, daí eu colocava a blusa, mas logo o sol aparecia novamente, então tirava a blusa. Por bem dizer levei 2 blusas e nem usei direito. Uma coisa eu posso dizer que deu bom pra nós, foi o fato de ter ventado muito pouco, ufa! Lembro-me que no Pico dos Marins a ventania não cessou um segundo, aumentando consideravelmente a dificuldade de locomoção, aqui não tivemos esse problema.



Ah o Vale do Ruah, uma tela bela sob nossos olhos, foi só olhar para o lado, revitalizou pra subir o último trecho. Vencido, foi assinar o livro de cume, descansar um pouco curtindo visual, enquanto chegava um pessoal vindo lá da Toca do Lobo.  Já dos que tinham acampado lá em cima, uns 20 minutos depois de nossa chegada eles se foram.

Apesar de estar no topo, o pensamento nem sempre era favorável, era um misto de sentimentos. Por um lado, sensação de missão cumprida, sensação de objetivo alcançado. Por outro, nem tanto, pois ainda tinha a volta. Aqui, o ditado de que pra 'descer todo santo ajuda', não cabe nadinha. É real que eu estava cansado e, com a pausa, as dores no pé e nas coxas eram evidentes. Todavia, como dito, já não tinha como desistir, o jeito era se tornar outra pessoa, a pessoa da descida – aquela pouco determinada, com dores, pouco fôlego e quase chorona (reclamona) rsrs!



13h20 marcou o tempo da volta, encontraríamos mais pessoas fazendo o trajeto de ida, a maioria era a galera que ia acampar pra ver o pôr do sol e conseguintemente o nascer do sol no dia, isso se acordassem, é claro.

Além dos que estavam subindo, tinha um grupo que veio lá da toca do lobo, passando pelo Pico do Capim Amarelo, pela Pedra da Mina e descendo via Paiolinho. Esse grupo eu deixava passar, pra eu ir numa boa, meu primo foi bem à frente também. Vez e quando ele esperava num certo ponto. Quando ele retomava, daí era a vez de eu parar um pouco.

Percebi que tinha gente fazendo uma trilha dessa magnitude pela primeira vez, (ou até mesmo a primeira trilha deles?) e percebi que estavam frustrados pela tamanha dificuldade física, não técnica. Estavam com guia (talvez nem seja guia propriamente dito) que seguiu com parte do grupo bem avançado e deixou a maioria pra trás. Só vi que começaram um bate-boca bem entre morros, uma parte lá do Misericórdia e outra parte no cume do Deus me Livre. “Se fosse pra trilhar sozinhos não pagaríamos caro por um guia, etc”. Um exemplo das falas, rs.



Sei que pra atingir aquele ponto d’água lá na base do Deus me Livre demorou demais. Pensava que nunca ia chegar. O céu se preparava pra escurecer, foi questão de minutos e me pus a trilhar no escuro (mas com lanterna). Assim foi até as 20h20min, quando cheguei na portaria e dei baixa no meu nome. Nesse tempo o moço da guarita tava preocupado, algumas pessoas que marcaram bate-volta provavelmente iriam acampar lá. Outro grupo, o do guia mesmo, tava bem atrás e esse “guia” teve que voltar lá, em sua trilha noturna, para resgatar seus clientes, não parceiros de trilha.

Enfim, a volta fiz em 7 horas, sofridas por demais. Preciso de mais preparo, pois essa é puxada. Mas no final é agradável. Até porque prevalece o trecho que assinei no livro do cume:

“Quero assistir o sol nascer... ver as águas dos rios correr... ouvir os pássaros cantar... eu quero nascer, quero viver.... Deixe-me ir, precisar andar.....”

Pra um dia encarar a Travessia completa da Serra Fina!!!

Pé de Natureza!

Domingão: Parque Florestal Passsa Quatro


sábado, 2 de março de 2024

Travessia da Juatinga + Pico Mamanguá, RJ (4 dias)

Eis mais um capítulo da história de um viajante do espaço e do tempo, e que faz trilhas. Que às vezes pede que o sol confronte seu rosto. Que às vezes confirma que lá no céu limpo de uma noite qualquer, as estrelas lá estarão cuidando dos sonhos. Que desvela que após todo o esforço vem a recompensa, é aí que o simples nos deixa confortável.

Martin de Sá - Ponta da Juatinga
O relato que aqui descreverei trata-se da Travessia da Juatinga, que fica lá na região de Paraty, no litoral sul do estado do RJ. É de fato uma travessia clássica entre os praticantes de trekking no Brasil. Tal travessia situa-se na Reserva Ecológica Estadual da Juatinha e também faz divisa com a APA do Cairuçu.

No total, a quilometragem quase chegou aos 40km em toda travessia, feita em 4 dias! Conforme esboço do roteiro abaixo.

Thilheiros: Fuca e Fepa.

Nível: Difícil

Data: Feriado de Carnaval 2024

wikiloc/gps: (não gravamos nosso trajeto, mas deixarei o link dos que usamos para planejar e seguir no momento da travessia.)

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/travessia-do-saco-do-mamangua-e-ponta-da-juatinga-34394930

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/travessia-da-ponta-da-joatinga-da-praia-do-pouso-da-cajaiba-ate-a-vila-do-oratorio-paraty-rj-1591382

Dia 1 – 15km

- Paraty x Vila Oratória (Laranjeiras)

- Iniciamos a trilha 06h40

- 08h já estávamos na Praia do Sono.

- 10h estávamos na Praia de Ponta Negra; comemos e bebemos algo no Restaurante da Kauãna.

- 12h30 saímos de Ponta Negra.

- por volta de 13h10 estávamos procurando a continuidade da trilha.

- só as 18h cheguei no Camping do Aprijo, em Cairuçu das Pedras.

Dia 2 – 11km

- Praia Cairuçu até Pouso de Cajaíba

- Almoço em Martins de Sá

- Camping sr Lourival

Dia 3 – 14km

- Praia Pouso Cajaíba até Praia do Cruzeiro

- Almoço na Praia de Itaóca

- Camping do sr. Preá.

Dia 4 – 3km

- Camping do sr Preá

- Pico do Pão de Açucar (Pico do Mamanguá)

- Almoço no Restaurante Saco Mamanguá

- Barco de Cruzeiro até Parati-Mirim 

Relato

Quando digo quase 40km em 4 dias parece ser pouco, mas na prática a história é outra. Terrenos acidentados por demais, apesar de boa parte da trilha ser bem demarcada, mas o que dificulta de fato é a temperatura elevada e ambiente bem úmido. Com isso, o calor faz parte. Não chega ser bem uma reclamação, é apenas uma constatação. Em suma, pegamos nos 4 dias um tempo lindíssimo, tudo muito limpo, desde o céu até as águas e as trilhas.

A mochila nas costas começa bem leve, coisa que ao longo das horas e dos dias, a carga parece um chumbo, conforme mais se caminha mais parece que o peso aumenta rs.

Era 23h25 quando meu ônibus embarcou da Rodoviária do Tietê, com um pouco de atraso é claro. O ônibus do Fepa era diferente do meu e saiu até antes, apesar de seu horário estar marcado para uns 10 minutos mais tarde, tudo ônibus extra da linha São Paulo X Paraty, no qual pagamos 165 reais a ida. (preço de feriado fev/2024).

Meu primo, Fepa, comprou sua passagem na quinta-feira se não me engano, ou seja, ele aderiu à empreitada já quando se tinha um planejamento e faltando uns 3 dias para a viagem, porém com muita disposição somou legal nessa travessia!

Na real, curtimos muito andar por aí e principalmente pela natureza, sempre que podemos botamos o pé na estrada, mas essa travessia de 4 dias não tínhamos feito ainda. O desafio tava posto.

Apontava 05h48 da manhã quando meu ônibus chegou no Terminal de Paraty, uns 5 minutos antes eu havia despertado e passado uma mensagem pro Fepa: “opa, dia bom!” Fazendo um comentário sobre o tempo. Ele já havia desembarcado minutos antes.

Logo em seguida já nos deslocamos pro ponto que nos levaria para a Vila Oratória (Laranjeiras), esse ônibus saiu do terminal mesmo, bem ao lado onde sai um busão pra Trindade. Pagamos os R$5 reais e sentamos lá no fundão pra fazer uma viagem de uns 40 minutos, numa boa!

Essa linha pega a mesma serra que vai pra Trindade, mas em um determinado momento segue uma bifurcação diferente pra muito em breve já chegar próximo ao Condomínio Laranjeiras, existe uma parada, um pouco antes do final da linha, para desembarque de quem vai para a Praia do Sono de barco, no nosso caso continuamos no busão, pois iríamos a pé. Minutos adiante, saltamos do busão marcando 06h38.

 

Chegando na Praia do Sono

Trilha Praia do Sono

Um vento de maresia soprou na face, ah mas isso foi breve, pois ao começar a caminhar o suor já começou a escorrer o corpo todo, a trilha em si não tem dificuldade técnica alguma, não possui bifurcações e possui até corrimão de madeira e alguns degraus em pontos que poderiam estar enlameados nos dias chuvosos. Quem não tem muito costume em trilhas, vai de boa e vai até sono apenas, pois a essa Travessia toda da Juatinga aconselho somente pra quem já tem uma disposição a mais de ter passado por outras trilhas, é de fato difícil.

Eu na Praia do Sono


Até a Praia do Sono são 3km que fizemos em 1hora, numa boa! Logo no primeiro camping da praia perguntamos se vendiam café da manhã e fomos muito bem atendidos, mesmo que não vendiam, mas ofereceram um café preto pra despertar, lá comprei uma água pois a garrafa ia precisar, já sabendo que a travessia é repleta de pontos de H2o.

Alguns clicks na praia do sono, que apenas amanhecia de forma esplêndida. Os campistas que lá já estavam se preparavam para um belo banho de mar. Nós seguimos por sua faixa de areia já contemplando o primeiro vislumbre do dia e da travessia. Vale lembrar que a Travessia clássica é feita no sentido inverso, ou seja, normalmente a praia do sono fica para o último dia. Invertemos devido à nossa necessidade.

Mirante Praia do Sono


Na sua extremidade esquerda, inicia-se a trilha que nos leva ao Mirante do Sono e rumo à Praia dos Antigos e Antiguinhos, na sequência. Aqui novamente, degraus e corrimão. Subi devagar pra não faltar muito fôlego. Que visual magnifico, agora conta com uma coberturinha para fotos, da primeira vez que fui, em 2018, não tinha isso lá, legal!

Adiante, passamos alguns colegas que também estavam seguindo para a Praia de Antigos, a descida foi breve pra então ter mais um baque com o paraíso. Chegamos na Antigos que estava cristalina por demais, ali vimos que o tempo estava do nosso lado, e tudo consistia em ficar propício para contemplação. Isso era apenas em torno das 09h da manhã.

Praia dos Antigos!!!


Praia com rio de água doce é tudo de bom, já na sua extremidade esquerda pegamos a continuidade da trilha, a próxima praia seria a de Antiguinhos. Veio uma bifurcação e tomamos à direita conforme demonstrava a placa. Em antiguinhos tinha apenas um casal deitado na areia, ficamos na sombra brevemente, fazendo uma pausa pra descanso.

Stop na Praia Antiguinhos

Seguindo mais 1,5 km, chegamos na Praia das Galhetas, que após passarmos uma ponte pênsil sobre um rio, pisamos em seu solo cheio de rochas. Subimos em algumas rochas mais altas pra termos uma geral do cenário e foi assim que fizemos mais alguns clicks.

Visu na Praia das Galhetas

Mas sem muita pausa sob o sol, pois a caminhada ainda é longa, só que mais 800 metros já estávamos nos aquietando, por um momento, num Restaurante lá da Praia da Ponta Negra. Nisso, batia umas 10h da manhã. Tudo bem tranquilo até então, foi esse o momento de comer e beber algo só visualizando o rebento que representa esse mar, principalmente nesse dia assim, limpo e ensolarado.


Lógico que ao avistar a Praia de Ponta Negra pelas frestas da trilha foi uma surpresa tremenda. Aquele mar límpido de verde turquesa estralava nos olhos de tanto que refletia, de que brilhava nos olhos, cena de filme.

Algumas poucas pessoas já chegavam de barco até lá, esse horário a comunidade estava bem vazia e tranquila. As crianças brincavam sem parar revezando entre areia, águas e ficar escalando as pequenas rochas. Outros moradores carregavam galões de combustível para utilizarem nos barcos, outro grupo carregava uns tijolos que vieram da cidade, bem aos pouco subia para a vila, no braço mesmo.

Enquanto observávamos os movimentos das pessoas, não chegamos a entrar na água. Eu até pensei, mas preferi me concentrar na continuidade de trilha que teríamos que enfrentar. No caso até Cairuçu das Pedras.


De Ponta Negra até Cairuçu das Pedras

Saímos de Ponta Negra batia 12h10 até encontrar a placa de indicação das trilhas, perguntamos para os locais sobre o caminho correto, pois existe a trilha que leva até a Cachoeira do Saco Bravo, atrativo que deixamos de lado devido ao tempo de travessia que dispúnhamos. Logo em seguida pegamos uma subida forte, mas até chegar nas placas de indicação de uma bifurcação, até então tava meio que confuso se estavámos certos. Acredito que com uns 900 metros trilhados chegamos num desmoronamento que confundiu um pouco sobre onde continuava a trilha.

Depois de quase uns 40 minutos que voltamos na trilha, antes fui procurar o sr Francino para ele confirmar o trajeto até a Alta da Berta, um rapaz que tomava banho no rio me indicou chama-lo na casa dele, e assim ele me atendeu bem de boa e me pus a trilhar novamente.

quando chegamos em Ponta Negra


Eu tinha comigo que a partir desse momento o trecho iria ser de subidona pesada, o assim se fez. Na real, foi mais do que imaginava. Com mais 2km de trilha, só subida, um mormaço imensurável, foi que cheguei num ponto de água, que tinha como referência que estaria próximo do topo Alto da Berta. Mas isso já se passava das 15h, ou seja, quase 2 horas de trilha desde o desmoronamento.

Mas a subida exigiria mais resistência ainda, depois desse ponto de água ficaria ainda mais íngreme, foi o jeito respirar, pegar o fôlego de volta e subir. Antes das 16h estava eu no topo, agora era descer pois ainda tinha mais de 3km até o Camping do sr Aprijo. Ao passar a Toca da Onça, mais abaixo, era descida que não parava mais, exigindo bastante dos joelhos.

Quando saímos de Ponta Negra


Não tem como negar que cansamos e foi só depois das 18h que chegamos no camping, eu vim mais atrás, com passos mais lentos e curtos, mas, por fim, deu certo nesse dia.

Fomos bem recepcionados pelo Sr Aprijo e família, logo acertamos o camping (R$35) e pedimos uma refeição de janta (R$45) para cada! Nesse meio tempo até a janta, foi só montar a barraca e tomar um banho, isso depois de ver o entardecer da Praia de Cairuçu das Pedras lá do mirante onde fica o camping. Vale mesmo a pena!!!!

Amanhecer em Cairuçu das Pedras

 

Dia 2 – De Caiuruçu até Pouso Cajaíba

O café da manhã tomamos lá na parte de beira da praia, e assim como a refeição do dia anterior, foi um lanche muito saboroso. Depois disso aproveitamos um pouco daquela praia pela manhã, o Fepa relaxou bastante na banheira/jacuzzi que é alimentada de forma natural e que fica bem na faixa de areia, essa que é uma areia grossa, tipo uma pedrinhas bem legais.

Já é dia em Cairuçu das Pedras


Mas antes de tudo, não podia esquecer de ter visto o nascer do sol ali, foi sensacional, assim como foi incrível ter visto o céu extremamente estrelado na noite anterior, isso não podia passar batido.

A trilha em si começa com uma subida considerável, nada que se compara com a subida do dia antecedente, mas o reflexo dele foi perceptível nesse início. O dia prometia uns 11km de caminhada até chegar em Pouso Cajaíba e passando por Martins de Sá, local onde almoçamos no Camping Martins de Sá – (antigo Camping sr Maneco).

Cairuçu das Pedras fev/2024


Após essa subidinha inicial, a trilha vai ficando mais tranquila, os visuais vão aparecendo, por perto da entrada da comunidade das anchovas são alguns mirantes para contemplação, um momento antes vimos a Praia de Cairuçu das Pedra lá do alto, depois vimos foi a Martins de Sá, coisa de louco, o tempo mais um dia favorecia para que aquele paraíso fosse revelado sem dó!

Saindo de Cairuçu das Pedras



Após 5km de trilha, chegamos em Martins de Sá, passamos pelo camping, mas direto nos direcionamos pra praia. Foi hora do banho de mar! A água não estava tão límpida quanto as outras, mas foi um banho razoável, depois só curtir um pouco de sombra até a hora de ir almoçar! O legado do seu Maneco é mantido nas regras e mensagens de preservação do lugar e do zelo pelo espaço.

Mirante Martins de Sá

Praia de Martins de Sá


Adiante, a atividade nos chamava a caminhar novamente, mais uns 5,5km até a comunidade de Pouso Cajaíba. Lá sim, outro banho e água cristalina, um final de tarde bem bonito naquela praia, mais movimentada é claro, porém dentro do limite, achei bem legal o ambiente.

Chegamos em Pouso do Cajaíba
Lá, nos hospedamos no Camping do Sr Lourival (r$45), soubemos também que teria uma apresentação do Edu Ribeiro no bar de reggae, e assim mais tarde passamos por lá, após montar as barracas e tomar um bom banho gelado que refresca por demais.

Lado direito da Pouso de Cajaíba

Dia 3 – Pouso Cajaíba até Cruzeiro

Dia seguinte, acordados já quase pelas 07h da manhã, até usar o banheiro, desmontar a barraca e tals, deu umas 07h45. Lá pelas 08h passamos na padaria da praia e lá tomamos um café reforçado, recomendadíssimo, é bom quando tem padaria assim e o preço é bem em conta. Pra quem estava no camping o pão ali saía fresquinho.

Umas 08h10 já estávamos na caminhada, o tempo ainda nublado quando passamos pela placa do cemitério, sentido à Praia de Itanema, sempre um mirantezinho para gente ficar surpreso e trilha que continua.

momentos me lembra Ilha Grande


Passamos por Calhaus onde trocamos uma ideia com um pescador gente boa que faz também transporte turístico de barco, nos contou algumas histórias ali de Calhaus, perguntou da trilha e condições e dissemos que estava limpa e preservada, muito boa a trilha.



A próxima foi a Praia de Itaóca, onde fizemos nossa parada do dia, chegamos lá umas 10h e ali foi lugar ideal para o nosso banho de mar. Antes, passamos por um visual da praia de itaóca pequena, ali já tínhamos percebido que o que nos reservaria seria água cristalina. Teve um momento que na trilha me lembrou um pouco de Ilha Grande, bem quando se está chegando na praia de Ubatuba, a diferença era a coloração da água, lá da ilha grande seria mais azul, ali na Itaóca estava mais pra verde. Límpido demais! Lógico que sempre vendo a Praia Grande de Cajaíba lá ao fundo.




Até aqui uns 3,5km de caminhada e o sol veio de vez. Estávamos numa boa em Itaóca, quando o sol veio permaneci na água e foi então que a paisagem se transformou novamente. O paraíso existe, pensei.

Fiquei estacionado na parte bem de frente ao camping, pois lá tinha o chuveiro de água doce e ali foi que solicitamos o almoço do dia! Em suma, a pausa de Itaóca foi até as 13h10! Vontade de ancorar por ali tínhamos de fato, mas a travessia prometia mais ainda, então tivemos que seguir.




Praia de Itaóca, fev/2024.


Ao passarmos a Praia Grande Cajaíba, vimos mais movimento de escuna e lanchas, até cogitamos que fizemos uma parada longa no local ideal, ou seja, na praia anterior. Sendo assim, na Praia Grande só a atravessamos, sua água mais pro verde e límpida tava semi-agitada. À esquerda, acima da borda de areia, tem um lago que em certo ponto desagua no mar. Até aqui tranquilidade, mas a vida de trilheiro nem tudo é felicidade rs, teríamos mais uma subida boa. E eu sempre me recordando da subida entre Ponta Negra e Cairuçu, não poderia ser pior, eu torcia.

Itaóca ficando pra trás.
Então as 13h50 começamos a tal subida, confesso que apesar de íngreme não exigia muita escalaminhada ou maiores esforços, a trilha permaneceu bem demarcada onde se poderia ter passos curtos, isso pra mim foi bom, pois economiza energia. Até o topo da subida deu mais de 2km, e me recordo de umas 15h30 eu estar já fazendo boa parte da descida.

Nós, meio que fazendo as contas, percebemos que estávamos um pouco atrasados para trilhar somente com a luz do dia, procuramos acelerar, mas é difícil impor um ritmo mais rápido nessas condições. Com mais de 3km chegamos já pelas bandas da Praia do Engenho, mas sem passar por ela, seguimos as placas quando teve bifurcação, e também visualizamos uma cachoeira à direita da trilha. Logo abaixo, chegou a bifurcação num local gramado, tudo com placas e lá indicando que tínhamos mais de 3,5km até a Praia do Cruzeiro. Após uma breve pausa, seguimos.

Quando indo Praia Grande Cajaíba


Fomos alertados de um trecho que estaria complicado para passar devido a um deslizamento, e no início desse caminho já tem uma placa alegando que a trilha está interditada. Digo que sim, está mais difícil de passar, mas dá pra passar de boa. Nesse momento o que era trilha já muda totalmente pra um calçamento. E assim fica até a praia do crepúsculo, que aliás tem uma mansão bem no meio da trilha, antes também havíamos passado por muitas casas e uma vilinha que suas ruas se confundiam com a trilha.

Nessa mansão o pessoal que lá estava nos tratou bem, informou sobre a continuidade da trilha e além do mais marcamos já um táxi-boat para Parati-Mirim no dia seguinte com um senhor que conversou conosco. Pena que a informação que ele deu foi a de que faltava ainda uns 30 a 40 minutos até a Praia do Cruzeiro.

Após isso, logo demos um jeito de juntar as últimas energias do dia e acelerar o passo. Deu certo que fizemos esse trajeto final em uns 15 minutos. Cansado, é verdade!

Grande Cajaíba

Praia Grande de Cajaíba, RJ.


Ao chegarmos na Praia do Cruzeiro já se passava das 19h, fomos direto pro Camping do Preá, na outra ponta da praia, e lá já nos acertamos de ficar. Eu tava tão cansado que deitei na grama por quase uns 30 minutos antes de montar a barraca e ir pro banho! Um dia puxado, porém não tão quanto o primeiro dia. Ainda bem que no segundo dia tinha sido mais tranquilo mesmo.

Na verdade teve um momento mais tenso comigo, eu avistei um animal vindo na minha direção e quando chegou bem perto ele desviou. Foi tudo tão rápido que só vi que era marronzinho e meio redondinho, parecia uma capivarinha, já o Fepa cogitou ser um javali. Até o final do dia fiquei nessa dúvida, e alerta também, pois nesse dia, momentos antes, tínhamos avistado uma cobra verde. De fato quem viu primeiro foi o Fepa que depois me avisou. Enfim, queríamos fazer trilha noturna que nada!

Praia do Cruzeiro


Dia 4 - Praia do Cruzeiro / Pico Mamanguá

Capotado direto desde a noite anterior, acordei cedo e estava me sentindo bem. Esse dia seria mais de boa, era só curtir o camping do seu Preá, ouvir algumas de suas histórias de vida caiçara. Foi ele também quem desvendou o mistério do bicho que tentou me “atacar”. Tratava-se de uma cotia, pelas características que citei e a forma que o animal se locomoveu, havia de ser uma cotia mesmo rs.! Ele conhece bem essa região, trilhava quando nem tinha trilha demarcada ainda, viveu muito da pesca, mas também faz artesanatos classe A, top.

Pico Pão de Açúcar (Mamanguá)
A praia do cruzeiro é bem tranquila, fica no saco do mamanguá. Bem perto dali tem outra comunidade que não visitamos, eu só avistava quando estava nadando, parecia ser bonita também.

O desafio do dia foi subir o Pico do Pão de Açúcar/ Pico Mamanguá. Ida e volta deu uns 3km, mas se engana que vê a placa apontando 1,4 km de subida e achando que é tão fácil assim. De fato, acredito que é capciosa, pois vi muita gente achando que seria mais de boa, com crianças e tudo. Não que as crianças não devam trilhar, mas assim, de chinelo, sem água suficiente e sem as paradas necessárias, pode se tornar mais difícil. Por outro lado, fiquei pensando comigo: o jeito é ir mesmo, e se der pra subir é ótimo. 

À tarde, voltamos de barco até Parati-Mirim, pois na mesma noite voltaríamos para São Paulo. Mas tivemos que negociar de novo com um vizinho do camping, pois o rapaz que conversou conosco, no dia anterior lá na trilha passando pela mansão, furou e não apareceu no horário marcado rs!

Só posso dizer que no final deu tudo certo e foi realmente surpreendente. Que baita travessia!

Péde Natureza valeu a pena, pois the song remains the same!!! 

um tempo no pico!

Fiorde ou ria?


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