Quando desci do ônibus na
igreja de Sobradinho, passei a vê-la na diagonal. Eu estava numa praça ao lado,
eu a visualizava próximo da torre esquerda e, entre duas torres, uma cobertura em
formato de um acento circunflexo, uma cruz um pouco abaixo na parede frontal,
assim como também se tinha duas cruzes em cada ponta de torre. Pelo menos
quatro ruas saem de cada aresta da igreja e olhando-a agora de frente, eu segui
a rua da direita.
Obs: Esse ônibus sai às
07h20 da rodoviária de São Thomé das Letras, e até sobradinho custou R$5,20 (jan/20). Viação Coutinho.
Um Gavião! alt. aprox. 1500m
Caminhar também é filosofar,
uma andança pode trazer uma reconexão com o Eu para lidar com os desafios que a
sociedade desfere. Caminhar faz sentir e pertencer a um determinado espaço no intuito
de compreendê-lo; ou se aproximar do Eu maior! O destino importa? Não posso negar
isso por completo, mas, e se pensarmos que o próximo destino é o melhor e da
mesma forma poder viver o que acontece no momento?
Tenho a impressão que na
nossa sociedade temos o impulso de sermos pessoas ultra grandiosas, como uma
situação heroica ou de chegada ao sucesso, sobretudo o êxito material. Nessa
busca desmedida em ser grandioso impõe-se que não se deve haver limites nem
princípios morais, éticos, etc. Para usar os clássicos, Raskolnikov, em Crime e
Castigo, utilizou-se do assassinato para se demonstrar ser o maior, no entanto
descobriu que falhou consigo mesmo, continuou uma pessoa medíocre em seus
pensamentos. Em outras situações, queremos ser extremamente utilitaristas, e
damos o máximo de nós, ancorados nas imagens refletidas pelos outros, para uma
causa que do dia para noite pode representar mais nada. A exemplo de Gregor em
A Metamorfose, que repentinamente se torna um inseto monstruoso e assim perde
todo o seu valor pra sociedade.
Em todos os sentidos, cuidar da mente se faz
necessário e fazê-la então de amiga. Não obstante, é fundamental almejar o
equilíbrio não só dos pensamentos, mas dos instintos e emoções!
Bom, sem mais delongas vou
falar sobre minha ida à Sobradinho, por mais que eu acho muito importante falar
sobre alguns aspectos do ato de caminhar ou de vivenciar cada vez mais
ambientes mais arborizados, realmente traz transformações que, por vezes, são
intangíveis e ficam despercebidas em questão de dias, o exercício é procurar
reaviva-las sempre.
Continuando, da igreja segui
pela direita, Rua dois, poucos metros depois virei à esquerda, Travessa do
Rosário, mais poucos metros virei à direita, agora já na estrada que vai ligar
ao pico. Antes de chegar à parte de terra batida, passa-se pelo Bar do Kito, lá
eu comprei umas águas, lembrando que serve lanches e tudo mais.
Andei mais uns 200 metros e
permaneci na principal e não virei pra direita, mais um pouco veio a placa da
Pousada Vale Verde, mas ao invés de seguir pra pousada, continuei subindo. Adiante, alguns minutos, numa caminhada de passos
suaves, o aclive passou a ficar mais acentuado, ali temo que em determinadas
épocas alguns carros não sobem. Outros poucos trechos têm umas pedras de
asfalto em forma geométrica. Cinco minutos de caminhada após esse trecho calçado,
veio uma bifurcação muito importante. Dei uma guinada de 90 graus para a direita.
Logo uma plaquinha na árvore: "Leve fotos, lembranças e seu lixo", já me fez
lembrar de tomar o cuidado de carregar o lixo que produzo na caminhada, pra
preservar estes ambientes!
trecho calçado
apos o calçamento virar à direita
A andança permanecia
arborizada, depois de mais subida, passei por alguns pastos e algumas casas. Com
15 minutos depois da última bifurcação, cheguei numa capelinha amarelada
contendo apenas uma porta e acima da porta, já no seu topo, uma cruz acima da
imagem de nossa senhora de aparecida (se não me engano), ali é o encontro de
algumas estradinhas, mas permaneci direto, passando pela esquerda da capela. Mais 6 minutos caminhando e
cheguei noutra bifurcação, uma indicação simples pro pico com uma seta, então
segui a estrada da esquerda.
capela amarela
pela esquerda, placa pico
Continuei
pela principal, um caminho já sobre as rochas, e com mais 25 minutos, outra
bifurcação à esquerda. Nessa parte já não se tem mais subida, parece andar pelo
topo da serra. Depois veio só mais uma virada pra direita e com 15 minutos alcancei a
Pedra do Gavião.
seguir à esqueda, agora só apé
um exemplo de flora local
Bom, o dia estava neblinado,
e por vezes garoou bem de leve. Apesar de não ter visual, pude sentir a energia
daquele local, não tanto tempo quanto eu queria. Rodeei pelo pico, tem-se um cruzeiro mais
acima e o marco do ponto culminante mais ao lado. Vale lembrar que ali era ou é
parte de um campo de teste do exército. Não sei exatamente das atividades.
A volta fiz pelo mesmo
caminho, no entanto dei uma passada no poço jade. E como o tempo tava chuvoso,
não fiz uma pausa demorada lá. Todo molhado já, a chuva deu uma trégua. Aí
resolvi descer mais até a pedreira, que estava abandonada, inclusive as
casinhas lá.
E não é que a chuva
abençoada apertou de fato?!... e nesse momento foi só proteger o que não podia
molhar e curtir uma caminhada na chuva, muito boa por sinal, mas que cansou um
pouquinho devido os cuidados que se deve tomar na trilha.
O ônibus de volta pra São
Thomé passava às 16h, eu ainda tive tempo de ir à Cachoeira de
Sobradinho. Deixarei pro próximo texto e já emendo com a experiência de ter ido
pra gruta do Labirinto e Sobradinho. Aproveitar o tempo de quarentena, devido à Pandemia do Corona vírus, para escrever mais depois.
Fiquem em paz e que possamos
ter boas vivências em breve.
O Wikiloc que segui. Já tem
o caminho pro Poço Jade:(um mapa desse é melhor que esse relato, gratidão)
Quais máscaras usamos na
vida? Quantas são essas máscaras que cobrem nossas faces, moldam nossas
posturas e modificam nossas atitudes? Certamente um pouco que introspecção se
faz necessário para desvelar tais respostas, mesmo que não se alcance uma
exatidão. O procedimento de, em algum momento da vida, buscar se autoconhecer não
deveria ser tido como algo individualista e momentâneo, mas como uma forma de
vida. Por vezes, o retorno que se tem de
si é de uma pessoa fracassada em sua procura de liberdade, pois se está presa
nas emoções e sentimentos reprimidos, e que o auto isolamento acaba por afastar
o risco de manifestação dessas repressões. Bom, se caso em algum dia passar por
esse tipo de reflexão confusa e um tanto superficial, o fato é que visitar,
estar ou até mesmo morar em lugares dotados de magia e boas energias é o mínimo
que se pode fazer para amenizar os desequilíbrios contidos no ser.
Pico do Papagaio - Aiuruoca - MG
Cada vez que subo uma
montanha eu me sinto uma pessoa melhor, são lições mínimas que a cada passo se
torna algo enorme apesar de imensurável. O destino da vez foi o Pico do
Papagaio que se localiza na fantástica cidade mineira de Aiuruoca. Fiz uma
postagem sobre o rolê anteriormente e aqui falarei mais sobre a minha subida ao
Pico. Vale lembrar que o Pico do Papagaio faz parte do Parque Estadual Serra do
Papagaio e pertence à cadeia de montanhas da Serra da Mantiqueira. O parque
abrange diversos municípios tais como Baependi, Alagoa, Itamonte, Pouso Alto e
o já mencionado Aiuruoca.
Existem algumas trilhas e
diversos pontos de base para encarar essa jornada, eu escolhi o Camping
Panorâmico, Vale do Matutu, de lá foram 7km até o cume, foi uma trilha bem
demarcada, sem muitas bifurcações difíceis, só que com um pouco de inclinação
acentuada logo de inicio, mas nada de muito técnico.
Acompanhado de alguns mapas
do wikiloc, que no caso tirei uns prints pelo celular, comecei a subida às
07h30 da manhã. O tempo aparentava instável, apesar de se ter ainda sol e
partes de céu azul. Na real, não é aconselhável ir na época que fui, no verão,
pois todos os dias estava chovendo na região e tomar chuva em montanha não é uma
boa, sobretudo com o risco de incidência de raios. Sendo assim, eu decidi ir
devido a uma janela de tempo com sol, mesmo sabendo que teria que ficar muito atento
a mudanças repentinas no ambiente.
No dia anterior troquei um
breve papo com o Odilon do camping e uma informação importante que me lembrei
foi que logo na primeira parte da trilha eu teria que atravessar uma casa, ele
disse que os cachorros latiriam bastante, mas que não iriam me morder. Ainda
bem que ele avisou porque se eu não tivesse esse alerta talvez eu desistisse de
passar ali rs. A trilha continua como se não tivesse a casa e logo depois uma
bifurcação mínima, a da esquerda é a trilha mais demarcada, a outra também sobe
e parece uma espécie de atalho, porém mais utilizada pelos cavalos da propriedade.
Subida firme durante um
tempo e logo já se tem as primeiras vistas da paisagem desse pedaço lindo do
sul de Minas Gerais. A vegetação avistada é de Mata Atlântica sendo que mais
acima terá a transição aos Campos de Altitude conforme a altitude se eleva. Vale
lembrar que se tem um desnível até que considerável nesses 7km de trilha, que
se aproxima dos 900 metros. Nisso a trilha continuou revezando por mata
mais fechada e algumas vezes passando por pastos.
Após 1 hora de caminhada
passei a ver a pedra de frente e então ia me aproximando de sua base, logo veio
uma placa indicando que faltavam 4,80km para o mirante e assim segui à esquerda.
A trilha permanece bem demarcada e agradável, e lógico que fui fazendo as paradas
necessárias para recompor o fôlego e as energias. Já próximo da base da rocha
se tem outra placa avisando que restavam 3,46km. Bora lá!
trilha continua à esquerda
portal ou mini gruta
Logo veio uma espécie de
portal ou mini gruta que aparece na direita, mas o destino é permanecer na trilha.Uma guinada para a esquerda. Bom, ao analisar
o mapa dá pra perceber que a trilha faz um contorno na grande rocha, então,
ao chegar à base da mesma não perca essa noção. A trilha se afasta um pouco da
rocha. E vai chegar o momento de encontro com outras trilhas e cada vez mais
vai unificando o caminho rumo ao Mirante do Papagaio.
Eu avistei muita jabuticaba caída na trilha, acho que era isso mesmo, não provei rs. Adiante, eu saí num
descampado e com uma vista para duas quedas em meio à montanha, cenário muito
lindo sempre a alimentar cada vez mais o fôlego do trilheiro. Depois cheguei nas
áreas de acampamento e agora já estou em direção à pedra novamente, trilha
demarcada ainda e com algumas placas indicando o caminho certo para cada
trilha, que foi muito útil para volta, já que se pode entrar em trilha
diferente, sempre vale estar atento. Tanto na ida quanto na volta!
quedas ao longe
área de acampamento1
outra área de acampamento
chegada no pico
Eis que com 2 horas e 45
minutos eu atingi o Pico do Papagaio com seus 2105 metros de altitude com
relação ao nível do mar. O visual estava semiaberto na direção de Aiuruoca, no
oposto vinha marcada uma chuva e de fato não demorou muito, enquanto eu comia
meu lanche, após ter tirado algumas fotos, os pingos vieram até mim. Não teve
jeito e então com uns 30 minutos lá no topo eu tive que voltar. Protegi a
mochila e tudo o que não podia molhar e iniciei minha volta, ainda com um
lanche na boca. Mantive a calma, pois o trecho final tem umas rochas
escorregadias, sempre cautela e paciência. Se necessário utilizar as mãos ou
descer arrastando mesmo.
Bastaram 15 minutos e a
chuva cessou, porém preferi continuar a descida numa boa, já que se tinha essa
possibilidade do tempo virar de novo. Com isso pude curtir mais ainda a trilha
na volta, bem na calma, e cada vez mais satisfeito de estar ali, a adrenalina
da subida já não imperava tanto ali na volta e quando o cansaço bateu eu já
estava próximo do camping novamente. Desci com 2 horas e 10 minutos e ainda era
13h da tarde! Então ainda tive um bom tempo pra almoçar, tomar uma bela ducha e
curtir o Panorâmico da Pedra alcançada no dia! O desejo que fica então é o de
poder apreciar o Pôr do Sol ou o próprio nascer do sol após um acampamento, mas
aí tem que ser no inverno mesmo. Por ora é só gratidão e que boas vibrações
possam modificar minha vida pra melhor, lógico que sem querer ser ganancioso,
mas que eu possa tirar proveito dessas lições implícitas no ato de caminhar em
meio à natureza!
Pedra Grande de Quatinga via Paranapiacaba (alt +-1150m.)
16/01/2019
Foto 1: Pedra de Quatinga - Mogi/ Paranapiaca
Normalmente, quando se passa dos 30 anos já se consegue ter algumas percepções da vida. Algumas lições já foram lecionadas e nos exercícios de aplicação obtiveram-se os erros e os acertos devidos. Muito depende, na real, da intensidade vivida destes anos, e também das condições físicas, espirituais e materiais. Mas também essa certa idade pode ser uma armadilha ao assegurar que a vida pode ser mais bem compreendida, ou que se podem adquirir as respostas necessárias para quem às procuram sobre os dilemas cotidianos. O tempo deixa o legado de altos e baixos, ora íngremes ora mais planos, concede encruzilhadas e bifurcações, ora por vias mais longas e com diversas barreiras ora pelos espertos atalhos. Nesse período, portanto, pode se saber alguns caminhos de cor e prever, de certa forma, o que poderá acontecer, mas a certeza em geral é que pouco ou quase nada se conhece da vida, muitos caminhos a serem trilhados ainda são desconhecidos, e é preciso sempre abrir-se para o novo.
Poxa, eu briso em fazer umas caminhadas e poder chegar aos picos, me manifesto e me encontro em várias reflexões lokas, sinto medo também e respeito muito a natureza. Fiz esse role para a Pedra Grande de Quatinga numa quarta feira, dia 16 de janeiro de 2019, um dia ensolarado se fez, foi daora!
Dessa vez eu madruguei de verdade, 03h30 da manhã estava eu de frente a estação Brás da CPTM aguardando o funcionamento dos trens pra me levar até a estação Rio Grande da Serra, aproveitei a operação madrugada dos ônibus em São Paulo para me adiantar no horário. Às 05h30 embarquei no ônibus Paranapiacaba (emtu 424), o dia não havia amanhecido ainda e após eu pagar a tarifa de R$4,40, o bus seguiu pela estrada completamente escura. Na real dava até medo daquela escuridão, e uma parada estranha era que bem no horizonte se via diversos relâmpagos no céu. Logo pensei, “pronto, fudeu! Vai melar o pião!”
Às 05h50 cheguei ao final da linha, que é bem de frente ao cemitério, e assim atravessei a ponte avistando parte de Paranapiacaba. Andei pelas ruas de paralelepípedo ainda desertas sentido a Estrada Taquarussu. Ao chegar à estrada o ambiente foi se fechando em mata nas bordas da via. Eram 06h07min quando olhei o celular, o dia sem amanhecer ainda e na minha mente aquele receio referente àqueles relâmpagos que vi anteriormente. Continuei caminhando em passos rápidos e aos poucos o céu foi clareando e cada vez mais eu ficava confiante de que chuva não viria no meio da minha caminhada.
Acredito que em 45 minutos cheguei ao vilarejo Taquarussu, onde atravessei pela estrada ao lado, pois a vila é cercada. Nesse momento o tempo já havia se firmado e, apesar da neblina, o dia estava bom. Até aqui foram passos em estrada de terra batida com alguns cascalhos, dois pontos de água se passaram, mas na ida não precisei abastecer, pois tinha 2,5L de água na mochila. Nesses pontos dá pra ouvir o barulho dos riachos e têm também placas indicando a necessidade de guias credenciados para adentrar as trilhas. De fato ainda não sei pra onde levam essas trilhas desses pontos de água e segui direto, rumo ao meu objetivo do dia.
Com aproximados 7km de pernada, cheguei à primeira bifurcação do trajeto, onde à direita leva pro camping do simplão de tudo, mas o caminho que segui foi o da esquerda (foto2). Logo depois, uns 500 metros, apareceu uma trifurcação na qual andei reto (foto3), a partir de então fiquei mais atento, passei por um poço e logo viria uma bifurcação pra direita, mas a referência pra essa guinada não tava tão nítida. A não ser que você esteja se orientando por um GPS é melhor prestar bem atenção. Ao passar por algumas raras casas, após esse poço, terá uma com um muro grande e um portão cinza (foto5) depois dessa casa a próxima bifurcação é à direita (foto6), que desde o poço deve ter dado por volta de 1,5km.
Então, nesse momento, a estrada foi se estreitando mais, ainda com algumas moradias bem legais e um riacho atravessando a estradinha. Ao caminhar uns 10 minutos por esse trecho, veio a primeira visão do pico (se não tiver muita neblina). Andei nessa estrada por uns 20 minutos ao todo até larga-la pra uma bifurcação à direita (foto7), agora sim bem mais restrita a caminhada com aspecto de trilha. 10 minutos nela e saí na estrada novamente curvando a direita e subindo, no lado esquerdo uma propriedade com uma placa dizendo “Cão Bravo”, desse ponto, nem 2 minutos já se encontra então o inicio da trilha à direita da estrada. Como referência tem um muro branco com um portão semi enferrujado (foto8). Eu, meio que confuso, decidi subir mais um pouco pra tentar visualizar melhor a montanha e quando a vi bem grande na minha frente, “é ali mesmo”.
Aqui, já eram umas 08h50, a trilha começou bem batida e agradável de trilhar, a inclinação era básica, mas aos poucos já tava ganhando altitude. Já tinha em mente de relatos pesquisados de que um trecho íngreme viria e assim fui caminhando até esse momento. Tinha muita teia de aranha atravessando e lógico que tomei cuidado pra não desfazer todas as teias, algumas eram inevitáveis e outras eu nem via, só sentia algo meio que coçando nos ombros. Logo avistei uma rampa improvisada e nesse ponto a aclividade começou a se apresentar firme. Então, de bate pronto deduzi que desciam de bike naquela via, algo confirmado conforme fui subindo. Outras rampas apareceram e a pista sempre batida e sem bifurcações aparentes. Acredito que após uns 15 minutos a situação começou a ficar séria. A inclinação realmente existia ali, mas com a vontade de subir esse esforço foi tirado de letra, mas o cuidado era intenso já que o perigo era constante. Qualquer derrapada causaria uma queda feia, e sozinho nunca é bom sofrer esses tipos de acidentes. A trilha é conservada pelos bikers, que em vários pontos colocaram fitas de delimitação da pista e também improvisaram rampas. Realmente, imagino eu, deve ser uma aventura e tanta descer essa via de bike e deve se ter uma baita experiência para tal, pois só visualizo acidente fatal ali em caso de queda.
Com 45 minutos cheguei ao topo, ufa!!! Ao sair da trilha tinha uma placa vermelha alertando motoqueiros a não zoarem o trabalho dos MTB. Vi outras trilhas saindo lá do topo, segui tal trilha por um tempo e fiquei na duvida se o caminho que subi era o que eu deveria subir mesmo. Enfim, o importante é que cheguei bem e fiz um exercício bom. Hora de curtir o pico!
Aquela velha resenha: fotos, lanches, respiração profunda, descanso pras pernas, visual loko, etc. Pra depois de 30 minutos voltar num ritmo bom ainda, pois tinha horário a cumprir. Fiz o mesmo caminho da ida, desci em 35 minutos e fui estilingando na estrada. A intenção era embarcar no busão das 13h.
Resumindo, cheguei 13h05 e por milagre veio outra linha as 13h30 que passava em varias estações de trem, mas cobrava R$6,75. Fui nela mesmo. Bebi os últimos goles de água que eu havia pegado em um dos pontos do caminho. Fresquinha, fresquinha! Ponto de água que na verdade salvou, pois mesmo levando bastante água, tinha faltado em certo momento da volta. Mas correu tudo ok! Só agradeço! Não sei se Mogi das Cruzes ou Paranapiacaba, pois parece que Quatinga e a pedra ficam num bairro já em Mogi.Ou talvez os dois municípios dividem essa natureba. O que também segui como referência foi as placas "Caminho do Sal", as vezes segui-las pode salvar na horada da duvida!
PeDeNatureza a pé!!! É nóis! Dicas gerais para prática de trilhas na natureza:
Pico da Esplanada em Biritiba Mirim - SP 10-01-2019
No Pico da Esplanada observando o Pico Garrafão
Aquele café da manhã na barraquinha do largo treze pra começar o dia bem alimentado e abastecer a mochila com alguns lanches rápidos para trilha. Já são 04h40, assim sigo numa manhã de 10 de janeiro rumo ao metrô. O caminho a ser traçado é um que já passa a ser feito muitas vezes, cujo destino é o bairro Manoel Ferreira em Biritiba Mirim, e lógico que tenho que ir pela Estação Estudantes da CPTM, linha 11, pois é de lá que embarco no bus pra Manoel Ferreira (E392, R$4,10). Pra mim tem em média de umas 3 horas e meia de viagem. E bora lá.
Na mochila eu tenho o básico, um kit simples de primeiros socorros, 2 litros de água, um livro, roupa reserva pra volta, frutas, lanches, uma lanterna e acho que só. De fato, muita disposição misturada com uma certa ansiedade, pois o rolê seria num pico inédito pra mim, o Pico da Esplanada (1050m. Alt).
A ansiedade que pode ser designada como receio é justamente por não saber ao certo se a trilha está sendo frequentada, ou seja, as vezes trilha em desuso pode aumentar as chances de vara mato ou de ter mais peçonhentos tipo cobra na frente. Lógico, tenho que ser sensato e me lembrar de que o intruso ou visitante ali sou eu, por isso logo recomponho a mente pra trilhar no máximo cuidado.
"Biritiba mirim é um município que faz parte da região metropolitana de São Paulo, faz divisa com Mogi das Cruzes, Guararema, Salesópolis e Bertioga. Possui algumas plantações do que me pareceu ser legumes e vegetais, e faz sentido devido sua localização mais próxima de grandes centros urbanos. Sendo assim, o transporte pode ser mais rápido, já que este tipo de alimento perece mais facilmente. Este cenário é mais retratado do que eu vi no Bairro Manoel Ferreira, com seu ar bem tranquilo, chão de terra interiorano, uma adutora perpassando seu território, alguns picos para se aventurar e contemplar vistas da Serra do Mar, etc."
São 08h45 e então começo minha caminhada sob um sol alegre e agradável, algumas raras nuvens passeiam em meio ao céu azul, ainda se paira um tempo fresco, mas que com o andar do tempo o calor viria forte fazendo escorrer diversos pingos de suor dessa face caminhante. O inicio da caminhada se dá na Estrada da Adutora com um muro bege à esquerda, logo depois já aparece os dutos e chega-se então numa escola. Menos de 25 minutos chega a primeira bifurcação e tomo a direita passando por debaixo do duto, sem erro. Prossigo determinado a queimar umas calorias, de repente passa um rapaz de carro e me da uma carona de aproximados 2km, salvou! Já fiquei pertinho do Rancho da Dona Maria que é um ponto de referência. Mas antes de chegar ao Rancho tem uma bifurcação à esquerda, (apresentado na foto 2 abaixo).
Tomo uma tubaína na Dona Maria, aviso que vou para Esplanada e logo sigo a andada. Em 7 minutos chego noutra bifurcação e vou pela esquerda (foto3), pois na direita segue para a pedra do sapo, que foi meu rolê de dois dias anteriores. Mais a frente passo debaixo da adutora novamente e logo veio outra bifurcação na qual segui à direita, ainda na principal (foto4). A pernada se torna plana de novo, numa estrada que pouco se usa, e por vezes as plantações de eucaliptos promovem um pouco de sombra. Outro ponto de referência é a bica da água, que chego em 30 minutos desde a ultima bifurcação. Agora mais perto do inicio da trilha, prossigo mais 15 minutos e eis que chega a placa da Suzano (foto6). O único carro que vejo depois do rancho é o da Eletropaulo, pois estavam colocando alguns fios mais grossos nos postes, mas sem instalá-los ainda. Acredito então que vão expandir o acesso a energia daquela região.
Confiro o relato que eu tenho em mãos, já citado acima, e observo mais informações para iniciar a trilha. A trilha pode ser dividida em pelo menos duas partes: sob as plantações de eucalipto e sob mata mais fechada. Eu demoro uns 35 minutos na trilha de eucaliptos, pois ela está com muitas folhas e galhos no caminho e então prefiro seguir na cautela, mas quando chega na mata fechada a trilha fica bem demarcada e mais fácil e nítida de se palmilhar. Logo apareceu um riacho e uma bifurcação à esquerda (foto8), a unica da trilha toda, e à direita leva para a estrada que sobe o Pico do Itapanhaú. Daqui bastou menos de 20 minutos numa boa pra que eu ascendesse no topo do morro. É preciso ainda atravessar a crista para chegar no visual completo, onde se tem o Pico do Garrafão ao lado. Parte da missão cumprida!
Fico muito contente com a empreitada, quando se conhece o desconhecido sempre traz uma sensação de se conhecer algo, na maioria das vezes um sentimento bom. É hora então de algumas fotos e de reabastecer o corpo com o que eu tenho na mochila. Aqui vai um comentário que não deveria faltar com relação a impressão que tive do pico, que foi o fato de se ter sombras para contemplar o visual e descansar numa tranquila. Assim se fez meu momento de lanche.
Na volta faço o mesmo caminho, agora bem mais rápido. Ao chegar na estrada já coloco um som pra ouvir no fone e os passos vão firmes levantando o pó da estrada, na dona Maria mais uma pausa e sigo então numa estilingada, já quase no bairro Manoel Ferreira acompanho um senhor de muletas, super gente boa e receptivo, mora lá a décadas e me convidou pra pescar numa outra vez. Quem sabe um dia!!!
À noite eu iria trabalhar ainda, mas que nada de cansaço e sim um reanimo na vida. Embarquei rumo a Estação Estudantes no ônibus das 14h35! Nem sempre pode-se atrair pessoas sendo o que se é. Daí preferem acompanhar as tendências de uma sociedade doente. Daí optam por se anularem para agradar outrem. Eu mesmo só faço a minha, não me iludo com o que venha a dar certo, até porque também distorço os valores. Ah sei lá, as vezes escrevo nada com nada mesmo, que nem tem a ver com o rolê em si rs.
Salve salve! Segue um breve diário da minha ida ao Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais. Deixarei, antes, algumas informações referentes ao parque, de como chegar, alguns custos, etc.
Janela do Céu, cartão postal do Parque
Situado no sul de MG, no Arraiá Conceição do Ibitipoca, o Parque Estadual do Ibitipoca abrange uma área de 1.488 hectares e foi criado no ano de 1973 (Lei Estadual nº 6.126 de 4 de julho de 1973).Nesta reserva concentra-se incríveis belezas naturais, que com caminhadas em trilhas bem cuidadas e sinalizadas se chega em cachoeiras, grutas*, picos, lagos e além da famosíssima janela do céu. Portanto, cabe em variados gostos. Coube no meu perfeitamente. Compensando todo o trajeto a se fazer e todo o gasto tido, que mostrarei abaixo.
Ingresso para Visitante(Por pessoa) Dias úteis R$ 20,00
Ingresso para visitantes (Por pessoa) Sábado, domingo e feriados nacionais e/ou estaduais do Estado de Minas Gerais, considerando seus dias intercalados. R$ 25,00
Estacionamento de veículos (Diária)
Bicicletas - Isento
Motocicletas - R$ 20,00
Veículos de passeio (para até 7 pessoas) *van, micro-ônibus, ônibus, caminhão e outros
R$ 25,00
Veículos de passeio (para MAIS de 7 pessoas) *van, micro-ônibus, ônibus, caminhão e outros R$ 65,00
Uso de infraestruturas (Diária):
Camping por pessoa independente do dia da semana
R$ 60,00 *A gruta constitui uma cavidade natural resultante geralmente do contato com agentes físicos e químicos. As grutas existentes no Parque do Ibitipoca são Quartzíticas, constituídas através da erosão fluvial de muitos anos atrás.
Como cheguei:
Saindo do Terminal Rodoviário Tietê em São Paulo, embarquei no ônibus Juiz de Fora pela viação cometa, preço da ida R$ 119,20. De juiz de fora peguei o ônibus para Lima Duarte (R$ 17,20). Já de Lima Duarte eu teria que ir no ônibus Ibitipoca (R$ 17,00), porém devido o horário restrito da linha, tive que pegar carona e foi tudo tranquilo.
Ida:
SP x JF - 21:30 x 05:00
JF x LD - 06:00 x 07:15 - Viação Bassamar: (32) 3215-1109
LD x Ibiti - carona
Volta:
Ibiti x LD - 08:00 x 09:40
LD x JF - 10:30 x 11:45
JF x SP - 12:30 x 20:30
obs: os preços são referência de julho de 2018
Outras opções:
Para se chegar ao Parque Estadual do Ibitipoca a partir do município de Belo Horizonte, o acesso é feito na direção de Juiz de Fora pela BR-040. Antes da chegada à referida cidade, entra-se no trevo de acesso (BR-267), prosseguindo em direção a Lima Duarte. Para chegar ao distrito de Conceição de Ibitipoca são 27 km de estrada de chão e mais 3 km até a portaria do Parque. Para se chegar ao PEIB, os meios de transporte comumente utilizados são o automóvel, em sua maioria (75%) e 20% de ônibus (Plano Diretor de Organização Territorial e Desenvolvimento do Turismo em Conceição do Ibitipoca, 2000). Ao se locomover com o automóvel, o visitante tem a disponibilidade de, inclusive, estacioná-lo dentro do Parque.
Já o deslocamento feito por ônibus, leva o visitante até Lima Duarte, e daí até Conceição do Ibitipoca, sendo necessário que este se desloque por mais 3 km até o Parque em veículo locado. O trajeto que vai de Lima Duarte a Ibitipoca leva, em média, 1h15m.
O Parque está localizado a 80 km de Juiz de Fora, 260 km do Rio de Janeiro, 340 km de Belo Horizonte e 470 km de São Paulo
(...)Aspectos naturais O Parque Estadual do Ibitipoca situa-se no domínio fitogeográfico da Floresta Atlântica. Inserida em meio à Cordilheira da Mantiqueira, em sentido paralelo a Serra do Mar, a Serra do Ibitipoca constitui-se em uma elevação rochosa com altitudes variando entre 1.100 e 1.782 m, onde predominam vegetações campestres denominadas, genericamente, por campos de altitude. Seus campos apresentam fisionomia com semelhanças aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, em Minas Gerais e Bahia, mas sua flora recebe forte influência de elementos da Floresta Atlântica. (...)
Eram 07h15 da manhã quando cheguei em Lima Duarte, e já sabendo que o ônibus para Conceição de Ibitipoca já havia saído - o mesmo tem dois horários por dia, das 06h15 e das 15h15 - eu não ia ficar esperando o da tarde, a principio até pensei em fazer um tempo por Lima Duarte, mas o cobrador do ônibus me indicou que talvez eu conseguiria uma carona para o arraiá tranquilamente. Assim, desci no local indicado, e andei até uma ponte onde existe quase a obrigatoriedade de frear um pouco e já é a deixa. Um rapaz desceu do mesmo ônibus antes de mim e foi para o mesmo local, mas eu acabei chegando primeiro e lá ficamos pedindo uma carona. O rapaz se chama Ronaldo, ali começamos a trocar uma ideia até que em menos de 20 minutos conseguimos uma carona, porém não ia até Conceição só que nos deixaria faltando 4 km, então entramos na caminhonete pick up (picape). O rapaz da carona trabalha na empresa que detêm as terras ao redor do parque e disse ele que o parque em comparação à essas terras é minusculo, e que foi esse dono da empresa que vendeu as terras para o parque. Bom, até então não sei a veracidade disso, o fato é que ele conhecia bem a região ao tratar do projetos nas estradas, climas, etc. Ou também ele não quis falar que a Igreja Católica era proprietária de tudo.
Descemos, altamente agradecidos por esta carona, e então nos pusemos a andar o restante até o arraiá. Puxa, foi questão de 10 minutos que notamos a necessidade de pedir outra carona, a subida tava bem íngreme e conforme íamos conversando o folego acabava. Ronaldo é de Juiz de Fora e estava em Conceição do Ibitipoca à trabalho, pois faz um belo trabalho com madeiras e decoração de estabelecimentos, no caso estava trabalhando numa tabacaria. Passou um carro de passeio e nada, o próximo carro que vinha era uma saveiro, indicamos o sinal de carona e o moço que dirigia parou e disse < vocês vão ai atrás, mas agachados pra eu não tomar multa com o carro do serviço>. Opa, lógico. E assim ele nos deixou na entrada do distrito. Agradecidos mais uma vez, continuamos a caminhada. Ronaldo parou pra tomar um café no Ibitipão, já eu segui direto sentido parque, que estava uns 3 km dali, pois queria aproveitar o dia ainda e tentar chegar antes das 10h00.
Caminhei por mais 3km até a entrada do parque, sobre o caminho não se tem complicações, é apenas seguir pela estrada parque ibitipoca (link). Ao chegar na entrada do parque, apos ter enfrentado uma subida consideravelmente íngreme, me apresentei com o RG e informei o interesse em acampar. Então já paguei as três diárias, colhi algumas informações básicas e segui rumo ao local de acampamento, distante dali 1,5 km. Passei pela central de visitantes, mas estava fechada devido uma reunião com os bombeiros.
11:00 da manhã já se passava quando montei minha barraca, portanto, ainda tinha metade do dia para curtir parte do parque. Vale lembrar que existe um limite de horário para inicio das trilhas de acordo com a distância e dificuldade de cada circuito. (Não sei se é levado a risca). Existem três circuitos no parque: Janela do Céu, Pico do Pião, das Águas. Com base nisso escolhi parte do circuito das águas para visitar. Antes, passei pelo restaurante que se já tivesse servindo almoço eu iria almoçar, mas não estava, então pedi um lanche e segui rumo a trilha da cachoeira dos macacos pra na volta almoçar no coma à vontade por R$25,00. Foi minha opção por 3 dias no parque. Muito boa a comida e uma vista esplêndida enquanto se fazia as refeições.
*Os horários máximos para saída por circuitos são:
- Circuito Janela do Céu de 16km: 10h00;
- Circuito Pico do Pião de 11km: 12h00;
- Circuito das Águas de 5km: 15h00
Lembrando que as distâncias de cada circuito é de ida e volta.
Parti pra Cachoeira dos Macacos que faz parte do circuito das águas, apesar de não ser delimitado circuito por circuito, pois para ir ao pico do pião passa-se pelo mesmo caminho de parte do circuito das águas, assim como se tem acesso à Janela do Céu, mas é inegável a tamanha organização do Parque tendo suas trilhas totalmente autoguiadas e bem sinalizadas (mesmo com a possível negligência do Estado em investir nesse setor). Então não se faz necessário detalhar os caminhos aqui, nem andar com mapas ou guias.
Cerca de 1,5 km me separava da cachoeira dos macacos e assim iniciei a trilha por um terreno rochoso, à minha esquerda tinha o ribeirão do salto esbanjando beleza pela sua corredeira e pela cor de sua água bege ou avermelhada (devido a decomposição de matéria orgânica vegetal), vale lembrar que se parece com a Cachoeira Shangri-la de São Thomé das Letras que já tive a oportunidade de visitar. O paredão Santo Antonio também estava na esquerda da trilha e antes de chegar até a cachoeira passei por alguns atrativos como: A Ponte de Pedra, o Mirante do Gavião e Mirante da Cachoeira.
Quando cheguei na Cachoeira dos Macacos além de me encantar com o local me pus a dar um mergulho, já que o sol rachava de lindo e forte naquele dia. Mas bastou colocar as pernas na água que senti que não seria tão fácil assim permanecer ali. A água era tão gelada que as pernas formigavam e quase adormeciam. Nunca tinha entrado numa cachoeira tão gelada. Criei coragem para um mergulho rápido em seu poção, sem nem chegar perto da queda. E ali na beira fiquei contemplando a paisagem e lendo um livro, já para absorver de vez o clima do parque ao ver as águas do Rio do Salto continuarem seu fluxo.
Voltei pelo mesmo caminho e cheguei as 15:40 no restaurante. Me alimentei super bem e então fui pros preparativos do descanso.
Paredão e Rio à esq. da trilha
trecho da corredeira rio salto
Ponte de Pedra, vista do paredão
Cachoeira dos Macacos
2º dia no parque
Despertei bem cedo, era madrugada ainda, mas minha noite foi de preocupação. Pois é, após mais de dois meses de estiagem no parque eis que a chuva resolveu aparecer na minha primeira noite de camping. De fato não foi uma chuva pesadona, mas molhou um pouco em duas arestas da barraca. Mas fui secando das vezes que acordava em meio à noite e sob os pingos. Já às 06:00 da manhã não chovia mais, saí da barraca e fui pro banho. Li um livro até tomar o café da manhã às 08h00 no restaurante e segui rumo ao Pico do Pião, a neblina havia tomado todo o parque, mas assim segui rumo aos quase 5km até o cume.
Que manhã bela e leve, realmente não tinha nem como reclamar da chuva, já que com certeza foi ela a responsável pela leveza daquela atmosfera. E logo em breve pra me surpreender de vez, a neblina se foi e o tempo se abriu. Foi a partir de então que acredito que comecei a reparar realmente na beleza daquela reserva ambiental conservada após ter ficado um tempo sem vê-la. Parece que foi uma revelação perante a escuridão.
Em menos de uma hora já estava eu na bifurcação que leva à esquerda pra Janela do Céu e à direita foi o meu destino do dia. Ainda tinha uns 2km de trilha, trecho que agora seria mais íngreme e constante. Existem diversas grutas ao longo do caminho e as que têm permissão de entrada estão devidamente sinalizadas. (Gruta do Monjolinho, Gruta do Pião e Gruta dos Viajantes).
A caminhada estava agradabilíssima, a chuva da madrugada fez com que toda a visão se tornasse mais limpa e assim se concretizou quando alcancei o Pico do Pião um pouco depois das 10:00 horas. Imagina um cara deslumbrado com o mar de morros no horizonte. Praticamente 360º de vista, já que é o segundo ponto culminante do parque com 1720 metros de altitude. Lá em cima, o que seria uma capela em outros tempos, agora só restou fragmentos e serviu de apoio para que eu pudesse contemplar a paisagem mineira.
Para quem pensou que meu dia acabaria por aí sem maiores novidades, eis que na volta da trilha resolvo passar pelo Lago dos Espelhos, que faz parte do circuito das águas, porém eu não havia visitado no dia anterior, então foi a hora. Já estava no 500 metros finais pra chegar nos lagos, quando encontrei com uma moça que pediu para que eu tirasse fotos com minha máquina e enviasse para ela depois. O fato é que ela estava com o celular descarregado, pois tinha enfrentado longas caronas até chegar em Ibitipoca. Jamile estava em seu mochilão de férias percorrendo diversos estados do Brasil de carona e acomodação gratuita, gastava apenas com alimentação quando precisasse gastar. Realmente não é todos os dias que se encostra pessoas com essa disposição, e é algo que eu admiro muito. Não foi diferente com ela assim que pude ter contato com suas histórias dessa e de outras viagens. Além do mais de Salvador, Bahia. Show!!!
Nosso contato foi breve, um pouco mais de duas horas, mas mesmo assim fomos fazer o circuito das águas pela trilha de cima do paredão até chegar na Cachoeira dos Macacos e voltamos pelo lado da corredeira do salto. Passados 15h da tarde, eu fui almoçar e a Jamile seguiu rumo à cidade, pois ela iria pra São Thomé das Letras ainda. Muita disposição!!!
No Pico do Pião
recompensa da caminhada
opa, cheguei também
entrada gruta monjolinho
corredeira rio do salto
mirante cachoeira dos macacos
3º dia no parque
O desconforto dessa noite foi o extremo frio que fez. Minha nossa, todos os campistas concordaram comigo. Gelou de verdade, ainda bem que o saco de dormir segurou legal. Com relação ao rolê, esse seria o dia da famosidade e da caminhada mais longa. Atrativos de tirar o fôlego: mais grutas, cruzeiro, Lombada (ponto culminante do parque 1787 m.), Cachoeirinha e Janela do Céu.
Normalmente, a trilha se inicia próximo do centro de visitantes, porém fiz a travessia inversa, comecei pelo mesmo caminho que vai para o Pico do Pião. O motivo basicamente era poder voltar com o sol na direção de se pôr.
De fato achei mais fácil quando pude chegar na Cachoeirinha, eram 10h15, eu estava sozinho no local que resguarda raríssimo encantamento. O arco-iris um espetáculo à parte, a queda pouco volumosa, mas alta e linda. Aquela cor diferenciada e ao mesmo tempo límpida, contrastava com a vegetação apoiada nas rochas ao redor do pequeno poço. Muito convidativo para um banho se não fosse a característica gélida do seu líquido. Gostei tanto dessa cachoeira e desse momento que quase apostei comigo mesmo que a Janela do Céu não iria superar, se é que essa palavra cabe.
Andei mais 500 metros até a entrada pra Janela do Céu. O sol pipocava, mas nada demais já que eu estava me hidratando legal e comendo umas barras de cereais nas paradas que fiz. Cheguei primeiro também nesse atrativo, e deslumbrado procurei uma maneira de tirar fotos sem precisar entrar na água (realmente a experiência na Cachoeira dos Macacos me inibiu rs). A Janela do Céu dispensa comentários, é uma vista esplendida no topo de uma queda d'água onde a vegetação esculpiu a janela em si. Toda natural, bela e perigosa. Muita atenção!
Continuei a caminhada, e nesse momento passou na minha cabeça um arrependimento em ter feito o circuito ao contrário, pois ao sair da Janela do Céu, enfrentei uma pirambeira lascada. Alguns caminhantes desciam e já cansados perguntavam se estava chegando a janela, eu dizia que sim, logo bem próximo, enquanto eu subia de passos leves e pés no chão! Uma moça perguntou porque eu fiz ao contrário e eu respondi a questão do sol, mas assim, para o sol se pôr ainda faltava muito tempo rs. Então esse argumento não valia mais.
Bem próximo de chegar no ponto máximo do parque, a Lombada, aquele negócio de arrependimento sumiu logo, pois de fato eu teria apenas descidas a partir de então, e podendo apreciar todo o visual constante, limpo e totalizante daquela caminhada. No topo foi 360º a se perder na imensidão. O lugar é show!!!
Já no restaurante para almoçar, foi difícil disfarçar a felicidade e foi o momento de tomar algumas latinhas de cerveja para comemorar todas essas Ibiticaminhadas bem feitas e revigorantes em meio às terras de Ibitipocas!!!
Um dos parques mais visitados de Minas é muito bom, talvez algumas pessoas não curtam trilhas autoguiadas e também nos fins de semanas deve certamente lotar de gente. Algo que nos faz pensar no paradoxo de preservação e visitação turística e como relacionar isso com alguma forma sustentável, se é que há sustentabilidade nisso. Porém é inegável que é necessário podermos ter acesso consciente à esses espaços, assim como é visível o potencial para pesquisas na área de Biologia, Espeleologia, Geologia, Geografia, etc.
Péde Natureza, até a próxima!!! Dicas gerais para prática de trilhas na natureza: