Chapada dos Guimarães - MT

Passeio realizado em 07-2011

Com alguns contratempos visitei o município Chapada dos Guimarães no Mato Grosso, como eu estava morando em Cuiabá ficou mais perto. Em Cuiabá fiquei um pouco mais de 2 meses, parece pouco tempo, mas foi esse lugar que me ajudou muito no sentido psicológico. É, eu fui pra Cuiabá praticamente como fuga de toda minha rotina de SP naquele tempo, confesso que fiz pouco planejamento pra ir, e menos ainda pra driblar aquela minha rotina perversa.

Fui pra Cuiabá apos ter largado 2 faculdades onde eu estudava simultaneamente, uma a distancia e outra presencial, ambas larguei no final do 1º semestre, pedi demissão do meu emprego, diga-se de passagem que era bom, mas como tinha perdido o controle da situação estive a ponto de explodir, de verdade.

Bom, é uma história relativamente longa que estou citando porque eu quero, mas de forma resumida... foi quando veio uma pergunta que fiz pra mim, Aonde você quer chegar? É preciso se vender pra aqueles caras que batem a palma da mão no seu ombro? Você realmente se imagina em tal lugar? Entre outras perguntas relacionadas a essas.

Lógico que não se pode esquecer o passado, nunca ou quase nunca, já dizia a frase "o que se conquista com a dor só se mantem com a dor" e eu sei bem o que eu e minha família passamos pra contornar uma situação nada favorável pra se viver. E contornamos, talvez hoje não temos nada que surpreenda mas temos vida, vida simples, vida feliz e triste, vida de altos e baixos... Quando fui pra MT talvez eu não tenha ido da forma que eu queria, ou melhor dizendo, com o objetivo que eu queria lutar pra alcançar,eu falo de sumir de vez andando por ai, a ponto de com certeza me encontrar. Cuiabá na minha cabeça traria qualidade de vida, pois pensei sendo a sub sede da Copa as oportunidades iriam aumentar, mas tava muito parado ainda, isso num geral era bom, mas pra mim naquele momento não.

  Chapada dos Guimarães -1º tentativa

Quando cheguei em Cuiabá fiquei boa parte do tempo procurando emprego, pois como não foi uma viagem planejada, não tinha grana suficiente pra conhecer tudo que eu queria. Nesse meio tempo já fazia alguns roteiros e me informava sobre lugares interessantes para ir, foi quando tive uma péssima noticia, o Parque da chapada estava interditado por tempo indeterminado, caralho aquilo realmente veio como um golpe duro, sem exageros. A Chapada dos Guimarães foi uma das coisas que mais me impulsionou pra mover de região e eu não conseguiria visitar suas principais atrações.

Mesmo assim, poucos dias depois, fui rumo a chapada, andei até a rodoviária e peguei o Buso direto que custava R$ 11,00, o ônibus já estava de motor ligado pra sair, no Guichê não aceitaram cartão paguei em cash, notei que tinha somente mais R$ 5,00 na carteira e pensei "vou ter que tirar dinheiro lá"...

Que viagem sensacional foi aquela, o lugar era fantástico, ainda mais quando chegou o paredão, paredão natural meio marrom clarinho, meio alaranjado com partes vermelhas. A viagem foi rápida um pouco mais de 60 km em um busão normal, daqueles tipo transporte público de cidade. Desci numa euforia indescritível e já muito feliz por estar ali, porem o ditado diz: "alegria de pobre dura pouco"... deixei pra sacar uma grana na Chapada dos Guimarães mas lá não tinha Banco Itau, nem aqueles 24 horas... eu não acreditei, pensei que era má vontade do povo, fiquei pensativo, pois na carteira não tinha nem a quantia pra voltar, de cara tava tudo cancelado, a solução que achei foi conversar com o motorista do mesmo buso que ainda tava na rodoviária e explicar a situação e isso eu fiz, mas antes eu tentei vários cambalachos, risos. Passei na farmácia, no posto de gasolina, nos mercados,  pedi pra eles passarem o cartão de débito e me dar em dinheiro, disse que eles poderiam cobrar taxas e tudo mais, ninguém aceitou.( tenho minha opinião sobre isso, prefiro nem citar...não quero ofender ninguém) afinal, o errado foi eu.

O motorista me ouviu mas com muito receio, pediu pra eu esperar no banco em frente ao guichê que talvez ia dar a carona, falou que eu podia, também, pedir pro próximo ônibus. Ele ligou o Ônibus, fechou a porta, deu duas aceleradas, ainda com o freio de mão engatado, abriu a porta e me chamou... "Você tem R$ 5,00 né?"' ele perguntou e depois afirmou, "Depois você me traz mais R$ 5,00, pega o ticket".

Ele falou meio desacreditado que eu voltaria para pagá-lo, mas no dia seguinte eu tava lá em tal horário e paguei, ele falou que nem imaginaria que eu ia voltar, eu pensei em não ir mesmo rsrs, já tava bravo com a situação e tinha que andar uns 5 km até a rodoviária.

Chapada dos Guimarães -2º tentativa

 A 2º e última vez que fui antes de voltar pra SP foi bem melhor, a minha intenção era voltar mais vezes e ir curtindo os atrativos de pouco a pouco, mas como não estiquei o tempo em Cuiabá consegui ir duas vezes.

Na caminhada fica difícil visitar tudo, aconselho alugar um carro quem puder, apesar de se conseguir carona fácil na estrada e eu consegui pra ir pro mirante do Ponto Geodésico da América Latina, o acesso ao mirante é gratuito e acredito que seja umas das únicas coisas gratuitas por lá, as cachoeiras em sua grande maioria são pagas, taxas pequenas é claro, comparada as que precisam de acompanhamento de monitor (caro).

O mirante é de tirar o fôlego, não pela caminhada pois peguei carona, foi pelo visual mesmo, coisa de louco, lugar belíssimo. Depois de um bom tempo por lá segui a caminhada sentido centro e depois de uns 5 km larguei a rodovia MT-251 para uma estrada que sai à direita, parei em um bar enchi a garrafa de água, comprei uma breja estupidamente gelada e pedi informações pra chegar na Cachoeira da Geladeira, o dono do bar falou que tava longe e que tinha mais uns 9 km, me passou as coordenadas pra chegar até o bairro Sol Nascente e lá eu teria que pedir mais informações.

Assim eu fui e quando cheguei no bairro pedi novas informações pra um senhor que tava sentado em sua cadeira em frente sua casa, ele foi bem cordial e me explicou com detalhes o que eu tinha que fazer pra chegar na cachoeira. Continuei a caminhada que apesar do sol escaldante tava bem agradável, ainda recebi a ligação de um amigo que tava em São Paulo, o Donizete, parece que ligou na hora certa e na euforia da viagem fui contando nos detalhes como tava a caminhada , viajar sozinho tem essa desvantagem de não poder comentar no momento com alguém, fica falando sozinho que nem louco rsrs.

Depois de quase 3 horas após o bar eu cheguei na cachoeira do Marimbondo, que tava fechado o acesso, chamei e bati palmas dai apareceu um moço, falei do meu rolê e ele disse que era normal abrir depois do horário, que me parece que era das 09:00h ás 15:00h. Paguei a taxa de R$ 6,00 e fui por uma trilhinha de 5 minutos até a cachoeira.

Naquele momento o que eu mais queria era um banhão de cachoeira, a queda é alta mas o volume de água tava fraco, que não fez muita diferença e não atrapalhou em nada aquela ducha regeneradora, onde a queda d'água serviu como uma boa massagem pras costas, aliviando todo o peso daquele ser humano pacato, que naquele momento estava exausto.

Fiz um bom tempo ali, pois dali iria voltar direto sem passar pela Geladeira, não queria andar a noite e nem perder o ultimo buso que voltaria para Cuiabá.

A volta

Já quase escurecendo passei pelo Senhor que estava na mesma cadeira só que dentro de seu quintal, eu agradeci e disse que consegui, ele falou " você caminha bem rapaz", nos despedimos e segui o mais rápido que pude ainda de passos leves e pés no chão, parei diversas vezes pra alongar as pernas e beber água. Passei por mais algum atrativo simples e se eu não me engano peguei o busão das 20 horas. Capotado na viagem não vi nada, dormi em 3 minutos.

Na rodoviária em Cuiabá estava eu, com um role muito louco feito, mas que não queria comemorar naquele momento, queria apenas tomar uma ducha e dormir mesmo, só que antes tinha uns km pra serem vencidos até casa.

Tem muita coisa linda pra se ver na Chapada eu só fui nos lugares mais simples e baratos, mas quem sabe eu dia eu volto pra lá.

é isso ae, agradeço a atenção. até +!

Video e fotos: