Marmelópolis é um município que está situado na Serra da Mantiqueira, sul das Minas Gerais. Fica bem próximo da região de Itajubá. Lá eu acampei no Camping e Pousada do Maeda, que, assim como toda a paisagem do local, é uma pessoa incrível, com vasta história no Montanhismo.
Aqui vou relatar um pouco de como foi esses quatro dias de viagem, sempre me locomovendo de ônibus ou a pé, passando por lugares magníficos, vivenciando aventuras na mata atlântica, cachoeiras, picos e trilhas!
Essa região por bem dizer era um sonho a ser realizado, na verdade a intenção foi sempre o Pico dos Marins (2420m), mas por uma questão de logística e de reconhecimento do local, preferi fazer o Pico do Marinzinho (2432m) e lá de cima poder avistar o Pico dos Marins bem ao lado. Sim, já o fitando pra uma futura caminhada...
"O que vocês diriam dessa coisa
Que não dá mais pé?
O que vocês fariam pra sair desta maré?
O que era sonho vira terra
Quem vai ser o primeiro a me responder?
Sair desta cidade ter a vida onde ela é
Subir novas montanhas diamantes procurar
No fim da estrada e da poeira
Um rio com seus frutos me alimentar"
Dia 1: Ônibus, esperas, ônibus, "Seu Maeda, vê se me escuta"...
Antes de mais nada, vale frisar que a citação da letra 'Saídas e Bandeiras' foi entendido por mim não como uma reverência aos bandeirantes, mas ao contrario, pois ao invés de entrada é saída. Não tenho a intenção de fazer o mesmo que a história "oficial" diz, que fica a cultuar e honrar esses bandidos assassinos.
Era um domingo de abril e embarquei às 07h00 sentido Itajubá, num ônibus da empresa Santa Cruz, que nesse horário tinha apenas o executivo. O custo foi de R$60,00. Esse busão deu um rolê considerável, fez umas três paradas, só vi a primeira que foi em Bragança Paulista. Nas outras paradas eu estava capotado no sono.
Deu meio dia, e cheguei na rodoviária de Itajubá, de lá era a vez de embarcar num ônibus pra Marmelópolis. No site dizia que de domingo só teria às 17h30 pela empresa São José, sendo que nos outros dias tinha o das 15h30. Mas foi isso mesmo, tive que esperar até as 17h30, mas sem erro, faz parte. Era sinal que eu teria mais tempo pra almoçar, ler um livro e por que não tomar umas brejas? Assim o tempo passou rápido. Sei que as 19h00 eu estava no centro de Marmelópolis, foi hora de estender o mapa e seguir rumo ao Maeda, no breu, uma escuridão na estrada. Lá fui eu.
Da igreja matriz, segui à direita passando pela pousada das flores. Com a lanterna do celular acessa, segui o caminho que começou com uma subida. O trajeto do centro de Marmelópolis até a pousada do Maeda tem em torno de 7km, estava um friozinho, mas logo tive que abandonar a blusa na mochila e secar o suor que escorria no rosto. O caminho que fiz vou deixar evidenciado na foto (27), quem tiver de carro têm placas indicativas desde o centro colocadas pelo seu Maeda. Na real, tudo que está sinalizado de pontos turísticos no Município foi ele quem fez, mostrando quem realmente promove o turismo na cidade.
Deu vinte minutos de caminhada e um susto! Em meio ao escuro fiz o gesto de olhar pra cima. Fiquei 'espantado' com a quantidade de estrelas que avistei no céu. Tinha muita estrela, não chegava a iluminar a estrada de terra, mas com certeza não daria pra contar de jeito nenhum. Estrela demais, uma baita noite linda.
Às 20h20, cheguei na pousada do Maeda e me deparei com as luzes apagadas. Tinha apenas uma luz ao fundo acessa e por isso me fez chamar e gritar por uns 40 minutos e nada. "Boa noite!!!", "É o Carlos que vai acampar", "Olha o portão, boa noite", "Seu Maeda vê se me escuta"... Gritava e nada.
Nesse momento eu percebi a bateria do celular acabando, desliguei por um momento e o escuro tomou conta, não dava pra ver nada. Eu já logo pensei, "Pronto, tô começando bem". Mas quando se está numa viagem, imprevistos podem acontecer e é necessário improvisar as vezes. Passei na pousada do Dijalma, que fica ao lado, mas parece que não tinha ninguém. O improviso foi a de montar a barraca por ali mesmo e dormir. Não dava pra acampar na frente do portão do Maeda, pois tinha muita formiga, que inclusive subiram nas minhas pernas e só fui perceber depois das dores. Então, para aproveitar o restante da bateria do celular, tirei as coisas da mochila e montei a barraca mais à frente... Foi aí que uma luz acendeu. Sim, era o seu Hideki Maeda no portão, "Esta hora, Carlos?"
Dei risada e expliquei o horário do busão, que até então no nosso contato por telefone pensávamos que sairia às 15h30 e então eu chegaria mais cedo. Como foi anoitecendo, ele pensou que era algum tipo de trote. Uma pessoa ir sozinha, na caminhada, e num domingo, realmente não é muito comum. O importante é que deu tudo certo nesse dia, ainda jantei e pude ser muito bem recepcionado pelos Maeda.
Quem diria que um vizinho pudesse ligar pro Maeda avisando que tinha gente gritando. Ufa, salvou!
Quem diria que um vizinho pudesse ligar pro Maeda avisando que tinha gente gritando. Ufa, salvou!
Dia 2: Pico do Marinzinho, bate-volta e autoguiado
Acordei bem cedo, um friozinho ainda pairava dentro da barraca, que estava bastante úmida na parte interna. O café da manhã estava marcado pras 07:00 horas e foi enquanto eu me alimentava que o seu Maeda deu as últimas informações, contou algumas de suas histórias no montanhismo, e disse que seria uma subida tranquila. Entregou-me um mapa e uma capa de chuva, item que eu havia esquecido de levar. Mostrei meu roteiro e os mapas que eu tinha em mãos e também alguns relatos sobre o Marinzinho e sua pousada. Ele leu tudo se mostrando bastante curioso ao que se tem disponível sobre sua pousada na internet.
Barraca e jardim do Maeda |
Araucárias e os picos |
Às 07h45, eu já estava com o pé na estrada, pronto pra um bate-volta 'Pico do Marinzinho x Camping Maeda'. A intenção era subir direto e na volta passar pela Pedra Montada.
Em 35 minutos, cheguei na cerca que delimitava a reserva particular (RPPN Terra da Pedra Montada), e a partir desse ponto não se passa carro nem moto. A trilha continuou ainda bem larga, mostrando que ali fora uma estrada, estrada essa criada a mando de um prefeito jipeiro pra chegar até a Pedra Montada. Hoje em dia está em desuso e tem trechos bem erodidos, mas parece que tem um projeto de asfaltar essa parte no sentido de facilitar o turismo local.
Por ora, quem alimenta a estrutura turística daquela região é o seu Maeda. E uma dica que dou: quem não tem muita experiência consegue fazer essa trilha. É só estar com a segurança básica, ter vontade e um certo condicionamento pra chegar no topo. De resto tá tudo muito bem sinalizado, sendo uma subida autoguiada. Tem trecho com cerca de arame farpado pra ninguém se perder, e as placas características e com o 'selo Maeda', estão por todo lado onde se é necessário informar a direção.
Peguei um tempo excelente, e isso fez com que a minha caminhada passasse voando. Não tem nada de andança monótona, foi tudo sempre com um visual esplendido à minha direita e na esquerda, depois de um tempo, eu conseguia avistar o meu destino do dia.
Depois que passei pelo trecho da Pedra Montada a trilha foi se fechando na mata, tudo estava bem demarcado, mas vira e mexe eu tinha que me agachar pra passar. Após menos de 2 horas cheguei ao mirante São Pedro, quem tem 2135 metros de altitude. Ali fiz uma parada pra comer algo, beber água e recompor as energias. Dali pro Marinzinho faltava 1 hora, sendo que o estilo da trilha mudaria um pouco, seria mais rocha e tendo que fazer escalaminhada.
A partir de então começou a ficar mais puxado, sorte que minha mochila tava leve, o que pesava mais eram os 4 litros de água que eu tava carregando. Com um clima agradável a caminhada ficava sussa, apenas tive que prestar bastante atenção em cada passo, assim diminuí o risco de qualquer tipo de acidente.
No geral, o silêncio da mata imperava. Quando os pássaros voavam, dava pra escutar o barulho das asas de muitos deles, pois passavam bem perto. Era uma segunda-feira e não encontrei um ser humano sequer na trilha, e nem quando eu estava já no topo do Marinzinho e admirando o Pico dos Marins, não vi ninguém subindo.
Faltando pouco pra chegar ao topo, o tempo fechou e todo o visual que eu tinha, nesse momento só via nuvens. Isso não atrapalhou minha navegação, pois as marcações eram constantes e também tinham cordas amarradas pra ajudar na escalaminhada em trechos mais difíceis.
E foi por volta das 11h35 que estacionei no topo do Marinzinho. Todo o esforço compensado, o tempo abria aos poucos e formava uma paisagem impressionante. O cenário mudava tão rapidamente que ficava até difícil captar tudo. Depois de uns vinte minutos, a situação se estabilizou e, por sorte minha, com uma visão aberta pra diversas cidades, o Pico do Itaguaré, o Pico dos Marins e outras montanhas mais ao fundo. Show!
Coloquei a blusa, pois ventava muito. Comi meu lanche e descansei um pouco. Lógico que tirei várias fotos, mas para além disso fiquei contemplando bastante a natureza para que eu pudesse carregar memórias assim como nas fotos...
Pra descer foi tranquilo, tive um escorregão que me deixou mais atento e não baixar a guarda na segurança. Exigiu mais dos joelhos, mas foi de boa.
Passei na Pedra Montada e foi onde vi o ponto de Água, que me pareceu ser o único da trilha. Lembrando que esse trecho da água também estava sinalizado.
Percebi que o ideal é subir pra ver o pôr e o nascer do sol, mas seria necessário acampar lá em cima. Então, que fique pra uma próxima rs.
Já na pousada do Maeda, caiu a ficha do rolê que eu fiz, fiquei bastante contente, tinha dado tudo certo até então, e parti direto pro banho. Deitei um pouco na barraca e as 19h00 era hora da janta.
Pensa numa janta farta, comida bem diversa, uma mistura de mineira com chinesa e japonesa. Foi cobrado o valor de R$30,00, já com refrigerante incluso, salada e frutas. O valor do camping com café R$40,00; sem o café é R$30,00 a diária.
Para informações sobre o Camping segue Contatos:
Os dias 3 e 4 da viagem deixarei pra próxima postagem. http://pedenatureza.blogspot.com.br/2017/05/cachoeira-dos-padres-e-cachoeira-santa.html
Até mais!
Dicas gerais para prática de trilhas na natureza:
https://pedenatureza.blogspot.com/2019/01/dicas-gerais-para-pratica-de-trilhas-na.html
Fotos:
Portal RPPN - Pedra Montada |
após passar pedra montada, o pico |
outro angulo do pico |
Mirante São Pedro (2135m) |
pronto pra subir |
na escalaminhada e olhei pra trás |
agora vai, o ataque |
cheguei no topo, sem visual |
vento e o tempo se abrindo |
muito vento |
nuvens que se foram e tbem ficaram |
bem loko |
o zoom na cidade |
o tempo abriu pra ver o Itaguaré |
depois da mudança de tempo |
as nuvens se dispersando |
tempo abriu pra ver o Marins |
Marins, nuvens e sombra |
Selfie e Itaguaré desfocado no fundo |
Marcações e a corda pra ajudar |
Descendo na volta e o Visual Itaguaré |
Flora local |
Na volta passei na Pedra Montada |
Do Centro pra Pousada |
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